Domingo de Ramos

Semana Santa a caminho da vitória!

O domingo de Ramos abre as cortinas sobre a semana mais importante do ano: a Semana Santa. Primeiro porque o SANTO se oferece em Oblação e Holocausto, segundo porque junto com Ele, nós somos chamados também a viver no compasso da santidade e da conversão. Somos convidados a contemplar o sentido profundo da palavra PAIXÂO que não quer dizer apenas o SOFRIMENTO de Cristo, mas seu INFINITO AMOR APAIXONADO! Neste domingo a liturgia nos oferece dois Evangelhos: aquele da procissão, que esparrama alegria, acolhida festiva, cantos... e o Evangelho da Paixão. São como que duas caras da mesma moeda: triunfo e humilhação de Jesus se tornam VIDA. E assim acontece no nosso cotidiano: dor e amor, sol e noite, pecado e graça... E encontramos também duas Ceias a ceia de Betânia na casa de Simão e a Ceia pascal de Jesus e os apóstolos. Cear  é o símbolo da Nova e Eterna Aliança de Jesus e prelúdio da Ceia eterna no abraço do Amor sem fim. Bem gente: também não esqueçamos que a Semana Santa desemboca NA PÁSCOA!

Com a Palavra o Evangelho

A Paixão de Cristo segundo Mc 14,1-15,47 apresenta alguns personagens que de forma ou de outra optam por  Cristo. Simpatizei mais com estes do que com os adversários de Jesus porque estão mais perto de nossa fragilidade e nosso amor a Cristo. Vamos deixar que elas e eles falem para nós.

a) “Quando estava à mesa, chegou uma mulher com um vaso de alabastro cheio de perfume de nardo puro, muito caro. Ela quebrou o vaso e derramou o perfume na cabeça de Jesus” (Mc 14,3)

Esta mulher, anônima é a primeira pessoa que ama Jesus nesta Paixão; com sua ternura, afeto quer perfumar a cabeça de Jesus com nardo, um perfume especial da Índia, muito caro.

b) Pedro, o grande Pedro, ele mesmo gente! Renegou Jesus três vezes, e na terceira vez o galo cantou pela segunda vez. Lembrou-se  da palavra que Jesus lhe havia dito: "Antes que um galo cante duas vezes, três vezes me negarás. Caindo em si, ele começou a chorar".  (Mc 14, 30. 72).

Pobre do Pedro! Generoso que só vendo no início da Paixão! Pronto a morrer pelo Mestre e agora o trai na maior facilidade! Mas chora amargamente: arrependimento total, vergonha..

c) “Os soldados obrigaram certo Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz. Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, quer dizer, lugar do Calvário”(Mc 15,21).

Simão, talvez um agricultor conhecido pela comunidade cristã de Marcos, pai de Alexandre e Rufo. Foi meio que obrigado a levar a cruz! Mas, quem disse que no seu coração não tivesse compaixão por Jesus?

d) “Estavam também ali algumas mulheres, que olhavam de longe;  entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor  e de Joset, e Salomé.Elas haviam acompanhado e servido a Jesus quando ele  estava na Galiléia. Também muitas que tinham ido com Jesus a Jerusalém, estavam ali”.(Mc 15,40)

Mulheres quês seguiam e serviam a Jesus: discípulas e missionárias, corajosas, contra todo preconceito. Nada podem fazer, mas estão presentes! Presença que vale mais do que ações concretas, presença de amor.  Muitas vezes perante o sofrimento humano somente podemos estar presentes, ali, até sem falar!

e) “Então, José de Arimateia, membro respeitável do Conselho, que também esperava o reino de Deus, cheio de coragem, foi  à  Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos entregou o corpo a José.  José comprou um lençol de linho, desceu o corpo da cruz e o envolveu no lençol. Depois colocou-o num túmulo escavado na rocha,e rolou uma pedra à entrada do sepulcro”(Mc 15, 42-46).

José de Arimatéia, influente, homem do sinédrio, homem importante usa: a) coragem; b) a sua influência; c) a sua riqueza e seus bens para sepultar Jesus. Ensina-nos  a usar a autoridade e os  nossos bens para ajudar Jesus em cada pessoa que encontramos.

f) E, apenas para lembrar, há ainda outros personagens silenciosos como o desconhecido (Mc 14,13-16) que oferece sua casa para a ceia Pascal e o jovem (Mc 14,51-52) que foge nu. (Tudo indica ser o mesmo Marcos que escreve!)

O texto nos questiona (Flashes para meditar)

 A descida de Jesus: “Esvaziou-se... condição de escravo... humilhou-se.. até a morte de cruz..”(Fl 2, 6-8). É para meditar e contemplar este Jesus, que é o protagonista essencial deste evangelho da descida!

 A subida de Jesus: consequência da descida “obediente”: “o exaltou.. lhe deu um nome.. todo joelho se dobre..JC é o Senhor..” (Fl 2,9-11)

  Uma certeza: “A descida de um só no abismo da morte se transforma na subida de todos do mesmo abismo”  (Balthasar)

  Uma equação: Paixão: máximo sofrimento de Cristo= Paixão: máximo amor de Cristo. E nossa paixão por Cristo?

   Doeu mais, para Jesus, o beijo de Judas ou a coroa de espinhos? Responda rápido eh!

   Um grito: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mc 15,34; Salmo 21). Neste grito toda dor humana e divina de Jesus, mas, também o sofrimento, angustia  e carências humanas de todos os tempos. Também as suas e as minhas amigo\a

   A entrega do espírito: gesto de extrema ternura: “Jesus deu um corte grito e  expirou” (Mc 15,37). Não se trata só do último respiro de Cristo, mas, da entrega de seu Espírito.

   A mulher anônima tinha um coração que perfumava mais do que o seu nardo e se misturou com o perfume de Cristo. A mística do perfume: encher o mundo e a Igreja do perfume de Deus. Os Batizados devem ser “o bom perfume de Cristo” (2 Cor 2,15) contra o “perfume dos ímpios” (Salmo 140\141,5). Será que, por acaso, você nem cheira e nem fede?

   O Cireneu é cada um de nós, toda pessoa simples e humilde muitas vezes obrigada pela vida a carregar cruzes pesadas. Mas, uma coisa é carregar por obrigação outra por amor. Eu  creio que este homem depois do primeiro momento “forçado” deve ter  acolhido a cruz vendo o sofrimento do Inocente Jesus. Passou da obrigação ao amor. Isto deve acontecer conosco.

  Pedro é um mesmo um de nós! Pedro é,  hoje, cada homem e mulher de todo os tempos! Pedro está dentro de mim, de você... Mas o nosso coração é  Pedro ou... Pedra...?

O texto nos faz orar e viver

    ORAR. Experimente fazer uma peregrinação com Jesus a caminho do Calvário com os quatro evangelistas. A) Mt 26-27;B) Mc 14- 15; C) Lc 22-23; D) Jo 18-19. Várias “paixões” um mesmo amor. Mas entre no texto, sinta o que Jesus sentiu...  faça parte desta Via Sacra..  Sinta esta dor e amor!

     Bem que poderia quem sabe num momento de recolhimento seu, de silêncio interior, pegar um Crucifixo nas mãos e conversar com Ele, ou escutar- melhor!- o que Ele tem a lhe dizer. Sem pressa meu amigo\a! Faça isto nesta semana!

   VIVER. Ver, com os olhos da fé, em cada dor, em cada sofrimento humano, (inclusive o seu!) em cada notícia de sangue de guerra, morte, em cada dor interior, em cada doença e pecado  o rosto de Cristo sofredor.

    Gesto concreto? Pode fazer você também o Cirineu com alguém que precisa; pode quem sabe, ungir e perfumar Jesus no irmão (outro tipo de perfume, claro!): teu confrade, coirmã, teu filho \a, esposo, mulher... Ou prefere chorar como Pedro alguma traição... NOS BRAÇOS DE MARIA ou  no coração de um sacerdote?

Bom domingo de Ramos e boa Santa Semana Santa para todos(as)

Pe. Mario Guinzoni OSJ