sexta-feira, 20 de julho de 2012

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM- B

Ternura  e compaixão


Um domingo maravilhoso este! Vamos conhecer de perto, no Evangelho de hoje, a ternura e a compaixão de Jesus, que primeiro se preocupa com os doze e os convida para descansar um pouco e em seguida se compadece da multidão que “eram como ovelhas sem pastor”(Mc 6,30-34). Jesus é feito assim: com um coração divino-humano, o bom pastor que “reúne as ovelhas” (primeira leitura: Jer 23,1-5) e que “em prados de fresca relva nos faz descansar” (Salmo 22). E é bom lembrar que só Ele é “o pastor” que traz a paz, pois, “ele é nossa paz” (Segunda leitura: Ef 2, 13-18).
Evangelho: Mc 6,30-34. “Eram como ovelhas sem pastor”.
1)      O contexto.
No domingo passado Jesus tinha enviado os doze em missão. Lembra? Neste domingo os encontramos de volta, cansados contando as “façanhas” para Jesus. Este texto está incrustado entre “o banquete da morte” (Mc 6,14-29) de Herodes que manda matar sem piedade e por futilidades João Batista na prisão, e o banquete da vida (Mc 6, 35-44) de Jesus que multiplica os pães, que veremos no próximo domingo.
2)      Mensagem.
O pano de fundo é o povão sofrido como “ovelhas sem pastor” e o amor de Jesus.
O texto é um quadrinho especial de amizade, de vida, de amor de sensibilidade humana.  Consta de vários momentos. a) Um momento de partilha, reflexão, uma pausa no meio de um trabalho cansativo; b) um momento mágico de ternura e atenção carinhosa de Jesus, Mestre e pastor, para com os seus doze amigos que convida para irem ao deserto, para o descanso físico e espiritual; c) um momento para Jesus mostrar o seu segredo pastoral e missionário: a oração; d) lindo o momento do olhar de compaixão de Jesus sobre a multidão; e) e finalmente Jesus que não se contém e ensina muitas coisas ao povo faminto, sobretudo, do pão da Palavra.
“Os apóstolos”(v. 30): única passagem em Marcos  onde se dá aos doze este título!
O “lugar deserto” (v.31): é um “lugar bíblico e teológico”, lugar de contemplação, de experiência de Deus, lugar de mudanças e conversões. Um tempo para estar juntos até para descansar, recuperar forças, porque o povo era muito numeroso e nem tinham tempo para comer! (Cfr v. 3, 20. 31).
Muitas pessoas correram na frente a pé e chegaram antes deles...” (v 33). Como o povo a pé chegou antes de Jesus e dos apóstolos que estavam de barco? É uma “chegada” que simboliza um pouco a esperança, a luta do povo pobre, a fome de Deus e de vida e fome... mesmo!
“Viu... e teve compaixão” (v 34): Jesus primeiro vê com o coração e o amor e depois se comove. O ter compaixão traduz um verbo tipicamente feminino que pode ser traduzido ao pé da letra mais ou menos como “sentir-se mexer no ventre”; é um pouco o que se passa com a mãe que vê sua criança num instante de ternura e sente-se emocionada. De fato o verbo grego splanchnìzomai usado neste texto é aplicado a Jesus porque só Ele é capaz de  ser misericordioso em palavras e fatos. O substantivo splanchna corresponde ao hebraico rehamìm = entranhas, lugar dos  sentimentos, do amor e ternura materna.  Era isto que mais atraía em Jesus: sua misericórdia e compaixão. Jesus é o verdadeiro pastor procurado pelo povo e não Herodes que explora mata.
Marcos tem uma característica sua: tem muitos começos! Neste domingo observe que “Jesus começou a ensinar-lhes muitas coisas...”. Com certeza ensinava o Reino, - sempre novo!- mas seu ensinamento era, sobretudo, algo prático como de fato foi na continuação deste evangelho:  a partilha do pão!
Atualizando  a Palavra.
Pensando bem, todos (as) somos pastores ou pastoras, pois, temos responsabilidades na família, na escola, na catequese, nas pastorais, na sociedade... O Evangelho deste domingo nos oferece um itinerário pastoral que pode nos ajudar na nossa missão. Vejamos.

a)Saber entrar num processo de revisão, avaliação, de nossa caminhada com aqueles que compartilham conosco a missão evangelizadora, como os apóstolos que se reuniram com Jesus para partilhar acertos e fracassos: uma verdadeira comunhão de vida. Jesus ensina uma metodologia missionária eficaz: missão\ partilha\ parada de descanso! Jesus quer ação não ativismo.

b)Buscar tempos de silêncio, de oração e contemplação, de deserto para se confrontar com a Palavra com as atitudes de Jesus, com a caminhada da Igreja da minha vida, comunidade, família... (Cfr. Os 2). Missão requer oração! Sempre!

d) O agente de pastoral cansa também hoje! Saber parar e descansar de forma planejada faz parte também de um projeto pastoral “holístico”. Ação sim, mas, ativismo exagerado não leva a lugar nenhum e nunca mostra o rosto do Pai! Ativismo: um grande inimigo!

e)Ter a capacidade de comover-se perante as “fomes” do mundo e procurar dar respostas e matar estas fomes é a atitude necessária em todas as latitudes e longitudes... É na alegria, mas, sobretudo, nos cansaços do povo, nos momentos de desespero, de grandes ou pequenos desconcertos humanos que o pastor (a) deve marcar presença e fazer sentir o carinho de Deus. A compaixão é um tesouro que deve ser conservado todos os tempos e como precisa hoje no mundo egoísta em que vivemos! Pergunte-se: que quer dizer ter compaixão para você, hoje?

f) Sempre lembrar que o pastor é sempre Ele! (Primeira leitura e salmo). E JC é o Pastor encarnado, o mestre em pastoreio que por “meio da cruz destruiu a inimizade” “criando um só homem novo” entre Judeus, pagãos... e nós! (Cfr. Segunda leitura).

Para orar – contemplar
a) O Salmo 22(23), Salmo responsorial, do bom pastor, pode nos acompanhar durante a semana: a nossa segurnça e confiança ilimitada está em Deus, que cuida de cada um como um pastor as suas ovelhas. Com Deus podemos superar as situações mais difíceis.
b)Confira e medite no Evangelho de Marcos o emprego do verbo compadecer-se relacionado a Jesus em outros textos: 1,41; 8,2, 9,22, sempre mostrando a atitude do Bom pastor diante do sofrimento e da exclusão. E confronte também no AT: Nm 27,17; I Rs 22,17; Ez 34,5.

Lembrete para os pastores(as):
se você diminui o passo eles param de uma vez; se você parar, eles recuam; se você se sentar eles deitam; se você tiver dúvidas eles entram em pânico. Mas se você caminha, eles poderão ir à tua frente; se você lhes der a mão eles lhe darão toda confiança e se você rezar eles serão santos! (Ensinamentos dos escoteiros).

Bom final de semana para todos e todas. 
Avisamos que nos próximos dois domingos não será possível enviar a reflexão da liturgia . 
Obrigado.
Padre Mário Guinzoni OSJ

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