domingo, 11 de novembro de 2012

XXXIIº DOMINGO DO TEMPO COMUM - B



AS MOEDINHAS DO AMOR.
 Uma pobre viúva nos presenteia com uma lição de vida! Os verbos: deixar, abandonar, perder, desapegar-se, hoje, não colam muito. Outros são verbos que contam: produzir, ganhar, conquistar e as leis do mercado parecem vencer tudo! Riqueza é status. Já Dostoievski nos irmãos Karamazov afirmava: “no mundo ninguém é mais forte do que o rico”, mas, Ibsen, dramaturgo norueguês, escrevia: “A riqueza, compra a casca de muitas coisas, mas não a semente, pode dar a comida, mas, não o apetite, os remédios não a saúde...”. Do outro lado temos o grito dos pobres e tantas formas de pobreza, também espiritual, pois, é fenômeno mundial: pobreza material, inseguranças, solidão e abandono, exclusão, falta de Deus, do sentido da vida. E na America Latina? Temos os descartáveis conforme DA  65. O Evangelho hoje nos convida a sermos Anawim= pobres do Senhor e a colocar nossa confiança unicamente em Deus.

O QUE DIZ O TEXTO - MC 12,38-44 (Cfr também Lc.21,1-4)
Vamos aprofundar apenas os versículos 41-44.
“E, sentado frente ao Tesouro do Templo” (v. 41).
Jesus estava sentado diante das celas que compunham o tesouro e era chamado também de “átrio das mulheres” para diferenciar daquele dos homens. Neste lugar se recolhiam as oferendas em 13 caixas especiais (2 Re 12,10) e o lugar era uma passagem obrigatória para todos que entrassem no templo (cfr. Mt 17,24-27) e chamava-se gazofilacio (Lc 22,1; Jo 8,20). Funcionava como uma espécie de moderna Bolsa e um sacerdote controlava se a moeda era boa ou falsa e depois que cada pessoa depositava a quantia ele gritava a quantia depositada. (Viva o orgulho humano!).
“Uma pobre viúva” (v. 42)
Aparece esta pobre viúva: personagem anônima do amor de Deus. Lembremos que a situação social da viúva, no tempo de Jesus, era deveras uma calamidade, e, além disso, era opinião comum que uma mulher nada pudesse ensinar a respeito da Lei e muito menos uma viúva marginalizada e não abençoada por Deus! Isto aumenta o amor, a generosidade o desapego a confiança em Deus dela.
“Duas moedinhas” (v. 42).
Duas moedas destas faziam um quadrante que era a moeda menos preciosa dos romanos, mais ou menos a oitava parte de uma ração distribuída para os pobres! A mulher bem que podia guardar uma para ela, mas, ao contrário ofereceu tudo, mas tudo mesmo, Em grego soa assim: “a sua vida inteira”. A viúva coloca não o dinheiro, mas, o coração!
“Chamando a si os discípulos” (v 43)
Expres­são característica de Marco, para mostrar claramente que o que Jesus quer ensinar é destinado aos discípulos e a todas as comunidades cristãs. Por isso usa a frase “Em verdade vos digo” que era usada em momentos solenes e importantes, para chamar a atenção sobre algo de fundamental. Mas, na sequencia do texrto, os discípulos pareciam estar mais preocupados com o templo e as suas pedras do que na lição de Jesus: “Mestre, vê que pedras e construções!” (Marco 13,1). Os discípulos eram turistas, mas Jesus vê esta mulher com olhos de fé e aproveita a ocasião para ler a vida e ensinar na prática uma lição fundamental e provocadora do Evangelho: dar a vida, dar tudo, “pois onde está teu tesouro está teu coração” (cfr. Mt 6,18).
“Na sua penúria” (v.44)
A pobreza e indigência da viúva eram em contraste com os ricos que colocavam hipocritamente muitas moedas. (v. 41) enquanto ela “ofereceu tudo o que tinha para viver” e não o supérfluo como os escribas. È possível unir este texto com aquele da viúva de Sarepta, da primeira leitura 1º Reis 17, 10-16.

APROFUNDANDO
Ø  A viúva pobre, teria passado despercebida, se Jesus não falasse nela.
Ø  Jesus observa os que fazem a sua oferta para o Templo e Jesus sabe perfeitamente tudo que se passa no íntimo de cada um.
Ø  Assim, estamos claramente diante de três atitudes. Vejamos brevemente as três atitudes de forma resumida, para, depois, cada um\a de nós na vida poder tirar suas consequências.
a)Os escribas - doutores da lei
Sabe  aquela pessoa rica que age com o coração voltado para si mesma e não tem lugar para o Senhor? Assim eram os escribas e doutores da lei: preocupados com as honras, as roupas os aplausos, com as aparências, em manter o status. Viviam a religião e faziam ofertas para o templo para chamar atenção e secretamente exploravam e roubavam as casas das viúvas. O lado mais sombrio era a hipocrisia, a falsidade: eles aparentavam uma coisa e viviam outra!
b) A viúva.
Justamente por ser viúva, era pobre, e, para os entendidos em religião, estava até transgredindo a lei, pois, sua oferta era demasiado pequena para poder ser aceita. Mas ela, na sua humildade, sem chamar atenção, ofereceu ao templo o pouco que tinha para viver, ou seja, tudo! E ofereceu com o coração: isto faz a diferença. A sua é mistura de generosidade, amor, confiança e até (segundo alguns!) ingenuidade!
c) Jesus
Jesus observa os que dão a sua oferta para o Templo e lança um novo critério de avaliação que não se encontra em todo o Velho Testamento. Jesus ligou pobreza com doação total porque sabe bem que somente quem é pobre por “dentro” pode dar tudo e, quem sabe, neste gesto, indiretamente preparou a sua própria doação total na cruz.

CANTINHO DA ORAÇÃO E DA VIDA
o   O Salmo 145 responsorial nos ajuda a meditar. O Senhor que livra os cativos, abre os olhos aos cegos, ergue os abatidos, protege os peregrinos, ampara o órfão e a viúva, com certeza também “cerca você de carinho e compaixão” (Salmo 102-103). Ore o salmo 145 percebendo o amor de Deus em sua vida.
o   As viúvas na Bíblia fazem parte da categoria dos Pobres do Senhor.  Nesta semana podemos meditar entre outros textos:  a) A viúva de Sarepta (1Re 17,10-16);  Judite (Jud. 8, 4; 16,22); a Jovem viúva Rute (Livro de Rute)...

O amor coloca asas e nos faz encontrar Deus que embaralha sempre os nossos esquemas. Até que ficamos presos nas nossas miudezas do cotidiano e em nossos esquemas mentais ficaremos sem entender um texto como este da viúva do templo que nos  converte sem usar metros humanos. Pensemos nisso!

o   Meu amigo \a, a nossa doação e o nosso dízimo e nossa partilha deve ter o sabor da gratuidade, do amor, do dar tudo mesmo o que posso e devo a Ele. Só assim, sentirá a beleza de viver:

a cultura do doar-se com a matemática de Jesus: o pouco com todo coração e amor = tudo!!

Bom Domingo e boa Semana amigos\as  Pe. Mário Guinzoni OSJ

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