Este tema é importantíssimo. Com
efeito, em nossos dias, quando tudo leva a um subjetivismo alarmante, fruto do
individualismo que aflora de um egoísmo deletério, multiplicam-se os penosos
problemas das relações mútuas o que leva à desunião familiar. Trata-se do
convívio entre os esposos, entre os pais e os filhos. É preciso, antes de
tudo, que cada um procure se
auto-realizar, mesmo porque quem não sabe conviver consigo mesmo nunca obterá
êxito com os outros. Nada pior para uma pessoa do que a perda da
auto-confiança.
O pedagogo divino, Jesus Cristo,
aliás ordenou que cada um amasse o próximo como a si mesmo (Mc 12,31).
Auto-realizar-se significa alcançar o seu potencial num amadurecimento
cotidiano, ou seja, cada um deve ser hoje melhor do que foi ontem em tentativas
bem orquestradas ao som do discernimento interior. Uma norma elementar é que
ninguém deve querer moldar os outros à sua imagem e semelhança, mas
observando-se sempre os princípios elementares da caridade e da civilidade, ou
seja, da boa educação. É uma arte descobrir, no relacionamento diário, o que
normalmente se chama de “mania”, mas que vem a ser laivos do perfil
caracterológico de cada um. Cumpre chegar a um denominador comum.
Há necessidade de uma retroalimentação
contínua que patenteia até onde cada deve ser respeitado. A chamada “correção
de erro” é imprescindível, pois impede enganos e desvios, isto é, quando ou os
esposos entre si, ou os pais diante dos filhos, notam algo que precisa ser
considerado, há sempre o momento oportuno para o diálogo, troca de idéias e,
neste caso, os pais podem e devem com bons modos corrigir os filhos sem que
esteja a união familiar posta em jogo. Não se podem nunca desprezar os
reforços da experiência do passado que
alimentam as atitudes no presente. Nada desgasta mais o ser humano do que o
conflito sem motivo ou que deveria ser evitado. O segredo da vida é transformar
a agitação em cooperação, o erro em correção oportuna. Nada mais necessário do
que baixar o nível de defensividade, abolindo definitivamente acusações mútuas.
A interação emocional é de vital importância em toda parte.
Atitudes negativas devem ser
evitadas, pois causam ressentimentos, aumentam a taxa de absenteísmo e reduzem
o nível de energia positiva. Nas relações familiares se os presentes em certas
ocasiões são sinais de consideração,
estima e apoio, nem sempre são um reforço positivo, se o que foi exposto acima
faltar e se eles se configurarem como suborno afetivo. Sem alicerce nada
duradouro se constrói. Assim também até qualquer tipo de elogio
desproporcionado. É preciso sempre a busca de reforços interpessoais, como a
atenção que se manifesta nos mínimos
detalhes, incluindo não se querer dominar o outro. Neste caso específico
apontar erros através de queixas inoportunas é um desvio muitas vezes
irreparável. Apresentar soluções é o caminho certo. O que se esquece muitas
vezes é que qualquer indivíduo é do tipo ativo ou do tipo secundário. Este
último é programado, por vezes rotineiro, e precisa ser avisado com
antecedência para que possa se reorganizar e rever seus programas a curto e a
longo prazo. O tipo primário, desprogramado, surpreende por atitudes
imprevisíveis.
Fala sem pensar e age
precipitadamente. A questão fundamental, em um e outro caso, é a formação da
própria personalidade na busca do equilíbrio de atitudes para que se evitem
perturbações emocionais que prejudiquem a união dentro do lar. Entretanto, se
uma pessoa faz alguma coisa que enraivece, não se deve atacá-la e, sim, procurar se safar da situação
constrangedora pela via da compensação
não vingativa, inclusive com o pensamento salutar de que “o tempo cura todas as
feridas”. Em qualquer circunstância é mister esfriar o ânimo e não ficar
curtindo o sofrimento que prejudica gravemente a saúde psicossomática. Emoções
mal controladas só aumentam as inquietações. Como o ser humano é um permanente
enigma, é um erro fatal não saber evitar tudo que leve à desunião. Nos momentos
de angústia, ocasionada seja qual for a circunstância, nada mais saudável uma
conversa amiga, cheia de compreensão. Para tudo na vida há solução! Que os pais
se amem como José e Maria e que os filhos respeitem seus pais como Jesus de
Nazaré. Então sim, reinará sempre o poder da união da família e coisas
maravilhosas acontecerão sempre dentro do lar cristão!
Por: Côn. José Geraldo Vidigal
(Professor no Seminário de
Mariana durante 40 anos - MG)
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