O intercâmbio entre religião e ciência é iluminador
Há sete anos atrás,
desencadeou-se uma luta feroz, em todo o planeta terra, por causa das
células-tronco. De repente alguns cientistas quiseram ver, nas células
embrionárias, a solução universal de todos os problemas de saúde da humanidade.
Por serem pluripotentes, tais células poderiam ser transformadas em tecido
muscular, nervoso, ósseo...
Antevia-se a cura, desde os
problemas de dores na coluna, até a superação do mal de Alzheimer e a cura do
câncer. Houve empresas que viram descortinar-se um horizonte sorridente, de
panacéia geral. Tudo mal esclarecido e sem garantias. Empataram todas as fichas
numa mera hipótese, sem a mínima comprovação. Tais empresas, já prelibando o
sucesso de tal empreendimento, empataram centenas de bilhões de dólares.
Arriscaram tudo. Formaram um
grupo aguerrido, cuja missão era denunciar os retrógrados, e os inimigos da
ciência. Entre tais inimigos, é claro, estava na linha de frente a Igreja
Católica, que classificava tal iniciativa como matança de seres humanos em fase
inicial de vida. Essa luta não foi mansa. Fomos apresentados à humanidade como
ignorantes, que travam o legítimo progresso. Tais opositores julgavam, no
entanto, a sua causa simpática.
É bom que se diga, a moral cristã
sempre aprovou o uso de células-tronco, existentes no cordão umbilical, na
medula óssea, e outros locais. Seu uso não comporta matança de seres humanos,
mas apenas o uso de células. Mas agora as coisas mudaram totalmente. O
cientista japonês Shinya Yamanaka e John Gurdon (inglês) receberam o prêmio Nobel
de Medicina, por terem descoberto que células maduras podem ser reprogramadas
para pluripotentes. Tal procedimento está livre de efeitos negativos, e não há
mais matança de embriões humanos.
Os que se arvoraram em nossos
juízes, caíram em frustração total. Esse novo caminho responde aos anseios da
humanidade, sem ferir nenhum princípio moral. A gente esperaria desse grupo
belicoso um pedido de desculpas, ou o reconhecimento que a sua posição é
arcaica, e deve ser substituída. É bom que todos saibam que o intercâmbio entre
religião e ciência é iluminador. Sua influência deve ser recíproca, em
benefício da humanidade.
Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo Emérito de Uberaba, MG
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