"Sem o ES, Deus fica longe, Cristo torna-se um personagem do passado, o Evangelho letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade uma dominação, a missão uma propaganda, o agir cristão uma moral de escravos. Mas, no ES, o homem luta contra a carne, JC é presente, o Evangelho é força vital, a Igreja é sinal de comunhão trinitária, a autoridade é serviço, a missão é um Pentecostes, e o agir humano é divinizado"
(Ignatios Hazim bispo de Laodiceia- 1968).
A Palavra se ilumina
Pentecostes, uma antiga festa hebraica das colheitas, passou depois da Páscoa de Moisés a lembrar da Aliança do monte Sinai. No NT Pentecostes (que quer dizer 50 dias depois da Páscoa) é o envio do ES, terceira pessoa da SS. ma Trindade, o amor do Pai e do Filho, dom pascal de Cristo que foi enviado com abundância de graça e de sinais (vento, fogo, línguas) sobre a primeira comunidade cristã, presente a Mãe de Jesus Maria SS. ma (At. 2,1-11).
O Envio.
"E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo" (Jo. 20,22)
É o sopro que Jesus "entregou" na cruz. Em hebraico, sopro é a divina Ruah, (em hebraico é feminino) é o sopro da vida, o início da nova criação (Cfr Gn 1,2; 2,7; Ez 37,9, Sb 15,11),e simboliza claramente o Espírito. A primeira leitura de At. 2,1-11 relata assim o envio: "veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam". (v. 2). O barulho, o vento é, ou seja, a Ruah (Pneuma em grego) encheu a casa; isto indica o lugar, mas, também, o coração a pessoa deles que se tornou "cheia" de Deus. Continua Atos: "apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava" (v. 3- 4). As línguas de fogo estão em relação com as línguas que falam agora os doze e o fogo que no AT já simbolizava Deus a Palavra, o julgamento divino, é aqui o ES.
A Missão
"A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,21). Jesus aparece para enviá-los e nisto os 4 Evangelho concordam. Já a grande oração sacerdotal de Jesus de João 17 foi sobre o envio dos doze.
a)Missão de perdoar os pecados: "A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos". (v.23) e apenas para lembrar, segundo João o pecado, que resume todos os pecados é não aceitar Jesus= anunciar o evangelho das misericórdia; b) missão de unir: "pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua" (At. 2,6) todos os que receberam o ES, falando em línguas, (glossolalia) celebram a unidade da Igreja (Cfr Gn 11,1-9). A segunda leitura 1 Cor 12, 3b-7.12-13 também frisa que "fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito" (v. '13); c) orar: "os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus em nossa própria língua!" (At 2,11); d).
O Espírito Santo ilumina nossa vida
Pentecostes é a presença divina em nós, presença transformante, operante, experimentável que nos DIVINIZA, ou seja,
nos faz participar da natureza divina. Somos sacrários do amor infinito de Deus, "templos do ES" (1 Co 3,16, 17), sua morada...Mas, ainda hoje, estamos longe de convencer-nos e o ES é o solitário que carregamos, quando deveríamos abandonar-nos nele e dar-lhe cheque em branco, deixá-lo agir como fez Maria (Lc. 1,35. 38), José, os santos\as.
No dizer dos padres da Igreja o ES é como a CHUVA E O SOL, de fato, como eles produzem uma vida benéfica em todos os seres da natureza e se adaptam a cada um e o ajudam a realizar melhor suas peculiaridades, assim o ES desce e vive em todos nós, mas em cada um de nós Ele infunde as graças e os dons de que mais precisamos.
A nossa Pentecostes pessoal e comunitária aconteceu na CRISMA, de forma especial, sem os sinais maravilhosos exteriores, mas com a mesma intensidade de graça, de vida e de amor. Pentecostes continua acontecendo na Igreja e no mundo todo; o novo de Deus o novo de vida humana mais justa e bonita, toda conquista de mais qualidade de amor que aconteceu e acontece na história é fruto do ES, pois Ele é o arquiteto e executor do projeto de Deus no mundo: na verdade, o Amor que move o mundo.
O ES nos conduz à comunhão com Deus, morada de Deus (Jo 14,22-23) e por meio dele nos tornamos irmãos em Cristo (Rm 8, 14-17) e Igreja como lemos na primeira leitura de hoje.Ele prefere a via silenciosa do coração (Ez 36,26 ss.). Não há momento em que não se possa ver o dedo do ES e Ele age nas provações (Rm 5,3-5), age no amor mútuo, Ele é o MESTRE de oração do cristão\ã (Jo 14,26) agindo na e pela oração (Rm 8,26).
Deixar-se CONDUZIR PELO ES é o ensinamento de Paulo (Rm 8,14; Gl 5,16) e ele mesmo se tornou "prisioneiro do Espírito" (At 20,22-24). O Espírito nos conduz nas coisas grandes da fé, e no dia-dia, no meio das panelas, dos estudos, da lavoura, no "terrível cotidiano". Como é difícil uma fidelidade na fé, por 10, 30, 50 e mais anos, uma fidelidade na vocação batismal e na vocação que cada um escolhe na vida, fidelidade nas coisas simples. Exige uma "docilidade" ao ES, que dá alento, aponta para a meta. Em cada momento ele cristifica nossa vida e nos ajuda a "fazer novas todas as coisas" (Ap 21,5). O Amor somente é sempre novo!
"DE REPENTE" (At 2,2): o E. S é essencialmente surpresa, sem lógica, sem esquemas, sem matemática, sem "eu sabia disso"!. É a forma de Ele agir: age como, quando, porque, onde quer. Age com uma luz improvisa e de repente você sente um desejo de bondade, uma alegria profunda interior, um impulso de amar Deus, de perdoar alguém, de se doar aos outros, de servir, de vencer uma tentação, de rezar melhor, de ser sempre mais. Agiu assim nos santos(as) até hoje e este de repente aconteceu com todos os personagens da Bíblia: Maria, José, Zacarias,, Isabel, Batista...Sem esquecer que Jesus, sim Ele mesmo, foi "impelido pelo ES" (Mc 1,12) e "ungido" = consagrado por Ele (Lc 4,18; At 10,38). Este de repente é um Kairós de nossa vida.
Orar e viver
O E. S é o Paráclito (Consolador, Defensor, Advogado) e distribui os 7 (= totalidade) dons, (Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus.) e os carismas. O E. S. nos ensina a verdade sobre Cristo, sobre a Igreja e sobre a pessoa humana. E ensina a sermos "agricultores" de Deus fazendo crescer os seus frutos de santidade (Gal 5,22) em nós, e no "pomar" da Igreja e da vida de toda a humanidade, para que no mundo tenha mais justiça, mais respeito pela vida, menos diferenças sociais e mais partilha e amor. Pentecostes é solenidade litúrgica não letárgica! Por isso precisamos mesmo para viver tudo isso, orar ao ES, pois, Ele ora em nós, conosco, para nós e até... sem nós! Aliás: "Nós não podemos cumprir um só ato de virtude que não seja obra do Espírito Santo".(S. José Marello S. 345. Sua festa vai acontecer no próximo dia 30 de maio)
Ó Espírito Santo, amor do Pai e do Filho, inspirai-me sempre aquilo que devo pensar, aquilo que devo dizer, aquilo que devo calar, aquilo que devo escrever, como eu devo agir, aquilo que devo fazer, para procurar a Vossa glória, o bem das almas e minha própria santificação. Ó Jesus, toda a minha confiança está em Vós. Ó Maria, Templo do Espírito Santo, ensinai-nos a sermos fiéis Àquele que habita em nosso coração. Amén. (Card. Verdier)
Que o E. S. desça sobre todos\as. Santa Pentecostes.Padre Mário Guinzoni OSJ
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