Terceiro
Domingo de Advento- C
Alegria
e conversão
Duas
motivações claras neste terceiro domingo de Advento. A primeira é a alegria, pois
é domingo “gaudete” (segunda leitura). Ela deve preencher o nosso coração de
cristãos, “grávido” de Jesus. A Alegria é uma pessoa e não apenas um
sentimento: Jesus!
A
segunda motivação nos convida à conversão com uma pergunta do Evangelho: “Que devemos fazer?” (Lc 3,10). A
multidão, os soldados e os publicanos fazem esta mesma pergunta a João Batista,
tocados pela sua pregação. João dá dicas claras, que caminham na direção do
respeito ao próximo e da pessoa humana em sua dignidade e valor.
Um
convite então a esperar o Natal que se aproxima, com a festa no coração, mas, ao
mesmo tempo a partir para uma conversão feita de escolhas fortes e radicais,
que mudem mesmo nossa vida no caminho do amor. Diz uma música: “podemos dar
mais sem ser heróis especiais”. De fato, basta sermos cristãos!
O
que diz o Evangelho (Lc 3,10-18)
“Que
devemos fazer” (v.10.12.14).
É
a pergunta até normal, para quem experimenta uma emoção profunda e até
violenta, diante da Palavra. Pode se conferir At 2,37; 16,30; 22,10. Estas
perguntas e as respostas que seguem só se encontram em Lucas e oferecem elementos
de mudança e transformação de vida.
“Quem tem duas túnicas dê uma a quem
não tem...”
(v. 11)
É
um convite à partilha dos bens, muita querida a Lucas. A terra é de Deus e tudo
está à disposição de todos. Partilha é um aspecto da justiça, mas, Jesus irá além
(6,29).
“Não exijais mais do que vos foi
ordenado” (v. 13)
Apesar
da fama de pecadores os mesmos publicanos vão atrás de João (5,27; 7,29) que os
adverte para não exigir mais do que é devido a eles= não enganar e roubar!
“Soldados” (v. 14)
Parecem
ser pagãos e o Batista não condena a profissão deles, mas, os adverte de respeitar a justiça.
“Como todos perguntassem em seus
corações se talvez João fosse o Cristo” (v. 15)
A
expectativa do Messias era grande, mas, João afirma claramente de não ser o
Messias, mas, apenas o precursor. O mesmo em At 13,25 e Jo 1,19-28.
“Ele
vos batizará no Espírito Santo e no fogo” (v. 16).
O
fogo é símbolo da santidade de Deus (Is 6,6-7). Isto aparecerá bem no dia de
Pentecostes (At 2,3).Todavia o fogo
lembra também o terrível castigo final (v. 17) “num fogo inextinguível”.
“É assim que ele anunciava ao povo a
boa nova”
(v. 18).
Apesar
de todas as ameaças que recebia, João anuncia a Boa nova e vinda do Salvador.
Meditando
a Palavra
A
primeira leitura de Sofonias, o belíssimo Salmo responsorial, tirado de Isaias
12,1-6 e a segunda leitura, um texto estupendo e muito conhecido de Filipenses,
são como que um HINO À ALEGRIA!
a)
A Alegria é vista como sinal
messiânico e parece pular fora destes textos com um jato de esperança! “Canta de alegria, filha de Sião!
Solta gritos de júbilo” (Sf 3,14).
b) Alegria da presença de Deus: “O rei está no meio de ti” (Sf 3,15); “O Senhor está próximo”(Fl 4,5); “É grande em meio a ti o Santo de Israel”(Salmo
Is 12,3).
c) A alegria afugenta o de medo: “não vos inquieteis com nada”(Fl 4,6).
Mas,
“o que devemos fazer” para “sentir” esta liturgia da alegria? Algumas dicas para perceber vários aspectos
da alegria cristã e se preparar ao Santo Natal.
a)
A alegria da coerência cristã e da não
violência.
No
tempo de João e de Jesus era normal para os soldados serem prepotentes, para os
publicanos roubar, etc, mas, João mostrou um caminho diferente para eles. Assim
hoje, pode ser “normal”, enganar, mentir, roubar, pisar nas pessoas, abusar do
poder, ser ganancioso, mas, neste terrível cotidiano podemos ser chamados a atitudes concretas. Assim um
comerciante cristão só pode pedir preços justos, um político cristão não pode
aceitar “dinheiro extra”, um médico cristão não aceita fazer “certas”
cirurgias”... um advogado cristão não pode defender causas contra a lei de
Deus...Etc. Cada um de nós está nesta lista de uma maneira ou outra...
b)A
alegria da partilha e da solidariedade.
Partilhar:
palavra esquecida neste mundo egoísta e consumista do Natal. Mas partilhar
neste Natal não apenas uma cesta básica abrindo tua carteira e pronto! Não,
junto com a carteira experimente abrir teu coração e ofereça o teu dom como
fruto de uma renúncia por amor. Será um dom mais profundo, um gesto
missionário, e será o verdadeiro Natal! Podemos ter pouco para partilhar, pois,
então, vamos doar um sorriso, um momento de amizade, uma escuta a uma pessoa
que precisa, uma visita a um doente. Seria como partilhar Jesus!
c) A alegria da humildade.
Outra
palavra complicada! Não é verdade que queremos sempre estar na crista da onda
ser superiores aos outros, aparecer? A atitude do Batista que nem se acha digno
de desatar as correias das sandálias de Jesus pode nos fazer viver neste
Advento- Natal uma experiência interior de humildade. Por exemplo: fazer uma
ação (trabalho, gesto de caridade), só para Jesus, evitando ser visto pelos
homens, ou trabalhar sem ser reconhecidos, louvados bem no estilo de José e
Maria de Nazaré. Lembre o que dizia João Batista: “Preciso que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,20). E aí sim, sentirá
dentro, uma alegria profunda: aquela de amar de verdade!
“Tem uma alegria autêntica que é libertar-se do
egoismo e o cristianismo outra coisa não é que a vitória sobre o pecado e a morte
e não é um conjunto de probições, mas sim, uma Boa Nova, uma verdadeira
alegria. O cristianismo não é obstáculo à alegria” (Bento XVI)
A
Palavra nos ajuda a orar e viver
Ø Faça do Salmo responsorial (Is 12, 1-3)
a tua oração nesta semana. Uma estrofe, ou frase, cada dia para saborear e
viver e “exultar cantando”...
1.
Eis
o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo;/ o Senhor é minha força, meu
louvor e salvação./ Com alegria bebereis no manancial da salvação,/ e direis naquele
dia: Dai louvores ao Senhor.
2.
Invocai
seu santo nome, anunciai suas maravilhas,/ entre os povos proclamai que seu
nome é o mais sublime.
3.
Louvai
cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos,/ publicai em toda a
terra suas grandes maravilhas!/ Exultai cantando alegres habitantes de Sião,/
porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!"
Ø Não permita que neste Natal as luzes,
as músicas, o comércio te conquistem!... Reflita bem que Jesus ao se encarnar
escolheu para si uma radicalidade extrema por causa de cada um de nós. Isto é o essencial
do Natal! Prepare-se
a viver liturgicamente este evento de fé e amor com todo empenho em dar atenção
a Ele, o aniversariante, e a preparar o teu coração para um projeto de vida
mais coerente, corajoso e audaz. Coragem!
Ø Por exemplo: pense um pouco o que
precisa para você, tua família, tua comunidade viver a alegria verdadeira. Certamente
não basta uma novena, uma celebração..Isto é bom, claro! Mas, quem sabe, dar
mais tempo a Deus, deixar o orgulho de lado, valorizar mais os pequenos, ser
mais autêntico e sincero com gestos concretos de caridade e amor....
Ø Lembrete: a campanha para a sustentação
da evangelização da Igreja. Natal tempo de Nova evangelização. Pode
encontrar a motivação para esta coleta na partilha dos bens, proclamada no
Evangelho.
Reflita:
“As pessoas pensam demais no que devem fazer e muito pouco naquilo que devem
ser”.
(Mestre Eckhart 1260- 1328)
Bom
Domingo para todos e todas.
Pe.
Mário Guinzoni OSJ
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