Os dois olhos da Igreja
Pedro e Paulo: dois apaixonados por Cristo, dois apóstolos, dois gigantes
da fé, dois mártires em Roma sob o imperador Nero e mesmo assim muito
diferentes um do outro no estilo de vida
no jeito de ser e expressar a fé. O que conta são os mesmos ideais de
vida de luta e amor!Assim se expressa S. Leão Magno:
“É justo que os glorifiquemos com exultação, porque a graça de Deus,
dentre todos os membros da Igreja, os elevou ao cume. Por isso, no corpo, cuja
cabeça é Cristo, eles constituem como que os dois olhos. Não devemos pensar que
os seus méritos e virtudes acima de toda expressão sejam diferentes de algum
modo ou tenham algo de peculiar, pois a eleição divina os tornou pares, o
trabalho assemelha-os e o fim da vida os igualou” (Sermão 82)
A MENSAGEM DAS LEITURAS
Evangelho: Mt 16,13-19: a Igreja
Estamos em Cesareia de Felipe,
cidade localizada aos pés do monte Hermon em Israel, nas colinas de Golán, nas
nascentes do Rio Jordão. A cidade
está localizada a cerca de 150 KM ao norte de Jerusalém e a 60 Km a sudoeste de Damasco e nesta localidade
tinha uma gruta chamada de inferno (daí faz sentido a frase de Jesus v.18). Bem
aqui, longe de “ouvidos indiscretos”, Jesus quer ensinar algo de importante
para os discípulos.
Começa com uma pergunta como quem
não quer nada com nada: “No dizer do
povo, quem é o Filho do Homem?” (v. 13). As respostas logo pipocam e os
discípulos, mais ou menos assim respondem: “olhe Jesus, alguns te chamam de
Elias, outro de João Batista, outros de Jeremias... ou um dos profetas por aí
afora!”. Bem, claro, Jesus já sabia tudo isso, mas perguntava só para começo de
conversa e agora parte para o segundo momento de sua lição de vida. Imagine a
cena: Jesus sentado quem sabe, numa das pedras daquelas colinas junto com a sua
turminha que olhando bem nos olhos de seus escolhidos, gente simples e humilde
pergunta: “E vós quem dizeis que eu
sou?”(v. 15). Como dizer, quero ver o que vocês pensam de mim! Não sei
o que se passou no coração daqueles homens, mas podemos imaginar o que sentiu
Pedro, porque logo respondeu de ímpeto e com seu entusiasmo uma verdadeira
profissão de fé: “Tu és o Cristo, o
Filho de Deus vivo!”(v. 16). Carinho, generosidade, espontaneidade? Um
pouco de tudo isto: é Pedro, o grande e “frágil” Pedro, que fala em nome de
todos e recebe o poder das chaves e de ser referência da Igreja. Jesus agora,
depois dessa, afirma solenemente que sua casa, a Igreja, será edificada sobre
ele, Pedro - pedra e sobre todos aqueles que como ele vão confessá-lo e
aceitá-lo como Messias, como Cristo filho de Deus vivo e aceitar seu Reino de
amor. Jesus confia em Pedro que se torna ponto de união dos que “topam Jesus” e
dá a firmeza da “pedra” aos irmãos (Lc 22,32); será a sua liderança e sua
vocação nos séculos, nos tantos “Pedros” até hoje e até sempre.
1ª Leitura. At 12,1-11: Pedro
O pobre do Pedro preso, com duas
correntes, (v. 6) pelo rei Herodes, “para
agradar os Judeus” (v. 3) e
guardado como perigoso por quatro piquetes de quatro soldados (v.4) que vigiam
a porta da prisão! Mas Herodes não contava com.. Deus! De fato “a oração fervorosa da Igreja subia
continuamente até Deus, intercedendo em favor dele”. (v.5). O fato se
desenrola rapidamente: o anjo, a luz, o cair das correntes, as portas que se
abriram os guardas que nada perceberam e Pedro que dentro de si sente que Deus
o libertou!
(v. 7 ss.) e até o portão se abre sozinho! (v.10).
Segunda leitura 2 Tm 4,
6-8.17-18: Paulo.
"Estou pronto. .. chegou
o tempo da minha partida.(v. 6).. combati o bom combate... terminei a minha
corrida... conservei a fé. (v.7).. agora aguardo a coroa da justiça.(v. 8).. O
Senhor ficou comigo e me encheu de força.. fui liberto da boca do leão(v.
17)... a ele glória...(v. 18)"
Um testamento missionário lindo
escrito da prisão! Paulo carismático literalmente “enfeitiçado” por Jesus! Cada
frase é impregnada de lutas, de amores, de paixões, de sacrifícios, de
perseguições, de vitórias e derrotas, de verdades, de coragem, de oração, de fortaleza
no Espírito, de Graças, de tentações, de fragilidades, de viagens
“rocambolescas”, de naufrágios, de amizades e traições, de fragilidades, de
evangelização audaciosa, de missionariedade destemida, de fundação de
comunidades... É só percorrer as Cartas e os Atos dos Apóstolos para se
apaixonar por este homem de Deus! E tudo por que ou por quem? Cristo Jesus e
sua Igreja!
A PALAVRA NOS ENSINA A ORAR E VIVER A FÉ.
A solenidade de hoje de S. Pedro
e S. Paulo deixa para nós alguns recados claros como a luz do sol:
a) Amor
a Jesus sem condições, até o fim, para além das fragilidades de cada um \a. Mas
atenção: não existe Jesus sem Igreja!
b) Então
amar a Igreja, “suar” a Igreja, lutar por ela assim como ela é com a convicção
de Paulo. (Segunda leitura).
c) Unir
sempre o discipulado e a missão e lembrar que não é importante saber porque
vivo, mas por quem vivo.
d) Confiar
em Deus sempre, mesmo nos insucessos, e como Paulo dizer: “sei em quem pus a minha confiança” (2 Tm 1,12).
e) Saber
trabalhar juntos na Igreja mesmo com carismas e “gênios” diferentes como os de
Pedro e Paulo
f) “A
Oração é também, hoje e sempre, o mais potente apostolado”.(S. José Marello).
OBS nº 1: Você amigo (a) pode
encontrar outros tantos recados para fazer de tua vida hoje, neste tempo, de
pós-modernidade uma caminhada apaixonada por Cristo e pela Igreja. E não se
esqueça de elevar a Deus a sua prece por Bento
XVI, pelo Pedro que hoje em Roma, continua esta aventura de fé e de amor a
Cristo com e para toda a Igreja de Deus.
OBS nº2 Pedro faz a experiência
concreta que Jesus o ama, não o abandona e que Ele é até “escandaloso” e cheio
de cuidados com quem anuncia o Evangelho, que a comunidade tem uma força que
vem do Espírito, que as únicas correntes que podem prender alguém estão dentro
do seu coração e que a profecia nunca pode ser acorrentada. A libertação de
Pedro é prova concreta de tudo isso e ilustra a promessa de Jesus (do
Evangelho)que as portas do inferno nada podem contra a Igreja. Então muita
confiança amigos\as!
Bom final de semana
para todos (as)
Padre Mário Guinzoni
OSJ
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