O compromisso social com a formação da juventude
Cerca de 24% dos jovens brasileiros não trabalha nem estuda. A opinião mais apressada é a de que são vadios e inativos. A outra é a de que a sociedade não está sabendo motivar e oferecer a eles um inicio honroso de vida.
Despreparados e sem motivação, muitos não trabalham por falta de qualificação. Outros não seguram o seu posto porque a droga os controla. Não são confiáveis por causa do crack, da bebida ou da cocaína. E outros cresceram em ambiente que lhes oferece mais lucro se aderirem ao crime, ainda que ocasional. E há os que simplesmente não procuram, e quando procuram não gostam da atividade que sobrou para sua falta de escolaridade.
As raízes do mal estão na família, na escola que não os formam para o trabalho, e na própria comunidade onde se oferece droga, prostituição e violência como alternativa. O número é alto, de cada 100 jovens, pelo menos 25 estão inativos; e mais consomem do que produzem. E não faltam os que, para consumir se apossam dos bens alheios. Recentemente um rapaz, para financiar seu consumo de droga, depenou a casa da tia que fora de férias para Europa.
O rapaz tem curso superior. Três meses depois, quando voltou, ela se viu lesada em 60 mil reais que, para o desocupado usuário de crack, rendeu dois a três mil.
Denunciou-o e nada foi feito contra seu sobrinho. A sociedade não sabe o que fazer com um jovem desocupado usuário de crack e, por isso mesmo, transgressor e marginal.
Dilema na busca de soluções
Mães e pais se desesperam porque suas igrejas não conseguem chegar aos seus filhos; quando chegam eles rejeitam a ajuda. Os governos não têm suficientes postos para eles, quando têm, eles não preenchem os requisitos porque não cursaram a escola.
Sem família, igreja e governo que saibam oferecer trabalho e capacitação, e sem motivadores que também nem sempre sabem chegar a eles, um exercito de pregadores, funcionários públicos, psicólogos psiquiatras e assistentes sociais sentem-se de mãos atadas ante um problema fácil de comentar e difícil de solucionar. Cai na esfera da vontade.
Entre o filho que quer trabalhar e não acha trabalho e o que poderia, mais não quer nada com a disciplina, sofrem os pais que os puseram no mundo e são obrigados a ter em casa os dois, sem esperança de solução. Alguns se refugiam em igrejas que oferecem o milagre do emprego e da cura; milagre que nem sempre vem. Não vindo trocam, trocam de pregadores e assistente social. Acrescenta-se à dor dos pais mais esta cruz: o filho desempregado! Alguns, por falta de qualificação, outros pura e simplesmente por vadiagem. Nem todos são vítimas.
Em alguns casos é escolha. A moça que deixou o balcão de uma loja para se prostituir, disse aos pais que ganharia em dois dias o que ganhava em um mês atrás de um balcão. A resposta da mãe foi um dia inteiro de lágrimas. O pai engoliu em seco e calou-se por uma semana. Perguntaram onde foi que erraram.
Esqueceram de falar das revistas, das canções e da televisão que não poucas vezes enaltece a menina que se expõe e vende o corpo. A sociedade vê e não sabe o que fazer. Sobra para os pais que também não sabem como recuperar os filhos que dão como perdidos.
Padre Zezinho, CJ
Fonte: Jornal de Opinião
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