Jesus, Maria e José
Fala-se
muito de família, mas, o que quer dizer a palavra família? Vem do latim: famulus = aquele que serve. O famulus era o
servidor, o criado o escravo; portanto, já na sua etimologia, família encerra um
sentido profundo de serviço e do amor!
A belíssima liturgia de hoje, também, nos sugere duas reflexões:a) a
sabedoria; b) o cotidiano. A Sabedoria é como que o centro do Evangelho; de
fato afirma que Jesus “crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens” (v 52), e apresenta nos versículos
46-47 Jesus, o sábio, no meio dos doutores da lei. O cotidiano: a família de Nazaré viveu no cotidiano anônimo por
muitos anos. Um dia-dia normal de todas as famílias, uma santidade feita de
pequenas coisas. Então está pronto um cardápio que chama a atenção: aprender a Sabedoria de servir nas
pequenas coisas.
O
que diz o evangelho de Lucas 2,41-52
a)Um
contexto claramente pascal.
Isto
fica claro não somente “pela festa de
Páscoa” (v.41), mas também pelas alusões aos “três dias”(v. 46), e pela pergunta que Jesus faz aos pais: “por que me procuráveis?”(v. 49) que é a
mesma, que Jesus fará às mulheres no
sepulcro (Lc 24,6). Podemos encontrar, também, o contexto pascal na palavra “devo” (v. 49) que exprime um desejo
forte de Jesus cumprir o mandato do Pai (cfr. 9,22; 17,25, 24, 7). Fica assim
claro que a infância de Jesus foi lida por Lucas e pelas primeiras comunidades
na ótica pascal.
b)
Um contexto filial com o Pai.
“Não sabeis que devo estar na casa de
meu Pai? (V. 49); pode
se traduzir também com as coisas do
Pai, ou as coisas da casa do Pai. “O
encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo
perguntas. Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua
inteligência e suas respostas”. (v. 46-47). É um Jesus menino, que começa a
compreender a sua missão e que manifesta sua identidade que vai assumir na vida
pública mais tarde, quando falando de Deus o chamará de Pai, ou de Meu Pai. Na
verdade sem este relacionamento profundo com o Pai nunca podemos entender Jesus.
c)
Um contexto familiar de vida cotidiana.
Fala-se
dos “pais de Jesus” (v. 41. 43.48.
51); fala-se da “sua mãe” (v.48. 51)
e ela fala do “teu pai e eu” (v. 48).
O clima é bem familiar pela peregrinação a Jerusalém, pela preocupação dos pais:
“angustiados a tua procura”(v 48),
pelo fato que “desceu então com seus pais
para Nazaré, e era-lhes obediente (v. 51). Também Maria que “conservava no coração todas estas coisas”
(v. 51) e Jesus que “crescia em
sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens” (v 52),
são claramente quadros de vida cotidiana, simples de Nazaré. Uma vida
feita de trabalho, de escondimento, de silêncio de amor.
A
Palavra ilumina nossa vida
Com
a palavra o Papa Bento XVI - 14 maio 2009 em Nazaré
1)
“Cada membro de família pode olhar para a Sagrada Família, inspirar-se nela,
para saber que comportamento adotar. No
carpinteiro de Nazaré, Jesus viu como a autoridade colocada ao serviço do amor
é infinitamente mais frutífera que o poder que busca dominar. Como nosso mundo
precisa do exemplo guia e força de homens como José
As
mulheres tem um papel indispensável em criar essa “ecologia humana” que nosso
mundo, e esta terra, precisam tão urgentemente: um ambiente no qual as crianças
aprendem a amar e cuidar dos outros, serem honestas e respeitosas a todos,
praticar as virtudes de misericórdia e perdão.
Gostaria
simplesmente de deixar um pensamento particular aos jovens. Faço-lhes um
chamado a refletir sobre isto, e deixar que o exemplo de Jesus lhes guie, não
apenas ao mostrar respeito por seus pais, mas também ao ajudá-los a descobrir
mais fortemente o amor que dá à nossa vida seu sentido mais profundo.
2)
Sabemos que a família passa por muitos vendavais, mas o que é inegociável na
família?
O
matrimônio de um homem e de uma mulher e o sacramento como obras e invenções de
Deus; a fidelidade como base de tudo; o valor da fé e do amor; a vida acima de
tudo desde a concepção ao seu fim natural: aborto
nunca!; a dignidade igual entre o homem e a mulher; o trabalho e uma vida digna com moradia, saúde, lazer que
permita aos filhos crescerem em sabedoria idade e graça... (Vocês podem continuar ok?)
A
Palavra nos faz viver
a)
Família:
caminho se faz caminhando
O
caminho do amor deve ser sempre de novo. Cada família deve fazer o seu caminho
e cada dia e cada época será sempre diferente. A rota também é desconhecida e
no amor não tem cálculos: são os pequenos passos de perdão, de diálogo, de
recomeçar.. A primeira leitura (Eclesiástico
3, 3-7.14-17) e a segunda (Col 3, 12-21) apresentam um estilo de amor
que cada família deve encontrar.
b)Sugestões
para um casal e uma família cristã.
- Por que não encontrar um tempo para a família,
para o casal se encontrar na oração todos os dias e no diálogo conjugal
profundo que alguns casais chamam: o dever de sentar!
- Que tal um estilo mais sóbrio e menos
consumismo?
- Pergunta: como evangelizar a sexualidade e
valorizar sempre a paternidade e maternidade?
- Importante: participar da Eucaristia
dominical, da comunidade e ter um momento regular de reconciliação com
Deus e de orientação espiritual;
- Olhar ao redor os problemas sociais com
solidariedade partilha e missionariedade.
- OBS 1: ESTAMOS CONVENCIDOS QUE CASAMENTO É LUGAR DE SANTIDADE?
- OBS 2: QUANDO EXISTE O VERDADEIRO AMOR TODA FAMÍLIA É “SAGRADA”.
Vale
a pena refletir
Quando
falamos da Sagrada Família pensamos a uma família poética, perfeita e harmônica
e parece que José e Maria nunca tiveram dúvidas,
problemas.. Sim... mas, se olharmos o
Evangelho (mas o que podemos olhar mais?) temos uma imagem diferente: também
nesta família não se compreendiam, mesmo
não faltando nunca o amor. O filho que se emancipava (aos doze anos
como de costume na época) criava uma situação incompreensível, tensa, que bem
se parece com tantas famílias de sempre.
Estava com o pai ou com a mãe? De quem é a culpa? Por que isso? Que está
acontecendo? (v. 48). Amigo\a, assim acontece com teu filho e filha que de
repente vai pelo seu caminho e percebe que não lhe “pertence mais” e daí as
perguntas, as dúvidas entre marido e mulher. Precisa que cada casal neste
momento saiba, como Maria e José, OFERECER
O FILHO AO TEMPLO= A DEUS, ou seja, ao
mundo, ao futuro, ao seu caminho, mesmo que seja dor deixá-lo ir. Não é uma
traição do filho(a) é “apenas” a VIDA QUE AVANÇA! De fato, José e Maria “não compreenderam o que ele lhes dissera”
(v. 50), ma fizeram o passo da fé: deixaram o campo a Deus! E deu o que deu:
Jesus!
Um ano novo cheio de Deus para todos
e todas.
Padre Mário Guinzoni OSJ
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