A vocação Religiosa na Igreja nasce no seio da comunidade
eclesial, portanto traz consigo as características da comunhão trinitária. Isso
quer dizer que a Trindade é fonte e modelo de todo o chamado:
- O Pai chama à vida natural e espiritual mediante a fé e o
Batismo;
- O Filho chama ao seguimento: apóstolos, leigos,
religiosos...
-O Espírito chama ao testemunho de Cristo morto e
ressuscitado.
A comunidade
local é lugar privilegiado para o chamado, por ser lugar das relações
interpessoais. Nela se reconhece os autores da vocação, é na relação com os
irmãos, onde nos alegramos, rezamos, trabalhamos, estudamos nos divertimos e
sofremos juntos. É o espaço onde a pessoa descobre a vocação e se identifica
com os valores da mesma.
Ser irmãos é um
elemento essencial na vocação religiosa, pois é a característica dos discípulos
de Cristo. Aqueles que nos vêem deveriam dizer: “olhem como eles se amam”. Isso
só é possível na intimidade com Cristo.
O beato João Paulo
II nos exorta ao cultivo diário da espiritualidade da comunhão: “Antes de
programar iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade da
comunhão, elevando-a ao nível de princípio educativo em todos os lugares onde
se plasma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os
consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades”
(NMI 43).
O beato também
explica o que compreende essa Espiritualidade de Comunhão: Olhar com o coração
o Mistério da Trindade que habita em nós e, a mesma luz, podemos perceber
também no rosto dos irmãos que vivem conosco;
A capacidade de
sentir o irmão na fé e na unidade profunda do Corpo Místico, como alguém que me
pertence para saber partilhar das suas alegrias e sofrimentos; para intuir seus
desejos e cuidar das suas necessidades; para oferecer-lhe uma verdadeira e
profunda amizade.
É a capacidade
de ver no outro antes de tudo o que ele tem de positivo, para acolhê-lo e
valorizá-lo como dom de Deus e um dom para mim. É enfim saber dar espaço ao
irmão, levando o peso uns dos outros(Gal 6,2) e resistindo as tentações
egoísticas que continuamente geram competições, desconfiança e inveja.
Na vida
comunitária fazemos experiência todos os dias da comunhão fraterna que se
exprime em:
- A COMUNHÃO DE VIDA: que não é mera coexistência no mesmo
ambiente ou casa mesmo que essa seja vivida pacificamente, mas desenvolver
relações fraternas que acontecem na convivência verdadeira, na ajuda mútua, na
partilha dos bens e dos interesses ... concretamente se põem em pratica a
aceitação o respeito a disponibilidade... isso tudo é vida comunitária!
- COMUNHÃO DE FÉ: na comunidade se põe em comum não somente
a vida, mas também a fé, as experiências espirituais, as inspirações, os ideais
apostólicos, os serviços caritativos, as alegrias, o amor e o perdão. (cf VC
42) A razão porque nos reunimos em comunidade é pelo Senhor e pela sua Palavra.
Essa comunidade é visualizada concretamente na Oração comunitária, na
celebração da Eucaristia e da Reconciliação, no testemunho comum, mas,
sobretudo no amor recíproco.
- COMUNHÃO DE VOCAÇÃO: os chamados à vida religiosa têm em
comum a vocação e o carisma da congregação. Portanto os votos, a missão, a
tradição espiritual deixada pelo fundador e as exigências das Constituições são
vividos em comunidade.
- COMUNHÃO NA MISSÃO: somos consagrados para a missão (cf.
VC 72). Ter a mesma missão embora façam tarefas diferentes exige a preparação,
a reflexão, o interesse, a partilha e a revisão que são feitas
comunitariamente. O consagrado é enviado em nome da comunidade e atua na Igreja
o Carisma específico.
É esse o ideal
que nos apresenta Cristo quando chama à vida Religiosa, nós nos comprometemos
com voto diante da comunidade eclesial na vivencia desses valores conscientes
da nossa humanidade e de que Ele nos chama nesta realidade concreta invocamos a
assistência do Espírito para podermos ser sinal de sua presença.
Autora: Ir. Ivanir Silvestro – Oblata de Jesus e Maria.
(Reflexões extraidas da formação com Frei Aurélio Laita,
02/12)
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