É preciso romper as barreiras
Pais e filhos, irmãos, amigos e
colegas de trabalho ou companheiro de missão podem conviver décadas a fio,
podem ter uma relação intensa, podem se divertir ou sofrer juntos… mas
persistem o lado avesso, por trás das máscaras, que nunca se expõem e nem se
dissipam.
Amor e amizade transitam entre
esses dois "eu" que se relacionam em harmonia e conflito: afeto,
generosidade, atenção, cuidados, desejo de partilha, vontade de fazer e de ser
um bem, de obter do outro o que para gente é um bem, o complicado respeito ao
espaço do outro, formam um campo de batalha e uma ponte.
No relacionamento afetivo,
familiar ou amizade, acredito que partilhar a vida com alguém é enriquecê-la;
permanecer numa relação desgastada é suicídio emocional, é desperdício de vida.
Cabe a cada um de nós decidirmos,
isso, exige auto-exame, avaliação. Vale a pena apostar quando ainda existe
afeto e interesse, quando o outro continua sendo desafio em lugar de um tédio,
e quando, entre pais e filhos, irmãos e outros, continuam a disposição de
descobrir mais e melhor quem é esse outro, o que deseja, de que precisa, o que
pede e o que lhe é possível fazer.
O outro é desconhecido para nós.
As pessoas podem conviver uma vida inteira e mesmo assim, não se conhecerem
totalmente. Muitas vezes o máximo que conhecemos daqueles que estão próximos a
nós é somente o olhar, seu jeito de ser e suas misérias. Este é o limite em que
chegamos. Mas o seu interior é um mundo desconhecido, seus pensamentos, seus
sentimentos… O máximo que conhecemos de algumas pessoas é somente seu exterior.
Mas o verdadeiro ser é mais do que aparência, o verdadeiro ser está no
interior.
É preciso romper barreiras,
devemos ir ao encontro do outro e buscar conhecer verdadeiramente o seu
interior. Não podemos viver indiferentes uns para com os outros. Pois somos
imagem e semelhança de Deus.
Não é fácil ir ao encontro do
outro, pois em nosso interior vive um leão que precisa ser domado a cada dia.
Um leão que muitas vezes mata o outro, não com as mãos, mas com a indiferença e
ingratidão. É preciso romper barreiras e ir além dos nossos limites, para conhecer
e se dar a conhecer.
Quando não busco conhecer o outro
ou não me dou a conhecer, vivo apenas na superficialidade. Enquanto você viver
haverá partes deste ‘território’ para conhecer. Tantas coisas nos foram
entregues, mas se elas não vêm à tona, e nem as investigamos, tudo o que temos
dentro de nós fica sem uso. Quanta coisa preciosa temos dentro de nós e por
egoísmo não deixamos o outro conhecer, ficamos só na superficialidade do
conhecimento de si.
Leandro Couto - Com. Canção Nova
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