Esta afirmação de Jesus, no Evangelho deste domingo (Jo. 15 1-8), é de verdade forte clara e consoladora. Forte pela potência que encerra de vida, possibilidades, pelos horizontes que nos descortina; clara, pois, não admite dúvidas que é só que Ele pode falar assim; consoladora, porque ela é sustento nos momentos difíceis, de fragilidades, fraquezas e nos infunde a coragem da fé. Meu amigo\a pense: sem Jesus nada mesmo consegue realizar, pois, neste caso, estaria fora da vontade de Deus e pense também que tudo, mas, tudo mesmo, pode realizar com Ele! Claro, tudo o que é vontade de Deus, amor, vida, santidade, justiça. São os frutos de que fala o Evangelho (v.2-5. 8). Bem, tem uma condição importante: precisa permanecer nele. E aqui está o miolo de tudo: a fidelidade pessoal a Jesus, estar com Ele, viver nele é o essencial! Irá perceber como se realizará mesmo o que Ele disse também no evangelho de hoje: "pedi o que quiserdes e vos será dado" (v.7). E a nossa mãe Maria (maio!)
que nos ensine tudo isso!
A mensagem do texto: Jo 15,1-8
"EU SOU A VIDEIRA VERDADEIRA"
(v. 1). João usa muitas vezes (duas no texto de hoje, Cfr v. 5) esta forma de se apresentar "Eu sou" com a qual Jesus se declara Deus, pois, liga Jesus a Deus no AT (Cfr."EU SOU" de Ex 3,14). A planta da videira é uma imagem vigorosa como o pão em Jo. 6,32.
"Todo ramo que em mim não dá fruto ELE o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais frutos ainda" (v.2). Este "Ele" é o Pai, Deus, o agricultor do mundo que corta os galhos que não dão frutos e poda no momento certo, pois, sabe - o agricultor - que se não podar a videira, ela, certamente torna-se estéril. Há 2 tipos de poda: a poda seca –galhos que ainda não tem brotos; e a poda verde- brotos sem frutos. A poda serve para que a seiva da videira chegue somente nos galhos produtivos. Deus age assim conosco.
"Vós já estais limpos por causa da PALAVRA que eu vos falei" (v.3). Aqui, Jesus diz que a sua Palavra tem o poder de purificar já que nela está presente Ele mesmo, ainda que em forma diferente da Eucaristia, e faz com que Ele nasça e permaneça em nós. A palavra ensina a mudar de vida.
"PERMANECEI EM MIM e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim" (v. 4). A palavra permanecer vem do grego "ménou"
e só neste texto aparece 8 vezes. O galho que somos nós deve permanecer, ou seja, gastar tempo com Jesus para dar frutos de vida= UNIDADE. Lembre que você eu já estamos nele e ele está em nós. Não precisa inventar nada, mas, mantê-lo em nós.
No v. 5 Jesus repete "eu sou a videira, vós os ramos" que aqui funciona como uma espécie de síntese de tudo o que foi falado acima, mas com um diferencial: sem Jesus "NADA PODEIS FAZER". E no versículo 6 repete a ideia de permanência. E o diferencial agora é que o ramo que não está unido a Jesus seca, será cortado e jogado fora, eliminado e queimado. Dois diferenciais "mais ou menos" não é?
Uma vez que permanecemos nele "pedi O QUE QUISERDES e vos será dado" (v. 7). Notar aquele "o que quiserdes" que se contrapõe ao nada do v. 5. Frisando de novo o permanecer, Jesus faz um claro convite insistente à fidelidade: o amor do Pai para com o Filho, o amor dos fieis para com Cristo e o amor do Filho para com o Pai são o mesmo amor. E isto é: glorificar o Pai, produzir frutos de discípulos verdadeiros. (Cfr. v 8).
A Palavra nos fala hoje
a)Videira e ramos são uma metáfora, tirada da vida agrícola da Palestina, e querem mostrar a vida profunda da graça que existe entre Jesus e aqueles que se entregam a Ele na Palavra, na Eucaristia, no Amor, no Testemunho, na Oração. Uma imagem esplêndida de unidade já usada por Paulo quando falava do corpo e dos membros (1 Cor 12,14-30; Ef 4, 15-16). O contexto é muito profundo e nos toca em cheio, pois, Jesus quer dizer sem rodeios que Ele é a videira e nós os ramos e que produzimos frutos de santidade na medida em que vivemos enxertados nele. E os frutos tem o sabor de três coisas:
amor coragem e liberdade. São sinais da linfa de Deus em nós. Não tem amor sem liberdade, nem liberdade sem coragem. É para contemplar, viver, agir!
Mas temos que destacar duas coisas muito sérias e importantes.
- A Videira e ramos formam uma única planta, única vida, uma única realidade: assim é nossa vida em Cristo. O que conta então é a SEIVA ,a vida misteriosa e sublime que existe entre nós e Jesus que se chama GRAÇA. Ela se alimenta de prática sacramental (sobretudo da Eucaristia), de escuta da Palavra, de intimidade orante, de empenho cristão, de partilha, de fé, sem fazer média com nenhuma estrutura humana ou seguimento da sociedade, pois exige coerência.
- A PODA. É inegável que ela existe ou vai existir ao longo da vida. A videira chora, a planta chora quando é podada e cortada dos ramos inúteis e danosos! Você, eu sentimos a dureza da poda que vem a nós de muitas formas: imprevistos, doenças, limitações e pecados, falhas as mais variadas que parecem acabar com tudo. Mas de repente, olhando para trás percebemos que o que nos fez sofrer foi uma bênção, uma nova oportunidade, um novo nascer ou ressuscitar!
b)Na primeira leitura (At 9,26-31) Paulo é - depois de um primeiro momento de desconcerto pela sua conversão - aceito pela comunidade e conta sua experiência a caminho de Damasco até chegar a "falar com firmeza o nome do Senhor" (v. 28) e ser logo perseguido pela mesma firmeza (v. 29), ser levado em seguida para Tarso (v. 30) por precaução e uma maior formação. Parece que não perdeu tempo! Isto mostra com clareza que permanecer em Cristo quer dizer PERMANECER NA COMUNIDADE e na unidade com os irmãos. Estar em Cristo = estar na comunidade!
c)A segunda leitura (1 Jo 3, 18-24) tem duas chaves de vida concreta para permanecer em Cristo e na Igreja: "Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade!" (v. 18), ou seja o AMOR DE FATO! E se depois perceber que tem lá as suas falhas e dificuldades não se apavore: "DEUS É MAIOR que o nosso coração e conhece todas as coisas, e se o nosso coração não nos acusa, temos CONFIANÇA diante de Deus" (v. 20- 21).
d) Mas atenção: a liturgia não quer hoje falar de amor abstrato, sonhador, sentimental. Jesus não foi sonhador falido! Fala de amor concreto como vimos na segunda leitura e de frutos (Evangelho) de discipulado amadurecidos na luta, no testemunho, na seriedade da vida cristã. Ser cristão não é sentimento: é compromisso comunitário, missionário, social e político pra valer! Tanto para lembrar, estamos no ano político, gente boa!
A Palavra nos ajuda a orar e viver
- Durante esta semana pode repetir muitas vezes em seu coração e nos lábios estes versículos:
"Sem Mim nada podeis fazer"
(Jo.15,5).
"Qualquer coisa que pedimos recebemos dele...porque fazemos o que é do seu agrado" (I Jo, 3,22).
"Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado" (Jo 15,7).
Rumine-os com a fé e a certeza que elas trazem, com a confiança, a força de Jesus; mas, também entenda que elas "funcionam" se durante a semana você permanece nele e faz o que é do Agrado de Deus= sua vontade.
- Olhe, contemple para MARIA neste mês de maio: ela produziu muitos frutos, se tornou verdadeira discípula de Jesus porque permaneceu nele e fez na vida o que agradava a Deus. Saboreie uma frase do Magnificat por dia em seu coração, (Lc. 1,46-55) e sentirá a presença dela em você.
Um bom final de semana para todos e todas
Padre Mário Guinzoni OSJ
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