domingo, 19 de agosto de 2012


Vida Consagrada
        
         Vida Consagrada – Dimensão Consagrada e Escatológica

Uma das características da consagração na Igreja, quase desde as suas primeiras expressões, é a vida de comunhão. Com efeito, além da dimensão do seguimento, a vida consagrada como que exprime saudade pelo modelo da comunidade primitiva de Jerusalém e o desejo de viver conforme o estilo da “vida dos Apóstolos”, que ao longo dos séculos se mantém como constante ponto de referência. Tal é o ideal expresso pelo primitivo cenobismo oriental e pelos próprios inícios da Regra de Santo Agostinho: “O objetivo  essencial, porque vos recolheis em unidade, é o de viver unânimes numa casa  e ter uma só alma e um só coração, orientados para Deus.
O Concílio Vaticano II, tornando a apontar para o exemplo da Igreja primitiva, realçou o sentido evangélico profundo e as exigências da vida comum, sobretudo para a vida religiosa.Nela, todos os membros, convocados pelo amor de Cristo, formam uma só família,  entendem realizar sua vocação, consagração e missão através da comum profissão dos conselhos evangélicos, reunidos em nome e pelo amor do Senhor. A vida comum, baseada  na mesma vocação, consagração, missão e carisma, alimenta-se com a comunhão à mesma  mesa da palavra evangélica, da Eucaristia e da oração em comum; exprime-se na partilha dos bens espirituais e materiais; cresce com a perseverança cotidiana da caridade e do serviço recíproco e tende à perfeita unidade dos corações e das mentes.
A comunidade, como família convocada em nome de Cristo, usufrui da sua presença, na linha do antigo ideal monacal; é uma expressão da Igreja como “comunhão de vida , de caridade e de  verdade”.
Tal unidade manifesta, além do mais, a vinda de Cristo, proporciona ao apostolado uma grande energia e é sinal da chamada  à reconciliação universal. A vida fraterna em comunidade, escola do serviço do Senhor e das virtudes evangélicas, baseia-se no mandamento novo de Cristo de amar-nos uns aos outros, como  Ele     mesmo nos amou  até ao don d vida. Sob a responsabilidade da autoridade, que deve manter unidade e animar a participação de todos no fervor da consagração e da missão, a comunidade deve exprimir e realizar fielmente o seu peculiar e concreto projeto de vida comum, de acordo com as possibilidades e as circunstâncias, na fidelidade às exigências do próprio carisma.
À imagem da Igreja-comunhão, a comunidade, não se fecha em si mesma, mas abre-se a um multíplice relacionamento com os outros, mediante a oração, o serviço apostólico, a colaboração com todos os membros da Igreja, que participam da mesma consagração batismal, chamados todos à santidade e à missão, embora na variedade e complementaridade das vocações.
Pela sua peculiaridade comunitária, compete à vida consagrada oferecer a todos os demais membros do povo de Deus o testemunho do valor supremo da caridade dos discípulos de Cristo, vividos na perseverança da comunhão fraterna. A Vida consagrada, além de exprimir no seguimento terrestre  o mistério de Cristo, contém uma clara dimensão escatológica.
Constitui “sinal esplendoroso do Reino dos Céus”, que pode e deve estimular com eficácia todos os membros da Igreja a cumprir com ardor os  deveres da vocação cristã e a se orientarem para os bens celestes, já presentes neste mundo, uma vez eu ela dá testemunho da vida nova e eterna, adquirida pela redenção de Cristo e, da melhor forma, “preanuncia a ressurreição futura  e a glória do Reino Celeste”. Na comunhão e missão da Igreja, onde os diversos estados de vocações  exprimem de forma complementar e recíproca, o modo de viver a comum vocação à santidade, “o estado testemunha a índole escatológica da Igreja, ou seja, a sua tensão para o Reino de Deus, que é prefigurado e, de certo modo, antecipado e pregustado pelos votos de castidade, pobreza e obediência.

Irmã Orseni - Filhas de São José

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