sábado, 17 de novembro de 2012

Namoro é Isto!


Como se sabe, a vocação matrimonial é um chamado à santidade, assim como o chamado à vida sacerdotal e à vida consagrada. Mas por razões ainda muito desconhecidas, poucos são os que realmente entendem a vida conjugal como caminho de santidade, que possui características específicas. E por que é um caminho para Deus,não faltam dificuldades. Mas como as pessoas não entendem que o matrimônio é algo tão excelso, não se dedicam a compreender suas fases, muito menos prever suas dificuldades. O objetivo dessa reflexão é lançar luzes sobre uma etapa fundamental do matrimônio: o namoro.

O QUE É NAMORO?

É preciso reafirmar que o namoro é uma etapa do sacramento do matrimônio. É momento forte de conhecimento de si e do outro, é hora de pôr em prática as virtudes aprendidas na infância. De fato, está mais bem preparado para a vida (matrimonial ou consagrada) quem aprende a amar desde o berço, quem recebe no colo materno a lição da generosidade. Por isso, a preparação para o matrimônio não começa propriamente no namoro, mas inicia-se, antes, na família. Contudo, é no namoro a etapa da vida em que a própria paciência é testada (na família, geralmente, testamos a paciência de outros); no namoro, a ordem é mais exigida; a pontualidade, maximamente treinada. Todas essas e outras virtudes são necessárias para o matrimônio e vão sendo exercitadas no namoro, para serem levadas a seu cumprimento máximo na vida conjugal.
Namoro, tempo de diálogo...
Fonte: google imagens
Quem entende o matrimônio à luz dessa perspectiva compreende muito bem que o namoro, que é preparação para o casamento, não é um momento sem importância. Pelo contrário, é já um primeiro tempo para o exercício de virtudes próprias da vida conjugal. Por isso, o namoro não é útil para quem pensa que o matrimônio é resto, para quem acredita que o matrimônio é uma vocação de segunda categoria. Não, o matrimônio é uma vocação excelsa e, portanto, o namoro não é sinônimo de falta de vocação. Quem inicia um namoro tem já alguma noção da vocação a que se sente chamado, ainda que não seja raro que namoros terminem para darem lugar a vocações consagradas a Deus. Com efeito, a vocação matrimonial exige dos namorados uma fidelidade tal que já é algo da fidelidade que é exigida dos consagrados. Por esse motivo, não é incomum que namoros terminem por causa de chamados à vida consagrada. Contudo, a condição para o bom êxito desses casos é a fidelidade, a si  mesmos e a Deus, que as partes precisam possuir a fim de ouvirem com clareza a Voz de Deus, que “não engana e nem se engana”.
Portanto, o namoro é uma etapa específica da vocação ao matrimônio. Assim como essa vocação, o namoro também é chamado à santidade, mas de modo análogo ao matrimônio. Há atos de amor próprios do matrimônio, que tornam o amor conjugal agradável a Deus. Ora, os atos próprios, que tornam o namoro agradável a Deus, são também atos de amor, mas são distintos daqueles que são próprios dos que se casaram. Os atos de conhecimento de si e do outro, além de atos de carinho recíproco, são capazes de santificar o namoro, enquanto etapa do sacramento do matrimônio.
Com efeito, no documento Preparação para o Sacramento do Matrimônio, do Conselho Pontifício para a Família, de 1996, apresenta-se a etapa anterior ao noivado (o namoro, portanto) como momento forte de:

Formação de Caráter (“viver na verdade e no amor”)     § 22, 23, 27
Autoconhecimento (“desde a infância”)                       § 10, 22, 23, 26
Domínio e Estima de Si  (“dom de si”)                        § 16, 22, 23, 24, 25, 26
Respeito aos irmãos(“convivência comunitária”)           § 22, 28, 29
Formação Espiritual e Doutrinal (“valores humanos e cristãos”)  § 22, 23, 24, 25, 30

Ora, se a fidelidade (caráter) é condição para o matrimônio, é igualmente condição para o namoro cristão;se a comunhão de vida e sentimentos é condição para o matrimônio (dom de si), o namoro é já antecipação desse momento, com o conhecimento de si e do outro; se a dignidade pessoal é ponto fundamental do matrimônio (respeito), a sacralidade do corpo do outro precisa ser recuperada; se no matrimônio encontra-se a “igreja doméstica” (formação espiritual e doutrinal), o namoro precisa ser lugar de oração e conhecimento das Leis de Deus. Sempre, contudo, com intensidade e frequência menores que os atos próprios do matrimônio.
Por ser uma vocação, todo namoro possui muitas cruzes. Contudo, apesar dessas diversas dificuldades, o matrimônio cristão reserva algumas recompensas, que superam em muito suas dificuldades e que minoram os sofrimentos do namoro:
1. O casal cristão de fato coopera santamente e de modo único para a santificação do mundo. Por desígnio de Deus, os pais cristãos  colaboram com a geração de novos filhos de Deus, ato próprio e exclusivo apenas aos pais e mães. Essa verdade de fé deve alegrar os corações dos namorados e fazê-los anelar por seus filhos.
2. O matrimônio é um dos lugares onde se pode viver com mais intensidade e frequência a parábola doBom Samaritano, pois não há ninguém mais próximo de nós que um estranho, que ao mesmo tempo é nossa própria carne. Se no mundo se pode esconder por detrás dos deveres cotidianos para fugir do dever de cuidar do doente que atrapalha o caminho, no matrimônio isso é impossível, pois ele mora em nossa própria casa.
3.  Se a vida do cristão nessa terra é uma “caminhada de feridos”, uma “procissão de doentes”, a vida do casal cristão é um verdadeiro pronto-socorro, pois cada dia está repleto de momentos de verdadeiras curas espirituais, revelando mazelas e realizando melhoras, pelo simples fato de serem descobertas por olhares atentos e amorosos.
Há mais motivos, mas só por essas razões o namoro cristão ganha nova luz aos olhos dos que pretendem fazer de sua vida um grande hino de louvor, um poema de agradecimento a Deus por ter-nos criado e, depois, por convidar-nos a viver sua Vida com Ele, sem que merecêssemos e sem que fôssemos capazes de desejá-la sem sua Misericórdia. Namoro é isto: resposta ao amor de Deus, que chama os homens a amá-Lo no matrimônio, gerando novos filhos para o Céu e perdoando-nos todos os dias, nos sanatórios de nossos lares.

Por Robson Oliveira
Fonte:http://humanitatis.net/?p=7668

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