sexta-feira, 27 de abril de 2012

Domingo do Bom Pastor – 49° dia mundial de oração pelas vocações.


Eu sou o bom pastor” – afirma Jesus neste domingo. Jesus, o pastor por excelência, é aquele que o próprio Deus pela boca dos profetas tinha prometido (Ez, 34, 11-31; Jr 3,15 etc.). Neste domingo somos chamados 
 a avaliar, diante de Cristo, nosso pastoreio como cristãos e como lideranças, e denunciar os mercenários, na escola, na política, na economia, na saúde, na justiça, na comunicação e em outros seguimentos da sociedade, que sufocam a vida, os ideais, a esperança.
Hoje também celebramos o 49° dia Mundial de Oração pelas Vocações, e o Papa convida-nos a refletir sobre o tema “As vocações, dom do amor de Deus”. Diz o papa: “Cada vocação específica nasce da iniciativa de Deus, é dom do amor de Deus! É Ele que realiza o primeiro passo, e não o faz por uma particular bondade que teria vislumbrado em nós, mas em virtude da presença do seu próprio amor “derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5, 5). Minha gente tem muito para refletir, orar e para se comprometer. Muita coragem e fé para todos (as)!  


O Evangelho nos fala: Jo 10,11-18
Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (v. 11)
Ao dizer “eu sou” Jesus se declara Deus. Lembrar o “Eu sou” do AT quando Javé apareceu a Moisés em Ex 3,6. 14. A tradução poderia ser o bom pastor e o “belo” pastor, pois, “καλός”  significa belo e também bom. A beleza que caracteriza o pastor que nos guia com firmeza é justamente sua bondade seu amor, ternura, o estar totalmente pronto a dar a vida. Exatamente como quando nós dizemos: “aquele cara é bom”! A imagem do bom pastor é encontrada já no AT, entre outros textos, em Zc. 12,10 e 13,7, que são profecias depois retomadas  e aplicadas a Jesus (Mt.26,31; Jo 19,37). Em João 10,11-15 a imagem é de um pastor salvador das ovelhas, pois, a característica principal do pastor é “dar a vida” pelas ovelhas e a salvação para humanidade inteira (Jo 3,17; 12,47). Jesus não somente dá a vida, mas a “depõe”: liberdade extrema de Cristo de sacrificar livremente a sua vida pelas ovelhas. João usa o mesmo verbo “depor” 5 vezes nestes poucos versículos para mostrar a importância e o grande amor do pastor pelas ovelhas.
“O mercenário, porém, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; o lobo rouba e dispersa as ovelhas. O mercenário, porém, foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas”. (v. 12-13)
O mercenário se caracteriza por 5 coisas: 1) não é pastor; 2) as ovelhas não são suas, não lhe pertencem; 3) abandona e sai correndo; 4) trabalha por dinheiro; 5) não se importa com as ovelhas. Nestes dois versículos é muito clara a figura de Judas que não tinha nenhum interesse pelos pobres “porque era ladrão” (12,6), ou seja, era mercenário.
“Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas”. (v. 14-15). 
A beleza - bondade do pastor é aqui expressa com o verbo conhecer (4 vezes!) = amar com imenso amor. Entre o pastor e as ovelhas se instaura um relacionamento íntimo de conhecimento e de comunhão de vida, o mesmo entre Jesus e o Pai! Lembrar também, para confirmar Jo 13,1 e 15,3.
“Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor”. (v. 16).
O pensamento do bom pastor vai às outras ovelhas que não fazem parte do redil, mas ele deve conduzi-las junto ao rebanho, porque esta é a sua missão, “dar a vida eterna” (v.28).
“O Pai me ama, porque dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai”. (v. 17-18).  
Jesus oferece a sua vida na adesão filial ao Pai, no “mandamento” que recebeu dele! Mas assim como ele tem o poder de depor a vida, tem também o poder de retomá-la; Duas vezes repete a palavra poder “έξουσίαν que significa liberdade, faculdade, capacidade, potestade, poder, autoridade. Este termo  é característico do NT, de forma especial em Atos.


A Palavra ilumina nossa vida
1) Todos nós queremos ser livres e não ovelhas que vão atrás de um pastor! Muito embora nos possa parecer um pouco estranho sermos comparados com um rebanho, esta imagem reflete a nossa CONDIÇÃO ESPIRITUAL INAPELÁVEL: sem meios de defesa e sem um guia que se revele um pastor verdadeiro, podemos ser arrebatados pelos “lobos”. Por falar em lobos: faça uma lista de lobos no mundo de hoje e até uma sua pessoal, afinal, é bom lembrar que cada um\a de nós tem lobos de “estimação” que criamos  bem dentro de nós. Ou se prefere faça uma lista de maus pastores que querem tomar conta de nossas consciências, costumes, sonhos....Mas, espera um pouco, você é um bom pastor\a?
2)Jesus é sem dúvida o único BOM PASTOR! Mas temos nesta liturgia, também um exemplo de Bom Pastor na pessoa de PEDRO com estas peculiaridades:

a)      Cheio de ES” (v. 8);
b)      Fala e age em “nome de Jesus” (v. 10) centrando a vida nele;
c)       Age com ousadia, coragem.
3) Somos FILHOS\AS DE DEUS!  E há um presente maior do que ser Filho (a) de Deus? Certamente não! É a nossa condição de filhos\as, pura gratuidade do amor de Deus ( I Jô 3,1) que nos torna, cada um\a de seu jeito e condição pastores de pessoas: filhos, esposo\a, membros da comunidade, companheiros de trabalho, na escola ou faculdade..Em qualquer lugar posso exercer a missão do pastoreio e do missionário\a: cuidando dos interesses de Jesus como filho e filha de Deus.
4) “VOCAÇÕES DOM DE AMOR DE DEUS”. É muito bom, neste domingo do Bom Pastor, refletir que somos objeto de amor de Deus em toda nossa caminhada vocacional e que Ele nos ama desde sempre sobretudo:
a) na vida;
b) no batismo;
c) na nossa vocação específica.
Um mergulho no amor de Deus para agradecer e assumir com mais garra o projeto dEle sobre nós.É uma forma concreta para ser “pastor-pastora” do nosso próprio coração. Mais um trecho da mensagem do papa:
“Amados irmãos e irmãs, é ao amor que devemos abrir a nossa vida; cada dia, Jesus Cristo chama-nos à perfeição do amor do Pai (cf. Mt 5, 48). Na realidade, a medida alta da vida cristã consiste em amar “como” Deus; trata-se de um amor que, no dom total de si, se manifesta fiel e fecundo. À prioresa do mosteiro de Segóvia, que fizera saber a São João da Cruz a pena que sentia pela dramática situação em que ele então se encontrava, este santo responde convidando-a a agir como Deus: “A única coisa que deve pensar é que tudo é predisposto por Deus; e onde não há amor, semeie amor e recolherá amor” (Epistolário, 26).
Orar e contemplar: o Salmo do Bom Pastor
“Senhor é meu pastor, nada me faltará. Em verdes prados ele me faz repousar. 

Conduz-me junto às águas refrescantes, restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome. Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso cajado são o meu amparo. Preparais para mim a mesa bem à vista de meus inimigos. Derramais o perfume sobre minha cabeça, e cálice transborda. A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias.”

Pergunte-se: o que eu fiz, o que estou fazendo, o que eu vou fazer para promover as vocações na Igreja?
Bom final de semana para todos e todas- Padre Mário Guinzoni OSJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário