sábado, 7 de maio de 2011

A era da “babá eletrônica”.


A mídia, e no caso especificamente a TV, exerce uma influência significativa no cotidiano de todos nós. Em relação às crianças e jovens, então, nem se fala, principalmente por estarem na fase de formação dos valores, conceitos, modelos de conduta e comportamento sexual.
Os pais, sempre que perguntamos a respeito, reclamam da programação da televisão, considerando-as impróprias para os seus filhos. Se antes era o apelo sexual que mais incomodava, hoje é a violência.
E nessa educação dos pequenos, pai e mãe não estão sabendo lidar muito bem com o seu papel.
A televisão pode, sim, estar contribuindo positivamente ou negativamente para a educação do seu filho. Mas você contribui muito mais: a vivência que seu menino ou menina tem com você, todo o processo de identificação, a construção das “bases afetivas” exercem influências mais profundas do que aquilo que passa na televisão. Não quero dizer que essa máquina poderosa de imagem e som não influencia. Mas não podemos ficar jogando a culpa toda na telinha.
Por um lado, sabemos que a exposição precoce da criança a cenas de sexo e violência, de forma degradante, pornográfica e sem nenhum critério, pode interferir no seu desenvolvimento emocional. A criança armazena todo tipo de informação que recebe. Por isso, devemos ter qualidade nessa informação. Ninguém quer seu filhinho de 5 anos com cenas de sexo e violência “armazenadas” em sua cabeça, não é?
Por outro lado, temos pais que não estão sabendo zelar pelo que seus filhos estão assistindo. A televisão passou, então, a ser uma eficiente “babá eletrônica”.
Segundo dados do IBOPE, a criança fica, em média, duas horas e meia por dia diante da TV. É muito tempo, se você pensar que a maioria delas fica ali sozinha, sem a participação de pai e mãe. As crianças mais novas não conseguem decodificar as mudanças súbitas de ângulos, os efeitos visuais e de aproximação e afastamento da câmera. Também não percebe que o desenho que está assistindo parou e que já está passando um comercial. Na sua imaginação, tudo faz parte de um só programa, que está mandando ela comprar. Por isso, nos primeiros anos de vida, é importante que os pais estejam ao lado do filho. Esse é um momento precioso para conversar e, mesmo lentamente (ir aprofundando de acordo com a idade), desenvolver o senso crítico, traduzindo um pouco esse mundo da fantasia (o que é mentira e faz parte do sonho e o que é verdade) e, ainda quando pequeno, educar seu filho a entender e respeitar as diferenças, tendo como gancho os múltiplos programas de TV que estigmatizam, rotulam e tratam o ser humano com preconceito (como vemos em alguns programas de humor). Então, é transformar o que você vê em algo benéfico para a educação do seu filho.
 Exemplo:
- Olha filho: o que você esta vendo é verdade, acontece mesmo em alguns lugares. Mas aqui em casa a gente não concorda. Porque eu e seu pai (ou eu e sua mãe) acreditamos que as pessoas devem ser tratadas com respeito e sem discriminação. E, na casa de muitos amiguinhos seus, também pensam assim como a gente.Mas se você não está perto, aquela imagem e mensagem é que ficam. Aí a TV estará sendo mais forte do que a educação que você
dá em casa. E chega uma hora que é seu papel assumir o controle do controle remoto.A televisão é o primeiro e maior contato das pessoas com o mundo externo

 Se uma criança, antes de completar 5 anos, tiver o hábito de ficar em frente a um aparelho de TV, terá visto aproximadamente 1.000 comerciais. Em menos de 5 minutos, já terá “viajado” pelo mundo e estado em contato com diferentes formas de linguagem. Portanto, um excelente meio de educação, desde que utilizado com esse fim.
Muitas vezes a TV passa informações, conceitos e “verdades” diferentes do que pai e mãe ensinam em casa. Talvez esse seja um bom momento de você conversar com seu filho que em casa vocês pensam assim, mas em outras famílias o pensamento pode ser outro.

O que é mais importante nisso tudo? É que, com essa abertura, certamente quando alguma mensagem for confusa ou eles quiserem contar o que viram, vão se reportar aos pais ou alguém de confiança.
 Por: Marcos Ribeiro - sexólogo e Consultor em Sexualidade para o Ministério da Saúde, Fundação Roberto Marinho e outras instituições públicas e privadas.

Fonte: http://www.pailegal.net/ser-pai/

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