terça-feira, 26 de junho de 2012

A VOCAÇÃO E A VIDA COMUNITÁRIA




A vocação é chamado e resposta. Esta é uma afirmação que parece mais um daqueles chavões que ouvimos diariamente, mas se tratando de vida religiosa cada palavra tem seu peso. E não é qualquer chamado, primeiro porque é o Senhor quem chama e, porque se trata de imitá-lo.

A vocação Religiosa na Igreja nasce no seio da comunidade eclesial, portanto traz consigo as características da comunhão trinitária. Isso quer dizer que a Trindade é fonte e modelo de todo o chamado:
- O Pai chama à vida natural e espiritual mediante a fé e o Batismo;
- O Filho chama ao seguimento: apóstolos, leigos, religiosos...
-O Espírito chama ao testemunho de Cristo morto e ressuscitado.
      A comunidade local é lugar privilegiado para o chamado, por ser lugar das relações interpessoais. Nela se reconhece os autores da vocação, é na relação com os irmãos, onde nos alegramos, rezamos, trabalhamos, estudamos nos divertimos e sofremos juntos. É o espaço onde a pessoa descobre a vocação e se identifica com os valores da mesma.
       Ser irmãos é um elemento essencial na vocação religiosa, pois é a característica dos discípulos de Cristo. Aqueles que nos vêem deveriam dizer: “olhem como eles se amam”. Isso só é possível na intimidade com Cristo.
   O beato João Paulo II nos exorta ao cultivo diário da espiritualidade da comunhão: “Antes de programar iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade da comunhão, elevando-a ao nível de princípio educativo em todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades” (NMI 43).
    O beato também explica o que compreende essa Espiritualidade de Comunhão: Olhar com o coração o Mistério da Trindade que habita em nós e, a mesma luz, podemos perceber também no rosto dos irmãos que vivem conosco;
      A capacidade de sentir o irmão na fé e na unidade profunda do Corpo Místico, como alguém que me pertence para saber partilhar das suas alegrias e sofrimentos; para intuir seus desejos e cuidar das suas necessidades; para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda amizade.
      É a capacidade de ver no outro antes de tudo o que ele tem de positivo, para acolhê-lo e valorizá-lo como dom de Deus e um dom para mim. É enfim saber dar espaço ao irmão, levando o peso uns dos outros(Gal 6,2) e resistindo as tentações egoísticas que continuamente geram competições, desconfiança e inveja.
    Na vida comunitária fazemos experiência todos os dias da comunhão fraterna que se exprime em:
- A COMUNHÃO DE VIDA: que não é mera coexistência no mesmo ambiente ou casa mesmo que essa seja vivida pacificamente, mas desenvolver relações fraternas que acontecem na convivência verdadeira, na ajuda mútua, na partilha dos bens e dos interesses ... concretamente se põem em pratica a aceitação o respeito a disponibilidade... isso tudo é vida comunitária!
- COMUNHÃO DE FÉ: na comunidade se põe em comum não somente a vida, mas também a fé, as experiências espirituais, as inspirações, os ideais apostólicos, os serviços caritativos, as alegrias, o amor e o perdão. (cf VC 42) A razão porque nos reunimos em comunidade é pelo Senhor e pela sua Palavra. Essa comunidade é visualizada concretamente na Oração comunitária, na celebração da Eucaristia e da Reconciliação, no testemunho comum, mas, sobretudo no amor recíproco.
- COMUNHÃO DE VOCAÇÃO: os chamados à vida religiosa têm em comum a vocação e o carisma da congregação. Portanto os votos, a missão, a tradição espiritual deixada pelo fundador e as exigências das Constituições são vividos em comunidade.
- COMUNHÃO NA MISSÃO: somos consagrados para a missão (cf. VC 72). Ter a mesma missão embora façam tarefas diferentes exige a preparação, a reflexão, o interesse, a partilha e a revisão que são feitas comunitariamente. O consagrado é enviado em nome da comunidade e atua na Igreja o Carisma específico.

      É esse o ideal que nos apresenta Cristo quando chama à vida Religiosa, nós nos comprometemos com voto diante da comunidade eclesial na vivencia desses valores conscientes da nossa humanidade e de que Ele nos chama nesta realidade concreta invocamos a assistência do Espírito para podermos ser sinal de sua presença.


Autora: Ir. Ivanir Silvestro – Oblata de Jesus e Maria.
(Reflexões extraidas da formação com Frei Aurélio Laita, 02/12)


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