sábado, 15 de dezembro de 2012

Alegria e conversão


Terceiro Domingo de Advento- C
Alegria e conversão
Duas motivações claras neste terceiro domingo de Advento. A primeira é a alegria, pois é domingo “gaudete” (segunda leitura). Ela deve preencher o nosso coração de cristãos, “grávido” de Jesus. A Alegria é uma pessoa e não apenas um sentimento: Jesus!
A segunda motivação nos convida à conversão com uma pergunta do Evangelho: “Que devemos fazer?” (Lc 3,10). A multidão, os soldados e os publicanos fazem esta mesma pergunta a João Batista, tocados pela sua pregação. João dá dicas claras, que caminham na direção do respeito ao próximo e da pessoa humana em sua dignidade e valor.
Um convite então a esperar o Natal que se aproxima, com a festa no coração, mas, ao mesmo tempo a partir para uma conversão feita de escolhas fortes e radicais, que mudem mesmo nossa vida no caminho do amor. Diz uma música: “podemos dar mais sem ser heróis especiais”. De fato, basta sermos cristãos!
O que diz o Evangelho (Lc 3,10-18)
 “Que devemos fazer” (v.10.12.14).
É a pergunta até normal, para quem experimenta uma emoção profunda e até violenta, diante da Palavra. Pode se conferir At 2,37; 16,30; 22,10. Estas perguntas e as respostas que seguem só se encontram em Lucas e oferecem elementos de mudança e transformação de vida.
“Quem tem duas túnicas dê uma a quem não tem...” (v. 11)
É um convite à partilha dos bens, muita querida a Lucas. A terra é de Deus e tudo está à disposição de todos. Partilha é um aspecto da justiça, mas, Jesus irá além (6,29).
“Não exijais mais do que vos foi ordenado” (v. 13)
Apesar da fama de pecadores os mesmos publicanos vão atrás de João (5,27; 7,29) que os adverte para não exigir mais do que é devido a eles= não enganar e roubar!
“Soldados” (v. 14)
Parecem ser pagãos e o Batista não condena a profissão deles, mas, os adverte de   respeitar a justiça.
“Como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo” (v. 15)
A expectativa do Messias era grande, mas, João afirma claramente de não ser o Messias, mas, apenas o precursor. O mesmo em At 13,25 e Jo 1,19-28.
 “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo” (v. 16).
O fogo é símbolo da santidade de Deus (Is 6,6-7). Isto aparecerá bem no dia de Pentecostes (At 2,3).Todavia o fogo  lembra também o terrível castigo final (v. 17) “num fogo inextinguível”.
“É assim que ele anunciava ao povo a boa nova” (v. 18).
Apesar de todas as ameaças que recebia, João anuncia a Boa nova e  vinda do Salvador.

Meditando a Palavra

A primeira leitura de Sofonias, o belíssimo Salmo responsorial, tirado de Isaias 12,1-6 e a segunda leitura, um texto estupendo e muito conhecido de Filipenses, são como que um HINO À ALEGRIA! 

a) A Alegria é vista como sinal messiânico e parece pular fora destes textos com um jato de esperança! “Canta de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo” (Sf 3,14).
b) Alegria da presença de Deus: “O rei está no meio de ti” (Sf 3,15); “O Senhor está próximo”(Fl 4,5); “É grande em meio a ti o Santo de Israel”(Salmo Is 12,3).
c) A alegria afugenta o de medo: “não vos inquieteis com nada”(Fl 4,6).  

Mas, “o que devemos fazer” para “sentir” esta liturgia da alegria?  Algumas dicas para perceber vários aspectos da alegria cristã e se preparar ao Santo Natal.
a)     A alegria da coerência cristã e da não violência.
No tempo de João e de Jesus era normal para os soldados serem prepotentes, para os publicanos roubar, etc, mas, João mostrou um caminho diferente para eles. Assim hoje, pode ser “normal”, enganar, mentir, roubar, pisar nas pessoas, abusar do poder, ser ganancioso, mas, neste terrível cotidiano podemos  ser chamados a atitudes concretas. Assim um comerciante cristão só pode pedir preços justos, um político cristão não pode aceitar “dinheiro extra”, um médico cristão não aceita fazer “certas” cirurgias”... um advogado cristão não pode defender causas contra a lei de Deus...Etc. Cada um de nós está nesta lista de uma maneira ou outra...
 b)A alegria da partilha e da solidariedade.
Partilhar: palavra esquecida neste mundo egoísta e consumista do Natal. Mas partilhar neste Natal não apenas uma cesta básica abrindo tua carteira e pronto! Não, junto com a carteira experimente abrir teu coração e ofereça o teu dom como fruto de uma renúncia por amor. Será um dom mais profundo, um gesto missionário, e será o verdadeiro Natal! Podemos ter pouco para partilhar, pois, então, vamos doar um sorriso, um momento de amizade, uma escuta a uma pessoa que precisa, uma visita a um doente. Seria como partilhar Jesus!
c) A alegria da humildade.
Outra palavra complicada! Não é verdade que queremos sempre estar na crista da onda ser superiores aos outros, aparecer? A atitude do Batista que nem se acha digno de desatar as correias das sandálias de Jesus pode nos fazer viver neste Advento- Natal uma experiência interior de humildade. Por exemplo: fazer uma ação (trabalho, gesto de caridade), só para Jesus, evitando ser visto pelos homens, ou trabalhar sem ser reconhecidos, louvados bem no estilo de José e Maria de Nazaré. Lembre o que dizia João Batista: “Preciso que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,20). E aí sim, sentirá dentro, uma alegria profunda: aquela de amar de verdade!

“Tem uma alegria autêntica que é libertar-se do egoismo e o cristianismo outra coisa não é que a vitória sobre o pecado e a morte e não é um conjunto de probições, mas sim, uma Boa Nova, uma verdadeira alegria. O  cristianismo não é  obstáculo à alegria”  (Bento XVI)

A Palavra nos ajuda a orar e viver
  Ø  Faça do Salmo responsorial (Is 12, 1-3) a tua oração nesta semana. Uma estrofe, ou frase, cada dia para saborear e viver e “exultar cantando”...

1.     Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo;/ o Senhor é minha força, meu louvor e salvação./ Com alegria bebereis no manancial da salvação,/ e direis naquele dia: Dai louvores ao Senhor.
2.     Invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas,/ entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime.
3.     Louvai cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos,/ publicai em toda a terra suas grandes maravilhas!/ Exultai cantando alegres habitantes de Sião,/ porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!"

Ø  Não permita que neste Natal as luzes, as músicas, o comércio te conquistem!... Reflita bem que Jesus ao se encarnar escolheu para si uma radicalidade extrema por causa de cada um de nós. Isto é o essencial do Natal! Prepare-se a viver liturgicamente este evento de fé e amor com todo empenho em dar atenção a Ele, o aniversariante, e a preparar o teu coração para um projeto de vida mais coerente, corajoso e audaz. Coragem!
Ø  Por exemplo: pense um pouco o que precisa para você, tua família, tua comunidade viver a alegria verdadeira. Certamente não basta uma novena, uma celebração..Isto é bom, claro! Mas, quem sabe, dar mais tempo a Deus, deixar o orgulho de lado, valorizar mais os pequenos, ser mais autêntico e sincero com gestos concretos de caridade e amor....
Ø  Lembrete: a campanha para a sustentação da evangelização da Igreja. Natal tempo de Nova evangelização.  Pode encontrar a motivação para esta coleta na partilha dos bens, proclamada no Evangelho.

Reflita: “As pessoas pensam demais no que devem fazer e muito pouco naquilo que devem ser”.
(Mestre Eckhart 1260- 1328)


Bom Domingo para todos e todas.

Pe. Mário Guinzoni OSJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário