O testemunho de uma jovem que
está pegrinando junto com a Cruz
A Jornada Mundial da Juventude
foi sempre uma grande experiência de amor e mudança na minha vida. Desde 1997,
estive como peregrina nos países onde a Jornada acontecia: França, Canadá,
Alemanha e Sidney. Acompanhei grupos brasileiros da Comunidade Emanuel e fiz
uma experiência internacional da fé, criei laços de amizade, e claro, ouvi a
mensagem do Santo Padre, primeiro o Beato João Paulo II e depois o Papa Bento
XVI.
Em 2010, quando o meu sonho e de
alguns amigos de um dia ter a Jornada aqui no Brasil começou a se tornar
realidade, passei a ajudar a CNBB no Setor Juventude. Foi criado uma delegação
oficial, e também realizaríamos em Madri um grande show com bandas brasileiras.
Foram momentos únicos de amor, entrega e dedicação à causa da juventude.
Mas em meu coração, a Jornada
começou a ter um sentido ainda maior, foi em uma Missão Madalena que realizamos
junto às prostitutas, três semanas antes de irmos para a Jornada de Madri. Em
conversa com uma delas, ela disse que morou na Espanha por um tempo, e que
conhecia a Jornada Mundial da Juventude, pois já tinha tocado na Cruz da
Jornada!! E essa tinha sido uma das experiências mais fortes da vida dela. Aí
me perguntei: Eu já estive em quatro Jornadas e nunca toquei na Cruz... e me
confirmou no coração a passagem: “As prostitutas vos precederão no Reino do
céu” Mt 21,32.
Desde então, quando fui a Madri
para a JMJ e toquei na Cruz,foi um sentimento completamente diferente. Pude
entender que tudo que vivi e ouvi das dioceses por onde ela tinha passado na
Espanha a graça já tinha acontecido, que o Santo Padre, ao nos dar estes
símbolos, tinha a intenção de fazer com que uma nova Igreja, uma unidade
verdadeira acontecesse. E este é o sentimento que tenho indo aos eventos Bote
Fés pelo Brasil afora.
São Paulo
Em São Paulo, foi o primeiro
grande milagre da Cruz no Brasil. Ter um evento no Campo de Marte , com cerca
de 80 mil pessoas , onde todos os movimentos, pastorais, associações, novas
comunidades, músicos, artistas, clero e episcopado estavam presentes para
receberem os símbolos da JMJ.
Na hora que eles entraram na
missa, não pude conter o choro, ouvir a música Emanuel, aquela multidão de
jovens querendo tocar na Cruz, e ao meu lado estava uma das pessoas que mais
admiro: Eugenio Jorge, que canta a música “Ninguém te ama como eu”. Ele me
perguntou do meu pai, que havia falecido oito meses antes, mas ele não sabia...
Foi meu pai que sempre acreditou na Jornada e me ajudou financeiramente. Mas
enfim, era um sonho realizado: A Jornada Mundial da Juventude tinha chegado no
Brasil !
No dia seguinte ela veio até
minha paróquia: Santuário São Judas Tadeu. Participamos do programa PHN da
Canção Nova, com a presença do Dunga, e logo após saímos para a Missão Madalena
com as prostitutas. A Cruz não foi conosco, mas eu acredito que existe nela uma
graça que se irradia ao redor de onde ela está. Foi uma das missões mais fortes
que fizemos, com conversas profundas e que nos levaram a acreditar que temos
que cada vez mais ir onde o povo está...para que todos façam a experiência
daquilo que está escrito na Cruz: Sinal de redenção para todos! Uma das garotas
de programa me disse: “Faz 20 anos que estou na rua, e precisou vir a Cruz da
Jornada aqui para que vocês viessem falar comigo sobre o amor de Deus”.
Os Símbolos da JMJ também
passaram pela Cracolândia em São Paulo, e um dos moradores de rua tocou na Cruz
e disse: “Eu sei que este cara que morreu na Cruz me ama, pois Ele morreu por
mim”! Ele chorava muito e emocionou os presentes... Muitos dependentes de
drogas vieram, tocaram na Cruz, choraram... foi um momento único também.
Foi criada então pelo Padre Sávio
uma equipe nacional de organização dos Bote Fés em todo o Brasil, eu estou
nesta equipe e desde então com mais quatro pessoas temos entrado em contato com
os padres responsáveis da diocese, com as bandas nacionais e sempre estamos
presentes para toda a organização do evento.
Recife
Voltei a encontrar a Cruz em
janeiro de 2012, no Bote Fé em Recife. Lá tivemos show do Anjos de Resgate,
Eliana Ribeiro e Diego Fernandes, além de bandas locais. Duas semanas antes do
evento, o produtor de palco perdeu sua neta, o que deixou não somente ele, mas
todos envolvidos na organização muito abalados. Mas como ele dizia: Tudo é
possível com a Cruz! Em plena segunda-feira, foi o maior Bote Fé até hoje: cerca
de 120 mil pessoas! Algo espetacular! Ver jovens, adultos, crianças louvando a
Deus, querendo tocar na Cruz, olhar nos olhos de Maria... realmente único.
O próximo Bote Fé que estive foi
em Natal. Ali gravamos o DVD Bote Fé! Posso dizer que foi o maior evento da
música católica do Brasil realizado até hoje. Todos os chamados “padres
cantores” estavam lá: Pe. Fábio de Melo, Pe. Marcelo Rossi, Pe. Reginaldo
Manzotti, Pe. Joãozinho, Pe. Zezinho, Pe. Antonio Maria e Pe. Robson. Uma das
minhas responsabilidades era falar para eles que horas iriam entrar... que
música cantariam... realmente me senti a menor de todas, mas sendo instrumento
nas mãos de Deus. Fiz o mesmo com as bandas e cantores ali presentes. Eram mais
de 30 atrações juntas. E o clima era o melhor possível... de muito amor.
Quando a Cruz entrou com o Ícone
de Nossa Senhora e foram colocados no palco, era uma alegria impressionante. A
única vontade que tinha era de pular, abraçar quem estivesse ao lado.
Simplesmente lindo!
Fortaleza
A próxima etapa em que estive
presente foi o Bote Fé de Fortaleza. Lá, foi marcante a presença das novas
comunidades como Shalom, Recado, entre outras. Uma Igreja jovem com garra e
vontade! Mas muitos imprevistos aconteceram em todo o percurso. Até dois dias
antes do show, não havia a liberação para montar o palco na praia. Na hora da
coletiva de imprensa, Dom José disse aos jornalistas: “Está tudo certo! São
José providenciará tudo!” e assim o fez! Pe. Denis, organizador, me disse no
final: “O que mais aprendi no Bote Fé é que devemos botar fé até o último
minuto... mesmo que tudo ao redor pareça dar errado. O evento é de Deus”.
Caxias
Depois, fui para Caxias, no
Maranhão. Tinha acabado de chegar da Terra Santa, e no dia seguinte, já
embarquei para lá, mesmo muito cansada. Geralmente a Cruz é colocada de pé, e
as pessoas vão e passam a mão, rezam. Ali aconteceu diferente: a Cruz ficou
sendo segurada pelos jovens e as pessoas passavam debaixo dela...como se
tivessem em uma chuva de graças. Era muito bonito ver a devoção, a vontade das
pessoas de pedir graças na certeza que seriam atendidas. No dia seguinte, a
Cruz visitou presídios, hospitais e escolas.
Palmas
Agora relatarei um dos momentos
mais lindos da minha vida de cristã: Visita ao presídio feminino durante o Bote
Fé em Palmas! Cheguei no dia anterior ao show, e a primeira capela que a Cruz e
o Ícone visitaram na cidade foi a de São José. Ali, em uma conversa com o
Diácono Marcos, disse que gostaria de ir ao presídio com a Cruz. Ele disse que
sim e pediu para que eu pudesse falar com as presas, dar um testemunho.
No dia seguinte, fomos primeiro
ao presídio masculino, infelizmente não podemos entrar, pois tinha acontecido
uma rebelião no dia anterior. Então alguns presos de regime semi-interno vieram
tocar na Cruz do lado de fora e o bispo deu uma bênção e rezamos com eles um
pouco.
Mas aí fui com o diácono na
prisão feminina para acertar a nossa entrada com a Cruz. Lá chegando, quis
entrar na cela para conversar com elas. Minha única intenção era olhar em seus
olhos e dizer que Cristo estava vindo visitá-las! Conversamos, partilhamos,
elas fizeram muitas perguntas, foi muito bom. Duas delas me perguntavam sobre
homossexualismo, casamentos de padres, castidade... Momentos de partilha como
os Discípulos de Emaús. Jesus foi ao encontro delas, ouviu, e depois iluminou
com sua palavra!
Como os símbolos não chegavam, eu
pedi para que formássemos uma roda, para eu explicar o que era Jornada Mundial
da Juventude e porque aqueles símbolos estavam peregrinando o Brasil.
Comecei então a falar que o nosso
Deus é o Deus do impossível, contando o testemunho da mãe de um amigo, que
tinha ido comigo para a Terra Santa no mês anterior, o que pra ela era
impossível... e Deus realizou este sonho através de seu filho... logo após a
viagem, dois dias depois, ela teve um infarto e faleceu.
Como tinha ali comigo na cela,
uns quatro membros de uma comunidade, ensinamos as detentas a cantar: “Jesus,
este nome tem poder.... O impossível Ele pode realizar!” Minha emoção era muito
forte, vê-las levantando seus braços e cantando...
A Cruz e o Ícone de Nossa Senhora
chegaram juntamente com os jovens e o bispo, mas tiveram que ficar do lado de
fora da cela. As detentas então foram até as grades, tocaram a Cruz, choraram.
Até que uma delas veio chorar comigo dizendo: “O impossível para mim seria sair
daqui, tenho um filho lá fora de 4 anos, fui presa injustamente e quero muito
ir ver me filho”.
“Então vá e toque a Cruz
novamente, peça esse impossível, Ele vai te dar. Olhe também para os olhos do
Ícone de Nossa Senhora, ela é Mãe como você e sabe o que é sofrer”, respondi.
Assim ela fez, depois me abraçou e chorou muito. Eu rezava por ela e entregava
seu sofrimento a Jesus e Maria.
As duas mulheres que me
questionaram muito, também não saíram de perto da Cruz e não paravam de chorar.
As outras também, cada uma de seu jeito teve um encontro com Cristo na Cruz e
Ressuscitado!
À noite, enquanto acontecia o
show do Bote Fé com Flavinho, Nelsinho Correa e Dominus, o Padre Camilo,
responsável pelo evento, me disse que assim que saímos de lá, uma das mulheres
tinha recebido o mandado de liberdade. Comecei a pular de alegria, querendo
saber quem tinha sido. Fui descobrir, na semana seguinte, que realmente tinha
sido aquela mulher que pediu este impossível pra Deus!
E uma outra conversão tinha
acontecido: As duas mulheres que estavam se relacionando decidiram parar com a
relação após a vista da Cruz e começaram a ir no grupo de oração que existe no
presídio.
Milagre da Cruz e do olhar de
Nossa Senhora sobre aquelas mulheres! Já cantava Pe. Zezinho: “Em cada mulher
que a terra criou, um traço de Deus, Maria deixou”.
Brasília
Após o Bote Fé de Palmas, estive
no Bote Fé de Brasilia. Como uma igreja bem plural, o padre organizador colocou
muitas bandas locais para agradar a todos. Mas a estrutura do som era muito
boa, e era emocionante estar ali em um evento na Esplanada dos Ministérios.
Rezamos muito pelo governo brasileiro e todas as decisões que incluem a
promoção da vida, da justiça e da fé!
Naquele fim de semana, em
conversa com o Eraldo do Anjos de Resgate, ele me pediu que “escrevesse” todos
estes eventos com a Cruz JMJ e o ícone com os meus olhos. Tirei muitas fotos
dos jovens, mas infelizmente tive meu celular roubado e tive de silenciar e
ouvir o que Deus queria dizer naquele momento. Viver mais com os outros ao
redor, recomeçar no silêncio.
Campo Grande
Depois estive no Bote Fé em Campo
Grande, diocese de Dom Eduardo. Tínhamos dois palcos enormes para os shows,
mais de 500 voluntários que foram treinados e capacitados pela equipe
organizadora por mais de oito meses. A formação exigiu a unidade de todas as
expressões juvenis. Além do show com Adoração e Vida, Missionário Shalom e
Olivia Ferreira, várias missões foram realizadas durante a presença dos
símbolos: doação de sangue no Hemocentro, Visita ao lixão da cidade, onde mais
de 100 famílias foram beneficiadas com alimentos, e acima de tudo, todos
aqueles que vivem na miséria tocaram a Cruz! Ela também visitou universidades,
Santa Casa e houve uma carreata com mais de 1000 carros.
Enfim....A Cruz tem sido levada
como um sinal de amor a todo o nosso Brasil, abrindo portas, quebrando
barreiras e mostrando que somente em uma entrega total a Cristo, com a
intercessão e carinho de Nossa Senhora, poderemos encontrar a felicidade!
As pessoas me perguntam: O que
será da tua vida, após a JMJ? Eu digo: eu tenho a certeza que Jesus me
conduzirá após julho de 2013. Até lá, vamos Botar Fé no maior pique!!!
Que Nossa Senhora, nos faça cada
vez mais servos e ouvintes da vontade de Deus! Beato João Paulo II, rogai por
nós!
Por Maristela Ciarrocchi, da
equipe de produção dos Bote Fés
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