sexta-feira, 28 de junho de 2013

SÃO PEDRO E SÃO PAULO

                                                                                Os dois olhos da igreja

Um texto muito conhecido do grande São Leão Magno, Doutor da Igreja (papa de 29 de setembro de 440 até 10 de novembro de 461), apresenta os apóstolos Pedro e Paulo, como sendo os dois olhos da igreja. Ele escreve: “Ao celebrarmos a memória dos apóstolos São Pedro e São Paulo, com razão nos devemos gloriar mais jubilosamente, pois a graça de Deus os elevou tão alto entre todos os membros da Igreja que os constituiu como a luz dos dois olhos no corpo de que Cristo é a cabeça” (Sermão 82). Dois amigos, dois apóstolos: lutam e se desentendem, mas, ambos amam tremendamente Jesus, e acabam morrendo em Roma pela causa do Mestre. São testemunhas também para a Igreja dos nossos dias. Hoje lembramos também o dia do Papa: oremos para que Francisco seja  sempre assistido pelo ES.  

O EVANGELHO: Mt 16,13-19         
Inegavelmente há um ar de solenidade no texto, pois, é denso e elaborado.  Eis a explicação de alguns versículos.
O Filho do Deus vivo” (v. 16).
Em Mateus esta expressão é já reflexão da fé das comunidades dos anos 70, quando mais ou menos foi escrito este Evangelho.
“Não foi um ser humano que te revelou isso” (v.17)
O texto fala de carne e sangue = a pessoa pelas suas próprias forças. Pedro sozinho era incapaz de perceber, com sua inteligência e forças, a verdade sobre Jesus. Precisou de uma revelação de Deus!
“Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (v. 18)
O nome novo equivale a uma nova criação e missão, uma nova história, o novo que Jesus veio trazer até hoje. Fica evidente que é Jesus que edifica a Igreja que é Ele o mediador e que Pedro e os outros são apenas fundamentos (Cfr. Ef 2,20). Mas a missão de Pedro é algo de único no tempo. Temos que notar que a Palavra Igreja encontra-se nos Evangelhos apenas neste texto e em 18,17. Os Atos, ao contrário, fazem uso desta palavra muitas vezes.
“O poder do inferno nunca poderá vencê-la” (v. 18).
Cesárea de Felipe (Cfr. v. 13) ficava aos pés do monte Hermon, onde havia uma gruta pagã. Ali Herodes tinha construído um templo a Cesar e o local começou a se chamar de Cesárea por Filipe, filho de Herodes. Venerar um homem era obra satânica para os hebreus, e a gruta era assim considerada a porta de satanás, e se pensava que o inferno, ou o império da morte, um dia tragaria aquele lugar!  Por isso entende-se até historicamente a frase de Jesus!
“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus” (v. 19).
A palavra “chaves” indica um poder de vida (Cfr. Is 22,22; Ap 1,18) e o “ligar e desligar” indica uma autoridade que se origina em Deus e que  está a serviço da fé na pessoa de Cristo. Em Mt 18,18 este poder que é SERVIÇO  tem também um perspectiva eclesial aberta aos discípulos, portanto, não possui apenas  uma conotação hierárquica.
LER A VIDA COM A PALAVRA
A primeira leitura (At 12,1-11), fala da libertação de Pedro  da cadeia pela intervenção do “anjo do Senhor (v.7). A segunda leitura (2 Tm 4,6-8.17-18) apresenta o testemunho de Paulo também na cadeia pela causa de Cristo; lembremos que Paulo várias vezes  ficou na cadeia (Ex. At 16,19-40 e 2 Cor 11,16-33). 
Apenas duas reflexões.
v  CRISTO.
O evangelho apresenta a identidade de Jesus: “o Messias o Filho de Deus vivo” (v.16), mas, o que está em jogo é também a nossa identidade de discípulos\as e missionários\as.

A fé em Jesus é pessoal, concreta, cotidiana, me compromete pessoalmente, me coloca em jogo, me faz lutar pela vida, pela justiça participando como ator do momento que o nosso país está vivendo. Jesus é a grande jogada de nossa vida!

A moral e a doutrina são apenas uma consequência de uma escolha clara e forte: antes vem minha adesão pessoal a Jesus. Pedro e Paulo são mestres nesta escolha de Cristo. Pedro, ainda que frágil e pecador, ama Jesus. Só ler os Atos At 2,14-36; 3,5-8; 3,12 ss; 4,18-22; 5,28-32 e as duas cartas que escreveu. Paulo nem precisa falar! As cartas, as suas viagens, as peripécias, são eloquente testemunho de amor a Jesus! Conferir algumas pérolas do amor de Paulo por Jesus: Gal 2,20; Fl 1,21.23; 1 Cor 3,11; Col 1, 15-20; Fl 2, 6-11; etc. Realmente para ele a  única “realidade é Cristo” (Col 2,17), o resto é mesmo “esterco” (Fl 3,8).  
v  A IGREJA.
Pedro recebe, no Evangelho de hoje o serviço: as chaves para = ligar e desligar. Uma missão especial na Igreja e para a Igreja. O serviço de Pedro é de unidade e de caridade dentro da Igreja, apesar de que nem sempre foi assim. Mas a Igreja, inventada e fundada por Jesus, está mesmo nas mãos frágeis de todos os Pedros e nas mãos frágeis de tantos ‘Paulos’ e hoje em nossas mãos “pós - modernas” que continuam frágeis! Ter fé em Cristo comprometer-se com Ele é ter fé na Igreja, amar a Igreja como ela é e comprometer-se com ela! Não tem escapatória! Muitos textos das cartas de Paulo sobre a comunidade são bem claros (Rm 12; 15; I Cor 1, 12-14 etc). O ES é que dirige a Igreja formada pela hierarquia e pelo Povo de Deus. Sem a docilidade ao ES a Igreja é um clube, uma “ONG PIEDOSA” (Papa Francisco) ou, pior ainda, um grupo voltado para o poder!

Não tem Cristo sem Igreja; não se pode amar Cristo  sem amar a Igreja.

A PALAVRA NA ORAÇÃO E NA VIDA
1)     Dia do Papa.
A comunidade, na primeira leitura rezava pela libertação de Pedro: “A Igreja rezava continuamente a Deus por ele” (At 12,5); um convite para orar pelo Papa hoje, pois, o Espírito nos convida a uma renovação da santidade do clero e de toda a Igreja!

A MENSAGEM DE PAPA FRANCISCO nestes primeiros meses questiona nossa vida: a) Uma Igreja pobre para os pobres, b) Primazia da humildade c) Estar imerso no povo, d) Não ter medo da ternura e da misericórdia, e) O verdadeiro poder é serviço, f) A fé se propõe, não se impõe, g) A Igreja não é organização humanitária, h) Dizer não ao pessimismo, i) Saber sorrir e ter esperança, j) Importância da unidade, l) A evangélica coragem da sinceridade. (Extraído de um artigo de Padre Luiz Gonzalez Quevedo SJ).

2)     Um ato de fé.
Convido você a fazer um ato de fé nesta semana sobre estas palavras de Jesus, e acreditar que a Igreja de hoje também, mesmo nas suas dificuldades e provações, vai vencer, pois, Cristo é seu fundamento. Pergunte-se: crê na Igreja? Aceita a Igreja? Sente-se Igreja? Não somente racionalmente, mas, afetivamente e na vida prática!
3)     Um olhar sobre a nossa comunidade.
Só um “louco” como Jesus podia unir e colocar juntos Pedro e Paulo muito diferentes! Jesus é o centro de unidade da Igreja. Ainda hoje com comunidades culturas realidades diferentes a unidade é a marca da Igreja mesmo que sofrida: uma rede de comunidades. Jesus diz a “minha Igreja” (v.18), não as minhas Igrejas! Faça uma lista de coisa positivas que você encontra em sua comunidade paroquial, e agradeça a Jesus de fazer parte desta vida. E o amor destas santas nos ilumine:

Catarina de Sena (1347-1380) morreu repetindo: "Se morrer, sabeis que morro de paixão pela Igreja". Teresa de Ávila (1515-1582): “Senhor morro filha da Igreja”; Terezinha do Menino Jesus (1873- 1897): “No coração da Igreja serei o amor”.

Padre Mário Guinzoni OSJ


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