sábado, 29 de dezembro de 2012

Sagrada Família


                                  Jesus, Maria e José

Fala-se muito de família, mas, o que quer dizer a palavra família? Vem do latim: famulus = aquele que serve. O famulus era o servidor, o criado o escravo; portanto, já na sua etimologia, família encerra um sentido profundo de serviço e do amor! A belíssima liturgia de hoje, também, nos sugere duas reflexões:a) a sabedoria; b) o cotidiano. A Sabedoria é como que o centro do Evangelho; de fato afirma que Jesus “crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens” (v 52), e apresenta nos versículos 46-47 Jesus, o sábio, no meio dos doutores da lei. O cotidiano: a família de Nazaré viveu no cotidiano anônimo por muitos anos. Um dia-dia normal de todas as famílias, uma santidade feita de pequenas coisas. Então está pronto um cardápio que chama a atenção: aprender a Sabedoria de servir nas pequenas coisas.

O que diz o evangelho de Lucas  2,41-52
a)Um contexto  claramente pascal.
Isto fica claro não somente “pela festa de Páscoa” (v.41), mas também pelas alusões aos “três dias”(v. 46), e pela pergunta que Jesus faz aos pais: “por que me procuráveis?”(v. 49) que é a mesma, que Jesus fará às mulheres  no sepulcro (Lc 24,6). Podemos encontrar, também, o contexto pascal na palavra “devo” (v. 49) que exprime um desejo forte de Jesus cumprir o mandato do Pai (cfr. 9,22; 17,25, 24, 7). Fica assim claro que a infância de Jesus foi lida por Lucas e pelas primeiras comunidades na ótica pascal.
b) Um contexto filial com o Pai.
“Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai? (V. 49); pode se traduzir também com as coisas do Pai, ou as coisas da casa do Pai. “O encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas”. (v. 46-47). É um Jesus menino, que começa a compreender a sua missão e que manifesta sua identidade que vai assumir na vida pública mais tarde, quando falando de Deus o chamará de Pai, ou de Meu Pai. Na verdade sem este relacionamento profundo com o Pai nunca podemos entender  Jesus.
c) Um contexto familiar de vida cotidiana.
Fala-se dos “pais de Jesus” (v. 41. 43.48. 51); fala-se da “sua mãe” (v.48. 51) e ela fala do “teu pai e eu” (v. 48). O clima é bem familiar pela peregrinação a Jerusalém, pela preocupação dos pais: “angustiados a tua procura”(v 48), pelo fato que “desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente (v. 51). Também Maria que “conservava no coração todas estas coisas” (v. 51) e Jesus que “crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens” (v 52), são claramente quadros de vida cotidiana, simples de Nazaré. Uma vida feita de trabalho, de escondimento, de silêncio de amor.
A Palavra ilumina nossa vida
Com a palavra o Papa Bento XVI - 14 maio 2009 em Nazaré
1) “Cada membro de família pode olhar para a Sagrada Família, inspirar-se nela, para saber que comportamento adotar.  No carpinteiro de Nazaré, Jesus viu como a autoridade colocada ao serviço do amor é infinitamente mais frutífera que o poder que busca dominar. Como nosso mundo precisa do exemplo guia e força de homens como José

As mulheres tem um papel indispensável em criar essa “ecologia humana” que nosso mundo, e esta terra, precisam tão urgentemente: um ambiente no qual as crianças aprendem a amar e cuidar dos outros, serem honestas e respeitosas a todos, praticar as virtudes de misericórdia e perdão.

Gostaria simplesmente de deixar um pensamento particular aos jovens. Faço-lhes um chamado a refletir sobre isto, e deixar que o exemplo de Jesus lhes guie, não apenas ao mostrar respeito por seus pais, mas também ao ajudá-los a descobrir mais fortemente o amor que dá à nossa vida seu sentido mais profundo.

2) Sabemos que a família passa por muitos  vendavais, mas o que é inegociável na família?
O matrimônio de um homem e de uma mulher e o sacramento como obras e invenções de Deus; a fidelidade como base de tudo; o valor da fé e do amor; a vida acima de tudo desde a concepção ao seu fim natural: aborto nunca!; a dignidade igual entre o homem e a mulher; o trabalho e  uma vida digna com moradia, saúde, lazer que permita aos filhos crescerem em sabedoria idade e graça... (Vocês podem  continuar ok?)

A Palavra nos faz viver

a)   Família: caminho se faz caminhando
O caminho do amor deve ser sempre de novo. Cada família deve fazer o seu caminho e cada dia e cada época será sempre diferente. A rota também é desconhecida e no amor não tem cálculos: são os pequenos passos de perdão, de diálogo, de recomeçar.. A primeira leitura (Eclesiástico 3, 3-7.14-17) e a segunda (Col 3, 12-21) apresentam um estilo de amor que cada família deve encontrar.
b)Sugestões para um casal e uma família cristã.
  • Por que não encontrar um tempo para a família, para o casal se encontrar na oração todos os dias e no diálogo conjugal profundo que alguns casais chamam: o dever de sentar!
  • Que tal um estilo mais sóbrio e menos consumismo?
  • Pergunta: como evangelizar a sexualidade e valorizar sempre a paternidade e maternidade?
  • Importante: participar da Eucaristia dominical, da comunidade e ter um momento regular de reconciliação com Deus e de orientação espiritual;
  • Olhar ao redor os problemas sociais com solidariedade partilha e missionariedade.

  • OBS 1: ESTAMOS CONVENCIDOS QUE CASAMENTO É LUGAR DE SANTIDADE?
  • OBS 2: QUANDO EXISTE O VERDADEIRO AMOR TODA FAMÍLIA É “SAGRADA”.

Vale a pena refletir
Quando falamos da Sagrada Família pensamos a uma família poética, perfeita e harmônica e  parece que  José e Maria nunca tiveram dúvidas, problemas.. Sim...  mas, se olharmos o Evangelho (mas o que podemos olhar mais?) temos uma imagem diferente: também nesta família não se compreendiam, mesmo não faltando nunca o amor. O filho que se emancipava (aos doze anos como de costume na época) criava uma situação incompreensível, tensa, que bem se parece com tantas  famílias de sempre. Estava com o pai ou com a mãe? De quem é a culpa? Por que isso? Que está acontecendo? (v. 48). Amigo\a, assim acontece com teu filho e filha que de repente vai pelo seu caminho e percebe que não lhe “pertence mais” e daí as perguntas, as dúvidas entre marido e mulher. Precisa que cada casal neste momento saiba, como Maria e José, OFERECER O FILHO AO TEMPLO= A DEUS, ou seja, ao mundo, ao futuro, ao seu caminho, mesmo que seja dor deixá-lo ir. Não é uma traição do filho(a) é “apenas” a VIDA QUE AVANÇA! De fato, José e Maria “não compreenderam o que ele lhes dissera” (v. 50), ma fizeram o passo da fé: deixaram o campo a Deus! E deu o que deu: Jesus!

Um ano novo cheio de Deus para todos e todas.

Padre Mário Guinzoni OSJ

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