terça-feira, 18 de junho de 2013

A recompensa do Pai

O Evangelho de hoje Mt 6,1-6.16-18 é por demais conhecido e introduz a Quaresma todos os anos na quarta f. de Cinzas.  Começa com uma chamada de atenção de Jesus a não praticar a justiça (= viver a fé e a santidade) para ser  “vistos pelos homens” (v. 1). Este é o perigo que sempre sorrateiramente se instala, mesmo com as melhores intenções de servir e amar. O texto cita três momentos da vida dos Judeus, como que três pilares sobre os quais se sustentava a vivência da  Lei (Torah):
ü  Esmola;
ü  Oração;
ü  Jejum.

Pois bem, estas três práticas devem ser vividas com o “coração”, mais do que com a cabeça, na sinceridade e sem hipocrisia = mentira. “Hipócrita” era o personagem que fazia no teatro um papel qualquer bem diferente da vida normal dele; daí vem que quando na vida vivemos uma duplicidade, somos hipócritas mesmo. Este perigo existe para todos na Igreja e no mundo.
Dar esmola para ser visto e ainda tocar a “trombeta” (v.2) é para Jesus hipocrisia e como!
Orar bem a vista de todos e para receber louvores é oração falsa!
Jejuar com ar triste para que os outros vejam e fiquem maravilhados é atitude de mascarado mesmo!
Quem assim age não vai receber a recompensa de Deus: já a recebeu os homens! O Evangelho nos convida a agir com o coração com amor a Deus e aos outros, a uma prática de fé sem segundas intenções “escondidas” . Ou seja: o que vale  é a reta intenção!
O escondimento, este sim, deve ser dentro para que o Pai,

“que vê o que está escondido, te dará a recompensa” (v 18).

Mas como hoje podemos entender esmola, oração e jejum?
Esmola não pode ser apenas um “trocadinho” para o pobre da esquina para aliviar a consciência, mas por esmola se entende nossa vida toda. Dar-se, e  não apenas dar algo. Dar tudo de nós!

Oração não é apenas alguns “Pais Nossos” e “Ave Marias” sapecados, ou uma missa de “preceito” no domingo, mas, uma vida interior orante, uma vida oblativa a Deus que junte à oração uma vida honesta, justa, fiel, ou seja: um testemunho de vida.

Jejum não pode ser apenas uma renúncia alguns dias do ano de carne ou e sentir fome, mas, é algo mais: jejum de julgamentos, de fofocas, de cuidado com olhos, cobiças, desejos. Jejum de pecado. Raniero Cantalamessa fala de outro jejum para nós hoje: jejum da imagem: somos escravos de TV, de internet e de redes, de  ver tudo, e não tudo pode ser visto. Perguntemo-nos: um cristão\a pode assistir novelas? Mas aqui também, o jejum, tudo em vista de Deus e de muitos irmãos\ãs que hoje jejum e passam fome mesmo! Sem amor a Deus jejum é nada!

Este é para nós hoje o segredo deste evangelho.  Paulo na primeira leitura de hoje 2 Cor 9,6-11 oferece um resumo muito lindo de tudo isso: “Deus 'ama quem dá com alegria” (v. 7).  Isto: Jejum, esmola e oração devem ser doados com alegria. Experimentaremos o amor de Deus. E que queremos mais?
S. José
José (sempre e junto com Maria) como bom judeu certamente fez da esmola, oração e jejum uma base de sua espiritualidade e obediência à Torah. Sabemos que eles frequentavam o templo conforme as leis 
( Lc 2,41) e que obedeceram às mesmas leis referentes à circuncisão e apresentação (Lc 2,21ss) etc.
Mas também encontramos em José e Maria atitudes interiores que os fizeram superar as leis e deram à existência deles uma característica de vida interior orante, de serviço e esmola de suas vidas e de jejuns e desapegos sempre prontos a perder projetos para salvar Jesus, para assumir a vontade do  Pai. “José é mestre da vida interior e escondida” (S. José Marello)
José é ícone de oração e vida para todas as vocações, de amor e dedicação de amor concreto tipo: topa tudo por Jesus!  Viveu o sermão da montanha  antes de Jesus pronunciá-lo e fez das leis um SIM de Amor. Doou com alegria e foi amado por Deus!
Que José e Maria estejam um pouco em cada um\a de nós e possamos viver esperando apenas a RECOMPNSA DO PAI.

Padre Mário Guinzoni OSJ    


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