quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Onde encontrar vocações?



Após longa discussão, num grupo de padres, sobre a melhor idade e escolaridade para se encontrar vocações, alguém teve a feliz idéia de inquirir sobre a idade com que cada um dos presentes havia ingressado no Seminário. Por coincidência, a idade girou em torno dos 12 anos. Não é preciso dizer que a discussão tomou outros rumos.
Creio que antes de estabelecermos uma idade para que Deus chame alguém, deveríamos nos colocar em outra atitude, isto é, deixar que Ele chame quem quiser, quando quiser e como quiser.
Nos diferentes trabalhos vocacionais realizados, de modo especial em escolas e grupos de catequese, de fato se verifica uma sensibilidade maior para o religioso, para as coisas de Deus, disposição para a dimensão espiritual da vida, na idade de 11 a 13 anos, correspondente às 5ª, 6ª e 7ª séries. Na catequese, corresponde aos grupos de 1ª Eucaristia.
Estamos falando da etapa do “despertar vocacional”, em que encontramos o primeiro encantamento pelas coisas de Deus em sua Igreja. O coração da criança e do adolescente é sensível a uma proposta vocacional. Nada impede que se formem grupos ou clubes vocacionais para o acompanhamento. Ninguém deseja matricular imediatamente alguém numa casa de formação sem conhecer a reta intenção, as aptidões e as disposições de seu coração.
O que se constata em muitas pessoas e a incoerência, e não raras vezes uma falsidade ou hipocrisia muito grande quando se fala do futuro de uma pessoa. Se uma criança proclama aos quatro cantos da terra que deseja ser artista, modelo, ator ou atriz, jogador de futebol, cientista etc, todas as vozes se levantam em defesa desse projeto de êxito passageiro, falando da obrigação de todos em apoiar seus dons, ajudar na concretização desse plano, enfim, nenhuma objeção é colocada.
Mas, quando uma criança ou um adolescente revela seu plano de seguir a vida sacerdotal ou religiosa, parece que mil vozes se levantam para dizer que ele é muito novo, deve pensar melhor, é fogo de palha, deve amadurecer mais, precisa repensar esse projeto, e assim por diante.
Hoje, a tendência geral é adiar o ingresso em um seminário ou casa de formação religiosa para o final do 1º grau. Durante esse tempo, há todo um acompanhamento pessoal, cujo objetivo é discernir as reais motivações vocacionais. De fato, desse modo, o jovem ingressará mais consciente e continuará a cultivar um possível chamado de Deus. Mesmo assim, se descobrir que seu caminho não é aquele, poderá desistir do projeto e continuar a cultivar sua vocação cristã por meio de uma profissão.

Nunca é demais ressaltar que as melhores vocações se encontram na família cristã. Os lares verdadeiramente religiosos são o berço mais sagrado para o nascimento, o cultivo e o florescimento de autênticas vocações. Quando, pois, alguém se apresenta para seguir o caminho da vocação religiosa, deve-se primeiramente olhar para a família.
Se a árvore é boa, produzirá frutos bons, nos recorda a Sagrada Escritura (Mt 7,17). A pedagogia comprova a influência dos pais na educação de uma pessoa desde a mais tenra idade. A psicologia descobre em fases precoces a origem dos bons e maus hábitos, dos complexos, traumas e de toda a sorte de problemas que podem afligir a pessoa humana. Ninguém pode desprezar, portanto, o papel decisivo que exercem o pai e a mãe sobre a personalidade do futuro homem ou mulher.
Assim, também em relação à religião, os pais comunicam aos filhos seu amor e interesse pelas coisas de Deus. A presença e participação dos pais na vida da comunidade, nos sacramentos, o apreço pela pessoa do padre ou das irmãs religiosas, deixa marcas que dificilmente se apagarão do coração e da mente de seus filhos.
Muitos pais gostariam de oferecer um filho ou uma filha para o serviço da Igreja. Percebem, todavia, que Deus não os está privilegiando com este chamado. Nós não entendemos os planos de Deus. A missão insubstituível dos pais é educar seus filhos para serem bons cristãos. Tudo mais será acréscimo.
Quando, pois, se apresentar alguém na escola, nos encontros de catequese, com o desejo de ser padre, irmão religioso ou irmã religiosa, devemos primeiramente conhecer sua família. Se for uma família cristã, vale a pena ocupar mais tempo em seu acompanhamento, uma vez que as esperanças de verdadeira vocação são grandes. Caso contrário, se a família não é praticante, as chances de sucesso são muito reduzidas. Poupar-se-ia muito tempo não alimentando falsas expectativas para quem tem poucas “condições prévias” para cultivar uma possível vocação.
Já dizíamos acima que Deus escolhe também quem quer. Encontramos também vocações em famílias incompletas. São mais difíceis de ser cultivada. Superando os diversos problemas existentes, é possível encaminhar esses vocacionados, com grande possibilidade de perseverança. Também em nossa época, acontecem problemas familiares após o ingresso de um jovem no Seminário. Hoje são mais comuns os casos de desquite ou divórcio. Cada caso necessita de orientação adequada, para não decepcionar ou prejudicar alguém que vê desmoronando algo que lhe era tão sagrado.

 Pe. Antonio Luiz de Oliveira, osj.

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