sábado, 1 de dezembro de 2012

Advento: tempo de esperança e gestação



Advento=vinda! Não a vinda do Imperador Romano que entra triunfante em Roma, (adventum), mas de Jesus que veio, vem e virá. É um tempo que abre o coração para a esperança e que lembra a longa gestação de todo um povo que esperou por  milênios  a chegada do Messias, como nos dirá a primeira leitura de hoje; o tempo da gestação de Jesus no ventre de Maria com a companhia e presença amorosa, preciosa e  silenciosa de José; é o tempo de gestação espiritual de Jesus para cada um\a de nós, na nossa vida, no dia-dia;  o tempo de gestação que prepara aqui e agora a última vinda de Jesus no fim dos tempos e no fim dos “nossos tempos” de vida. A liturgia de hoje nos ensina que Jesus é “a chave, o centro, e o fim do homem e igualmente de toda a história humana” (GS 10) e nos mergulha no segundo mistério principal de nossa fé: Encarnação- Paixão-Morte e Ressurreição de Jesus. Bom lembrar que, o Natal está em função da Páscoa!  E neste novo ano litúrgico teremos a companhia de  Lucas nos evangelhos dominicais. Ok?

A Palavra de Deus
Primeira leitura: Jr 33, 14-16
O texto foi escrito no tempo de Nabucodonosor que ocupou Jerusalém uma primeira vez em 598 a. C. Este é o tempo dos profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel. Sedecias é nomeado por Nabucodonosor como seu rei fantoche, mas, precisamente 11 anos depois, numa nova revolta ocorreu a deportação do povo em 587 a. C. e a destruição de Jerusalém e de seu Templo. Sedecias quer dizer “O Senhor é minha justiça” e o profeta Jeremias jogando sobre este nome olha para o futuro com esperança e anuncia o advento de um descendente de Davi que será uma “semente de Justiça” (v.15) e trará ao povo a paz duradoura e anuncia que a cidade de Jerusalém se chamará  “o Senhor é  nossa justiça”(v.16).
Segunda leitura 1 Ts 3,12-4,2
Trata-se de uma carta de Paulo redigida em Corinto (Grécia) mais ou menos no ano 50-51 d. C. na sua segunda viagem (Cfr. At 17, 1-10) e é o primeiro texto escrito do NT.  Paulo a escreve depois que Timóteo e Silas trouxeram boas notícias sobre a comunidade de Tessalonica para ele. Entre outras coisas apresenta  a vida cristã como espera ativa do Senhor. No texto de hoje as dicas são claras: “no dia da vinda de nosso Senhor” (3,13): Crescer e aumentar no amor mútuo para com todos; (3,12);Firmeza de coração no caminho da santidade; (3,13);Progredir no esforço de agradar a Deus (4,2)
Evangelho: Lc  21, 25-28.34-36
Lucas escreve no tempo da destruição e do saque de Jerusalém pelos romanos (70 d. C pelo imperador  Tito) e das perseguições deles contra os cristãos. Esta passagem (que deve ser lida em clima pós - pascal) é “apocalíptica” e quer somente olhar o tempo presente com esperança, e dizer que nada está perdido e tem um futuro bom que espera o povo. Afinal este tempo novo já tinha começado com o mistério pascal de Jesus, portanto, precisa ficar em pé e erguer a cabeça a libertação vem aí. As imagens cósmicas significam que os inimigos do Reino já estão perdidos (v. 25) e a libertação de Jesus está próxima (v.28). O que devemos fazer então? Os versículos 34-36 são claros:

Cuidar do coração para que não fique insensível (v.34); cuidado com a gula, embriaguez, preocupações
(v. 34); ficar atentos, rezar todo tempo para ter força e ficar de pé! (v 36)

O Evangelho para nós hoje
           
O capítulo 21 do Evangelho de hoje, chamado o grande apocalipse de Lucas, olha para o destino cósmico e o sentido último da história. De fato, Lucas quer apresentar o sentido último escatológico do mundo. Entendamos que a “escatologia” = última palavra  esta, só pode ser de Deus!Este tipo de linguagem (gênero literário) é cheio de imagens, de descrições fortes, mas, na verdade apenas quer dizer que não se trata do fim da história, mas, que felizmente, estamos alcançando a “finalidade” profunda da mesma, o seu sentido último.
O texto não vai dar pormenores no sentido de onde, quando, como, isto irá acontecer, mas, quer ajudar os discípulos de ontem e de hoje, a encarar a sua vida pessoal, os acontecimentos do mundo, em clima  de vigilância, de espera sem “desmaiar de medo” (v. 26) e sem terror de catástrofes, a ter cuidado (v.34), a estar atentos e orar (v.36), a ficar em pé (v. 36): em síntese quer dizer viver o momento presente em Deus! Afinal a encarnação de Jesus já deu inicio ao novo céu e nova terra! 
O Evangelho nos alerta a não deixar "a peteca cair" na fé e a sermos vigilantes na oração, sem angustias e medos diante do Senhor que veio, vem, e virá e esperar esta vinda que é misericórdia e  ternura. Isto exige perseverança e paciência no nosso dia-dia nem sempre fácil. Trata se de viver este tempo na alegria, na confiança e orientar nossa vida na direção de Deus levantando nossa cabeça, e perceber que a libertação está bem mais perto do que nós pensamos: está dentro de nós.
Em chave de Advento este texto nos prepara para o Natal de Jesus. Com a palavra Bento XVI:

“Muitas vezes nos perguntamos: que sentido dar aos nossos cansaços e dores? Esta pergunta atravessa a história e o coração humano. Há uma resposta: está escrita no rosto de um Menino que há dois mil anos nasceu em Belém. Desde o dia do Natal do Senhor não há espaço para angústias diante do tempo que passa, mas, para uma confiança ilimitada em Deus. Não somos mais escravos da tristeza e da dor.”

Viver a Palavra
Um bom caminho de Advento este primeiro Domingo! Podemos fazer este caminho em três direções.
a) Um caminho de amor mútuo, na segunda leitura (1 Ts. 3 12 - 13; 4,1-2) para sermos “irrepreensíveis e santos na presença de Deus, nosso Pai” (3,13), e progredir sempre mais (cfr.4,1) no esforço de agradar a Deus e fazer Jesus nascer em nós amando plenamente  a todos. O segredo deste amor está ao  seu alcance em quatro pequenos simples passos:

a) ama todos; b) ama por primeiro; c) ama  Jesus em todos; d) ama concretamente.
(Dos textos de Chiara Lubich).

            b) Um caminho de oração, (Evangelho Lc 21, 25-28. 34-36). Podemos aproveitar bem o salmo responsorial 24 “a estrada do Senhor”, a novena de Natal,  uma boa confissão...uma busca maior de Deus.
c) Uma opção de sobriedade de autodomínio e vigilância (Evangelho) na vida para ficar em pé e não deixar o coração ficar insensível pela gula pelas preocupações, quem sabe, num gesto concreto para com os pobres, mas, fruto de verdadeira renúncia e não apenas um doar algo sem compromisso. Lembrete: no Advento, como todo ano, temos a Campanha da Evangelização que em 2012 tem por lema: "Eu vi e dou o testemunho: Ele é o Filho de Deus" (Jo 1,34).

PARA REFLETIR:

Como vivo a minha fé?
A minha oração é mesmo confiante?
 Desejo me aproximar do Natal com
Um coração novo? Quais as minhas preocupações, apegos, pecados que deixam meu coração mais pesado?

As respostas com a sua vida meu amigo (a)

Um Santo Advento para todos
  Pe. Mário Guinzoni OSJ

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