TODOS CHAMADOS À SANTIDADE
“Todos
na Igreja são chamados à santidade. A santidade da Igreja manifesta-se
incessantemente nos frutos de graça que o Espírito Santo produz nos fiéis;
exprime-se de muitas maneiras em todos aqueles que, de harmonia com seu estado
de vida, tendem a perfeição da caridade, edificando os outros” (Cfr. LG 39) “Nos vários gêneros e
ocupações da vida, é sempre a mesma a santidade que é cultivada por aqueles que
são conduzidos pelo Espírito de Deus e seguem a Cristo pobre, humilde, levando
a cruz, a fim de merecerem ser participantes da Sua glória”. (Cfr. LG 41).
Estes textos do Concílio
Vaticano II cinquenta anos atrás revolucionaram o “assunto” santidade. Hoje
entendemos que não pode ser “reserva de caça” de alguns cristãos ditos
especiais, mas, é aberta a todos. É a nossa festa, a festa dos Santos do
calendário, mas também, dos santos da
vida normal anônima e é neste grupo que
nos incluímos. A primeira leitura do Apocalipse 7 fala no v. 4 de “cento
e quarenta e quatro mil assinalados” (=12x 12x 1000 ou seja a plenitude) e “vi uma grande multidão” (v. 9) A segunda leitura (Jo 3,1-3) por sua vez apresenta
a motivação que está por trás: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus”. E o Evangelho encerra o
assunto com a palavra: “bem- aventurados” (Mt 5,3 ss.).
Vamos aprofundar mais esta verdade que no Creio é chamada de comunhão dos
santos!
A PALAVRA
Vamos analisar alguns passos destas leituras.
a)A primeira leitura (Ap.
7,2-4.9-14) afirma que os “marcados”
são: “os que estão de pé diante do
Cordeiro;trajam vestes brancas- alvejadas no sangue do Cordeiro- e tem palmas
na mão;se prostram e adoram Deus depois
da grande tribulação”.O autor aqui fala dos mártires que tinham derramado o sangue junto ao sangue do
Cordeiro Jesus, na “grande tribulação”, e aquela do imperador Nero é o protótipo para todos os tempos. As
“palmas” podiam indicar o triunfo do martírio. Santidade passa, para todos\as,
de uma forma ou de outra, pelo martírio= testemunho de fé e vida.
b)A segunda leitura vai na raiz de
tudo: “Considerai com que amor nos amou o
Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato” (1 Jo
3,1). A grandeza de ser filhos\as de Deus é incomensurável, uma graça que nem
podemos avaliar. Esta nobreza nos obriga a viver o batismo, com muita coerência
e até ousadia espiritual. Se ser filho de uma pessoa “importante” obriga a
pessoa viver com certos padrões, que dirá ser filho\a de Deus? Não é uma definição, mas, uma certeza que vem dEle: somos
de fato filhos de Deus e
nisto consiste a raiz da santidade de todos nós!
c) E o Evangelho resume
tudo numa palavra repetida várias vezes como um mantra: “Bem- aventurados”.Bem- aventurados: não se trata de
uma felicidade humana, simples, de pouca conta, mas, de uma conquista fruto de
uma longa caminhada de fé, de luta, de amor: a verdadeira felicidade vem de
Deus e está somente nele.. Esta expressão deita suas raízes no AT (são muitos
os textos!) e o Evangelho também especifica:
“pobres em
espírito” (v.3); “aflitos” (v 4); “mansos”(v.5); “ter fome e sede de justiça”
(v.6); “misericordiosos” (v.7); “puros de coração” (v.8); “promover a paz”(v.
9); “ser perseguido por causa da justiça”(v. 10); “injuriado e perseguido por
causa de Jesus” (v.11).
A
PALAVRA NOS ILUMINA
Princípios básicos
a) Somente Deus é totalmente e
plenamente santo e pode ser chamado de Santo. b) Mas, importante é saber, que “esta é a
vontade de Deus: a nossa santificação” (1 Ts 4.
3) e que “Deus nos escolheu para sermos
santos e irrepreensíveis” (Ef 1. 4). c) Santos e santas são
aqueles e aquelas que souberam participar desta vida divina fazendo a vontade
de Deus em cada circunstância até simples de cada dia. d) Todos somos
candidatos à santidade: homens mulheres, jovens, crianças, línguas, de todas as
raças, em todas as épocas, a partir do nosso batismo que é a vocação
fundamental. e) Santidade é dom de Deus, da infinita graça de
Deus e resposta nossa com o esforço de cada dia. f) E temos os meios para
chegar lá: O ES, A ORAÇÃO, OS SACRAMENTOS, A COMUNIDADE, A
PALAVRA A SUA MISERICÓRDIA...
Aprofundando
Ø As
duas propostas claras da liturgia: viver como filhos de Deus e “Bem-
aventurados..” são desafios grandes e não só para
nós hoje, pois, se chocam contra a
sociedade de todos os tempos. As bem-aventuranças são ensaio para Jesus mostrar
como será sua missão, e a missão do
cristão\ã. Elas, não dizem respeito, apenas, ao nosso futuro, mas, falam do
hoje, do entusiasmo por “estar com Deus” em cada momento, bom ou ruim da
vida do nosso sim diário a Ele. Jesus nas bem-aventuranças propõe um estilo de
vida, um caminho de santidade diferente que os filhos\as de Deus, devem
(não podem!) assumir.
Ø Mas,
afinal, existe um tipo de santidade ao alcance de todos? Respondemos logo sim!
A vida, toda ela, é gestada nas coisas pequenas de cada dia, no cotidiano
comum, simples, corriqueiro do trabalho, da vida de família, de comunidade, do
estudo etc. Raras vezes seremos chamados a fazer coisas grandes! Este sim é o caminho para todos (as),
pois, no cotidiano existe uma grande sabedoria de vida, e uma graça profunda,
que só o coração cheio de Deus consegue perceber é o ar de solenidade naquilo
que fazemos. Tudo é caminho de santidade, no momento presente que passa logo. É
só experimentar! A vida cristã assim é uma arte sempre nova. Haverá necessidade
de recomeçar mil vezes, pois nossa fragilidade é grande, mas sabemos que a
graça e a misericórdia são infinitas.
A
PALAVRA NOS AJUDA A VIVER
O Salmo Responsorial 23
Apresenta
duas condições para sermos a geração que procura Deus e buscam a sua face
(procurar, desejar Deus já é caminho de santidade!) :
a)"quem tem mãos puras e inocente
coração;
b) quem
não busca as vaidades nem perjura para enganar seu próximo
Assim temos aqui um roteiro básico de
santidade (v. 2): ter mãos e coração
puro; não buscar vaidades; não enganar o próximo.
A Eucaristia.
Nos
proporciona um momento especial na nossa vida: nós tornamos santos\as quando recebemos a Eucaristia!Naquele
momento participamos de Deus, somos de certa forma “Deus” e alcançamos a máxima
união com Ele aqui nesta terra. Saboreamos o céu! Temos consciência disso?
Pílulas
“Santidade não consiste em não ter pecados, mas
acreditar no amor de Deus apesar dos pecados”
(Chiara Lubich).
"A única tristeza é a de não
ser santo" (Léon Bloy).
“Peçamos a Deus que nos torne santos logo santos
como Ele quer”.
(S. José Marello – S. 172)
Madre Teresa de Calcutá a um jornalista
que lhe perguntava o que sentia ao ser aclamada santa por todo o mundo,
respondeu: “A santidade não é um luxo, é
uma necessidade”.
Lembrete:
OS
MAIORES SANTOS, SERÃO SEMPRE JOSÉ E
MARIA: LEIGOS, CASAL, CONSAGRADOS, PAIS
DO ÚNICO SACERDOTE!
Boa semana- Pe. Mário Guinzoni OSJ
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