Com a memória de Santo Afonso Maria de Ligório, CSsR, Doutor da Igreja e fundador das Congregações Redentoristas, iniciamos o mês de agosto, que é um mês eminentemente VOCACIONAL.
Qual é a primordial vocação dos
cristãos? A primordial vocação dos cristãos é a SANTIDADE BASTISMAL. E esta
santidade se vive na “vocação ao discipulado missionário… na comunhão em sua
Igreja” (DGAEB n. 48).
Assim, nos dias de agosto, vamos
celebrando as vocações que a Igreja, Mãe e Mestra, nos oferece.
No dia 4 de agosto celebramos a
vocação ao ministério consagrado, com a memória de São João Maria Vianney,
padroeiro dos párocos, portanto, de todos os sacerdotes seculares que dedicam a
sua vida ao atendimento do povo santo de Deus.
O Servo de Deus João Paulo II, de
saudosa memória, em seu rico magistério pontifício, ensina que “Os presbíteros
são, na Igreja e para a Igreja, uma representação sacramental de Jesus Cristo,
Cabeça e Pastor. Proclamam Sua palavra com autoridade, repetem os seus gestos
de perdão e oferta de salvação, nomeadamente com o Batismo, a Penitência e a
Eucaristia. Exercitam a sua amável solicitude, até ao dom total de si mesmos,
pelo rebanho que reúnem na unidade e conduzem ao Pai por meio de Cristo no
Espírito. Numa palavra, os presbíteros existem e agem para o anúncio do
Evangelho ao mundo e para a edificação da Igreja em nome e na pessoa de Cristo,
Cabeça e Pastor” (PASTORES DABO VOBIS, nº 15). Continua, ainda, o Pontífice
exortando que “é, portanto, servidor da Igreja mistério, porque atuam os sinais
eclesiais e sacramentais da presença de Cristo ressuscitado. É servidor da
Igreja comunhão, porque – unido ao Bispo e em estreita relação com o
presbitério – constrói a unidade da comunidade eclesial na harmonia das
diferentes vocações, carismas e serviços. É finalmente servidor da Igreja
missão porque faz com que a comunidade se torne anunciadora e testemunha do
Evangelho” (PASTORES DABO VOBIS, nº 16).
Caminhando, pelos prados de agosto,
a 10 de agosto, celebraremos o Dia dos Pais.
Num mundo tão conturbado como o
nosso, é necessário realçar a vocação para a paternidade.
A Igreja conclama as novas
gerações, particularmente, aos jovens, para a sacralidade da missão paterna,
que deve ser vivida e incentivada dentro do casamento. Ao elevar a Deus as
nossas preces pelos nossos pais, queremos suplicar por famílias cujos valores
sejam conforme os do Evangelho da Vida, com o compromisso de educação religiosa
de seus filhos, como nos adverte os bispos brasileiros: “Por isso, os pais têm
o dever de transmitir a fé e dar testemunho do amor a Jesus Cristo e à Igreja,
para seus filhos, na qualidade de primeiros catequistas. A espiritualidade
conjugal e familiar se expressa na oração em família, na participação na
Eucaristia dominical e na dedicação aos serviços pastorais da comunidade. Os
pilares da vida e espiritualidade familiar são o diálogo, o afeto, o perdão e a
oração, que são expressões do amor conjugal e familiar. Pela graça do batismo e
do sacramento do matrimônio, pais e filhos se santificam no cotidiano” (DGAEB
n. 130).
No terceiro domingo de agosto,
este ano, Solenidade da Assunção de Nossa Senhora aos céus, celebraremos também
a vocação à vida religiosa consagrada. Os religiosos e religiosas, leigos e
sacerdotes, são convidados a darem o testemunho da santidade de vida e de
estado, pela assunção dos votos sagrados da obediência, pobreza e castidade, no
anúncio do Reino de Deus entre os homens. “A Igreja conta com a variedade e o
dinamismo dos carismas da Vida Consagrada na realização de sua missão
evangelizadora. Os religiosos e as religiosas, a partir de seus carismas, são
convidados a colaborarem com as Igrejas particulares para formar
discípulos-missionários” (DGAEB n. 97).
No dia 24 de agosto,
especificamente, somos chamados a refletir sobre a vocação dos leigos e a
fundamental inserção destes na vida eclesial, como protagonistas dos trabalhos
apostólicos e pastorais de nossa Igreja. Por isso, domingo a domingo, os fiéis
são chamados a atualizar os mistérios do Senhor pela participação afetiva e
efetiva na Santa Missa. Os fiéis são chamados a se matricularem na estrada de
uma catequese de caráter mistagógico, que os levem a penetrar cada vez mais nos
mistérios celebrados. Assim, a vocação universal da Igreja para a santidade se
planifica na vida santa dos fiéis que, dentre outras formas de espiritualidade,
são convidados a participarem da oração comunitária da Igreja, da celebração da
Palavra, das Horas Santas, das Ladainhas, da prática da oração do Ângelus, da
meditação da Via-sacra e do Rosário, entre outras expressões de
espiritualidade.
Que os nossos leigos sejam
valorizados na inserção nas diversas pastorais e movimentos da Igreja. Os
leigos, grande força e vitalidade da Igreja, têm um papel fundamental na vida
da Igreja. Dos leigos brotam todas as vocações. Por isso, somos todos chamados
a um encontro pessoal com Jesus Cristo, manancial de bênção de graças, que nos
traz muitas felicidades, impulsionando o fiel batizado a proclamar e promover o
Reino da Vida na dimensão pessoal, familiar, social e cultural.
É por isso que, todas as vocações
que celebramos, somos chamados, com renovado empenho missionário, a promover
cinco passos fundamentais de pertença ao Reino de Deus, como discípulos-missionários
de Jesus Cristo:
1 – O Encontro com Jesus Cristo,
através do querigma, fio condutor de um processo que culmina na maturidade do
discípulo, renovado constantemente pelo testemunho pessoal, pelo anúncio da
mensagem cristã e pela ação missionária da comunidade;
2 – A Conversão, resposta inicial
de quem crê em Jesus Cristo e busca segui-lo constantemente;
3 – O Discipulado, como
amadurecimento constante no conhecimento, amor e seguimento de Jesus Mestre,
quando também se aprofunda o mistério de sua pessoa, de seu exemplo e de sua
doutrina, graças à catequese permanente e à vida sacramental;
4 – A Comunhão: não pode existir
vida cristã fora da comunidade: nas famílias, nas paróquias, nas comunidades de
vida consagrada, nas comunidades de base, nas outras pequenas comunidades e
movimentos, tal como acontecia entre os primeiros cristãos.
5 – A Missão que nasce do impulso
de compartilhar a própria experiência de salvação com outros, de plenitude e de
alegria feita com Jesus Cristo. A missão deve acompanhar todo o processo,
embora diversamente, conforme a própria vocação e o grau de amadurecimento
humano e cristão de cada um, tendo Maria como modelo perfeito do discípulo
missionário (DGAS n. 92).
Toda vocação na Igreja é
missionária.
Somos convidados e convocados a
ser discípulos-missionários. Contudo, o nosso trabalho evangelizador somente
terá frutos se vivermos a santidade. Todos fiéis, pais e mães, filhos, padres,
religiosos, religiosas, todos, indistintamente, somos chamados a fazer brilhar
a santidade de Cristo e da Igreja pela busca diária da conversão, não somente
pessoal, mas para nós que somos do Apostolado da Oração, uma CONVERSÃO
PASTORAL. Conversão pastoral que exige a mudança da mentalidade da pastoral de
conservação, para uma pastoral decididamente missionária. Se o Apostolado da
Oração é meio de santidade pela oração nas intenções da Igreja, devemos sair de
nosso agir e ter a coragem de mudar nossas estruturas na busca de viver a
grande paixão que deve nortear a nossa vida: buscar o Cristo que nos convida a
viver aqui e agora a vocação de sermos construtores do Reino de Deus, fonte de
graça, justiça, paz e amor. Por esse Reino, o Senhor Jesus deu a sua vida e nós
somos chamados a imitá-Lo.
Padre Wagner Augusto Portugal
Vigário judicial da Arquidiocese
de Juiz de fora e Presidente do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano
FONTE: Arquidiocese de Juiz de
Fora/MG
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