A Igreja Católica utiliza hoje –
bem mais que outrora – os mass media para evangelizar e anunciar o evangelho.
Percebe-se que as missas, palestras, homilias, confissões, etc., que antes eram
realizadas em ambientes fixos, passaram a ter lugar garantido também nos media.
Na contemporaneidade, a Igreja
utiliza intensamente as redes de relacionamento (YouTube, Facebook, Twitter,
blogs) para evangelizar. Mas, quais serão os impactos da “abertura” do templo
para essa nova era, em que as pessoas deixam de ser meras receptoras,
tornando-se participantes do meio, produtoras de informação e de conhecimentos
e ocupantes de um lugar na mídia? A comunidade eclesial está conseguindo
evangelizar por meio da internet? Está surgindo novo modo de se fazer religião,
com o surgimento e fortalecimento do mundo digital?
Na contemporaneidade, está sendo
muito difícil conseguir escapar da tendência, cada vez maior, de se relacionar
virtualmente. Nos últimos anos, tem-se verificado o surgimento e fortalecimento
dos dispositivos tecnológicos e redes de relacionamento, como Orkut, Facebook e
Twitter, que, de certa forma, motivam ou pressionam as pessoas a estarem cada
vez mais “conectadas” no e para o mundo.
Até mesmo a religião já se
apropriou dessas novas formas de comunicar para divulgar seus conteúdos. Na
pós-modernidade, um novo espaço está sendo criado. Com a Igreja não seria
diferente. Nesse espaço, o real e o imaginário, o próximo e o distante, o
religioso e o profano ficam cada vez mais confusos e difíceis de serem
definidos. O ciberespaço move o indivíduo para essa nova realidade que vem modificando
o mundo e as maneiras como as pessoas se relacionam e pensam.
Neste sentido, um estudo sobre a
Igreja Católica e a evangelização na contemporaneidade, com o fortalecimento
das Novas Tecnologias da Comunicação – NTCs, mais precisamente, das redes de
relacionamento via a rede mundial de computadores, fez-se imprescindível, uma
vez que o assunto já está sendo há algum tempo uma das principais pautas dos
meios de comunicação religiosos. (Desde 2009, a questão vem sendo tema do Dia
Mundial das Comunicações Sociais.)
Durante a pesquisa, foram
distribuídos 600 questionários de múltipla escolha aos católicos de Belém do
Pará e Região Metropolitana, com o objetivo de descobrir se as pessoas
conheciam e acessavam o trabalho da Igreja na internet.
O estudo descobriu que muita
coisa ainda deve ser feita, no sentido de divulgação das redes online da Igreja
Católica. Descobriu-se que a instituição não sabe utilizar adequadamente as
mídias sociais na região, com uma divulgação ainda muito insuficiente, o que acarreta
na ausência ou no pequeno número de acesso das pessoas (independente da idade
ou da assiduidade com que ela vai à igreja, por exemplo) aos sítios e mídias
sociais católicas.
Os dados não mentem: 47% dos
entrevistados assinalaram serem católicos praticantes; 32% declararam ir de vez
em quando e os outros 21% disseram que não frequentam o templo. A maioria dos
entrevistados (82%) disse não pertencer a nenhum grupo ligado à Igreja.
A maioria absoluta dos
entrevistados (86%) afirmou que costuma acessar a internet, sendo que grande
parte deles (54%) acessa todos os dias; 28,71% afirmaram acessar de duas a
cinco vezes por semana e 16,48% acessam raramente. Com relação aos sítios com
conteúdo religioso, 11,79% afirmaram acessá-los sempre que usam a internet; outros
39,32% acessam às vezes e 48,89% nunca acessam sítios religiosos. 17,94% das
pessoas afirmam acessar esses sítios em busca de informações sobre missas,
santos, liturgia, cantos, velas, promessas, entre outros; 15,57% buscam
curiosidades; 10,66% buscam adquirir conhecimentos mais amplos e 7,61% buscam
por auxílio espiritual momentâneo.
Ainda sobre essas mídias atuais,
apenas 8,53% dos entrevistados disseram conhecer e participar do trabalho da
Igreja com relação aos meios digitais; 40,13% afirmaram que conhecem, mas não
participam e a maioria (51,34%) nem sabia que a Igreja utilizava esses
dispositivos de mídia.
Ou seja, percebe-se que há uma
deficiência muito grande ainda por parte da Igreja em divulgar seus conteúdos
online, uma vez que se pode prever que as pessoas mais engajadas na Igreja
conheçam e acessem mais os conteúdos católicos na rede mundial de computadores.
Porém, com os resultados da pesquisa, nota-se que a situação é bem diferente:
muitos católicos que frequentam a Igreja não conhecem ou, se conhecem, não
costumam ou nunca acessaram conteúdo religioso nas redes de relacionamento da
Igreja na internet.
Logo, o trabalho constatou que a
Igreja ainda não sabe utilizar de maneira eficaz a internet e as suas redes de
relacionamento virtual em Belém do Pará. Percebe-se que a instituição religiosa
quer, de qualquer forma, estar na internet e nas redes de relacionamento,
evangelizando também nesses meios. Só que, conforme analisado, ela não utiliza
estratégias eficazes de divulgação dos mesmos, para que as pessoas conheçam e
acessem as suas redes. O que confirma esta análise é o fato de que, dos
católicos entrevistados que se consideram praticantes, 50,18% conhecem as
mídias sociais da Igreja, mas não participam; 35,13% nem sabiam que existiam
essas mídias e apenas 14,70% conhecem e participam ou tem adicionada a Igreja
em alguma rede social.
Os dados se tornam ainda mais
interessantes quando analisados os resultados dos questionários das pessoas que
disseram ir de vez em quando ao templo. 67,20% delas desconhecem as mídias
sociais da igreja. E, das que não frequentam, 62,99% afirmam também não
conhecer o trabalho da Igreja Católica online.
Enfim, todas as 600 pessoas
fizeram com que o trabalho pudesse ser concluído com a certeza de que a Igreja
Católica Apostólica Romana ainda tem muito que caminhar para que seu trabalho
seja mais propagado no mundo digital. Ela deve fortalecer os trabalhos em
equipe e, não apenas refletir, o que já faz bastante, mas, também e
principalmente, começar a colocar planos de comunicação e de divulgação em
ação, para que, assim, as pessoas comecem a conhecer e a participar
frequentemente dos seus trabalhos, projetos, eventos e perfis na internet.
Talvez estejam faltando para a
Igreja Católica estratégias mais eficazes de comunicação e divulgação de suas
mídias. Além disso, a ausência de formação para a internet dos membros da
igreja pode, de fato, ocasionar no desinteresse das pessoas em querer acessar
as mídias virtuais da igreja, uma vez que, muitas vezes, o despreparo pode
ocasionar em textos longos, frases desinteressantes e conteúdo desapropriado
para publicação na rede. Fato que, por sua vez, pode trazer inúmeras
desvantagens para a instituição religiosa, tendo como resultando poucas
visitas, comentários, sugestões. Enfim, pouca participação. E ocasionar no que
o trabalho acabou de apontar: pouco conhecimento e acesso a conteúdos
religiosos online.
A mudança desse cenário é um
trabalho árduo, é verdade. Porém, se bem realizado, poderá trazer frutos
significativos e importantes para o trabalho pastoral da Igreja, que, cada vez
mais, terá fiéis (ou não) acessando, partilhando ou compartilhando, divulgando,
comentando, questionando, criticando, elogiando, indicando… seus trabalhos na
Web 2.0.
Por: Thamiris Magalhães de Sousa
Fonte: IHU
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