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DOMINGO DO TEMPO COMUM - B
Na vida caminha quem come deste
Pão...
(Dia dos pais e semana da Família)
“Levanta-te e come! Ainda tens um
caminho longo a percorrer” (1
Rs19,5) é o que o anjo falou ao profeta Elias. Nós, mais do que ele, temos
muito caminho a percorrer para o nosso monte Horeb da santidade. Mas temos o “Pão da Vida” (Jo 6,48) para nos
sustentar na longa caminhada e viver desde já “eternamente” (Jo 6,51), ou seja: “viver no amor” (Ef 5,2), “não
contristar o Espírito” (Ef 4,30), ser “imitadores
de Deus” (Ef 5,1) e “bendizer o
Senhor Deus em todo o tempo” (Sl 33) não tanto com as palavras, quanto com
a vida. Um programa intenso para viver na vida toda, e, sobretudo, hoje, no
coração dos pais e das famílias!
O que diz o Evangelho: Jo 6,41-51
“Os judeus começaram a murmurar a respeito de Jesus” (v. 41)
A murmuração acontece por trás (como
sempre!) e lembra as murmurações do Êxodo (Ex 14,11-12; 15,24; 17,3). A Aliança
do Sinai teve sua rejeição e a Nova Aliança também é marcada pela mesma rejeição
que levará Jesus a morte.
“Não é este Jesus o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe?
Como pode então dizer que desceu do céu?”(v. 42)
Como em Lc 4,22 Jesus é chamado filho
de José e parece num tom um pouco de desprezo como dizer: “afinal o que Ele
pretende ser não é que o filho de José e conhecemos sua mãe e agora pretende
dizer que desceu do Céu?” A família de Jesus impede de acolher o que Jesus diz
sobre suas origens divinas.
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o
ressuscitarei no último dia” (v. 44).
Mas Jesus não se atemoriza! Continua
firme e agora fala do Pai do Céu (v. 44-46). Na ação de Jesus em primeiro lugar
opera o Pai e tem sempre em sua missão a iniciativa e o chamado do Pai (Cfr:
5,17; 4,23; I Jo 4,19). Cita até nestes versículos Is 54,13, pois, a vinda de
Cristo leva a uma iluminação interior dos discípulos que vão a ele porque
escutam sua Palavra. Ser discípulo\a é escutar o Pai e, por tabela, escutar Jesus.
“Em verdade, em verdade vos digo, quem crê, possui a vida eterna” (v.
47)
Literalmente o Amen amen= declaração
solene e decisiva. A humanidade recebe a vida somente pela fé em JC e por isso,
enquanto doa vida, Jesus é o pão da vida.
“Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis
aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá” (v. 49-50).
É bom lembrar que o maná fica sempre
de pano de fundo neste discurso de Jesus e dá realce à sua mensagem. Com o maná
teve a morte com o Pão da vida tem ao contrário a vida eterna. A comparação é
simples, clara e forte.
“Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá
eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”
(v. 51).
Jesus
mostra claramente de que forma é o Pão da Vida: pela sua carne doada a nós.
Carne pela Bíblia é sinal de fragilidade da pessoa humana votada à morte. A
carne de Jesus é princípio de comunhão. Lembrar “se fez carne” em Jo 1,14 e Gn 2,23: “É osso dos meus ossos, carne da minha carne”. A origem é comum
entre Jesus e a humanidade e se unido a nós Jesus se torna pão, alimento de
vida, salvação e amor para o mundo (Mc 14,24; Mt 26,28). Carne e pão são
frágeis, mas elos de comunhão e vida.
A Palavra ilumina nossa vida
1)Há como
que um fio de luz que une as leituras neste domingo. Como não ver em Elias um
reflexo de nossa vida? Cansados pela caminhada, pelas lutas, por insucessos,
por fracassos e até pecados, como ele, sentamos e ficamos “desanimados” e já
dissemos muitas vezes: “chega” “basta”! Quantos desertos e juníperos em nossa
vida já nos viram sentar e quase deixar a peteca cair! Paulo fala mais claro em
sua carta, e nos lembra de que acabamos muitas vezes para “contristar o Espírito Santo” (Ef 4,30) com nossos pecados e
mesquinharias: “amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias [...] como
toda espécie de maldade”
(v. 31). Sentimos-nos impotentes, incapazes,
sem forças e sem vontade de lutar como Elias em fuga! Esta é a nossa
experiência comum humano-cristã
2)
Eis porém.. Sempre há um “porém”, mas, este é “porém” bom. Eis que Elias recebe
o toque de Deus que lhe diz: “levanta-te
e come” e por duas vezes! (v. 6-7). O esperava uma longa caminhada e por
quarenta dias e quarenta noites (= caminhada da fé!). Nosso Horeb nos espera e
para nós também há o toque do Deus-Jesus
com o seu o pão da vida que dá uma recarga total que vale para a vida
eterna que começa já aqui. Receber Jesus na Eucaristia é já possuir esta vida,
mas, ainda não completamente. É um penhor, uma garantia e certeza daquela
futura. Comer a carne de Jesus é assimilar Jesus em nós sua divindade seu amor,
sua vida, ideais de servir Jesus nos pobres, nos pequenos, famintos e
injustiçados, pois, queremos pão material e Pão de Vida para todos!
3)
Bem claro, isto não acontece por um toque de mágica e exige nossa
contrapartida. E Paulo de novo nos admoesta em Efésios: “Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos
mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo. Sede imitadores de Deus,
como filhos que ele ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si
mesmo a Deus por nós, em oblação e sacrifício de suave odor”.(4, 32-5,1-2).Caminhar e amar são sinônimos, e amar é
perdoar é ser compassivo, imitador de Deus.. Numa palavra: VIVER NO AMOR! Resume tudo: entrega de oblação perfumada! O
amor é o perfume inventado por Deus! Se alguém se habilita a inventar outro
perfume melhor, para o mundo, que se apresente!
A Palavra nos ajuda a orar...
Neste domingo o Salmo 33 é muito
lindo e nos convida a “provar” Deus, fazer a experiência dele, saborear
a suavidade do Senhor. É para orar o salmo com o coração (=dentro) não
com os lábios apenas! Coração de hebreu orante. OK? Então experimente você
mesmo:
“PROVAI
E VEDE QUÃO SUAVE É O SENHOR”.
....e a viver o dia
dos Pais e a Semana da Família!
a)
Parabéns
a todos os PAIS! O convite,
para vocês, vem mais uma vez de Paulo: “Sede
imitadores de Deus, como filhos que ele ama” (Ef 5,1). Toda paternidade e amor vêm de Deus!
Este é o Ideal que todo Pai deve ter no coração!
b)
Semana
da família: A FAMÍLIA: O TRABALHO E
FESTA! Espelhar-se na Sagrada Família no Evangelho de hoje: “Não é este Jesus o filho de José? Não
conhecemos seu pai e sua mãe?” (Jo 6,42) e perguntar-se como vivemos a
espiritualidade em nosso lar, se como pais, somos educadores e catequistas dos
filhos e como é vivida a missionariedade
familiar na sociedade e a promoção e defesa da vida. É uma oportunidade para
parar um pouco e avaliar a caminhada. Talvez, também sua família tenha ainda “um caminho longo a percorrer”(1 Rs 19,7)!
Sem medo: com Jesus, o Pão da Vida se chega lá!
Boa semana para todos\as - Padre
Mário Guinzoni OSJ-
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