Jesus atravessou territórios por
amor ao homem
Foi atravessando os desertos do
preconceito que Jesus adentrou no território mais sagrado do ser humano: o
coração. Em regiões pagãs onde cada tarde anunciava o fim das esperanças, Ele devolvia
a cada pessoa o direito de ver o dia renascer com cores de ressurreição. Onde
os limites das fronteiras da impureza serviam como obstáculos para a vivência
do amor incondicional, Jesus Cristo ajudou cada um dos que Dele se aproximavam
a descobrir que a Fé que carregavam na alma era sem fronteiras.
Foi em um dia onde o sol escondia
o brilho de uma linda manhã que se aproximou de Jesus uma mulher, cuja filha
era atormentada por um demônio. Aquela mulher carregava na vida uma noite que
não permitia a sua filha contemplar a estação de um novo tempo onde as flores
pudessem devolver à vida a beleza de outros tempos. Nos limites da vida ela
reconhecia em Jesus aquele que poderia ajudar a sua filha a vislumbrar uma
manhã de possibilidades.
Diante de Jesus aquela mulher
reconhece sua condição de pagã. O fim das esperanças anunciada por muitas
tardes começava a se transformar em sinais de um novo tempo que iria chegar.
Jesus olhou além das aparências que aquela mulher trazia impressa nas páginas
da história de sua vida já cansada de sofrimentos e dores. O olhar de Cristo
adentrou o território pagão daquela vida e reconheceu no grito de uma mãe que
clamava pela cura de sua filha, uma Fé que ultrapassava os limites das
palavras. O clamor das lágrimas de outrora acendeu a chama da Fé adormecida no
coração daquela mulher e transformou o inverno de angustias em uma linda manhã
de primavera.
Diante da dor estacionada no
coração de cada ser humano os limites da Fé poderiam ultrapassar as fronteiras
que impediam a vivência de uma nova vida de plenitude e paz. E foi assim que
dois cegos se aproximaram de Jesus. Enquanto Jesus passava, os olhos da alma
daqueles cegos se abriram para a possibilidade de terem a dignidade de suas
vidas resgatadas. Diante dos olhares daquela sociedade eles haviam sido
condenados por Deus, por terem cometido algum pecado muito grave. Excluídos da
sociedade conviviam com o peso de carregarem nos ombros uma impureza imposta
por outros.
Jesus ao curar aqueles cegos
desmascara um sistema religioso opressor que impedia os doentes de se sentirem
amados por Deus. Os olhos da vida são abertos para que aqueles dois cegos
possam testemunhar a misericórdia de um Deus que se compadece com a dor de seus
filhos. As alegrias de um novo tempo deixaram para trás as noites da
condenação. Eles agora podiam caminhar na luz de um novo tempo nascido da Fé
que carregavam no coração. Só pode se despedir do medo quem com a Fé aprendeu a
caminhar na confiança da misericórdia de Deus.
As fronteiras da Fé se tornam sem
limites a partir do momento em que as cercas da desconfiança são derrubadas e
os campos da esperança são unidos pelo amor que depositamos em Deus. O que nos
une em Cristo é a Fé que carregamos em nosso coração. Se nas incertezas da vida
o medo quiser fazer morada em nossa alma será preciso construir um caminho que
uma a nossa esperança ao amor que Cristo tem por cada um de nós. As tardes da
vida somente são poéticas e belas quando a Fé é a certeza plena de um novo
amanhecer.
Padre Flávio Sobreiro- Arquidiocese
de Pouso Alegre - MG.
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