segunda-feira, 28 de outubro de 2013

QUARTA F. DA XXX ª SEMANA DO TEMPO COMUM.
“Esforçai-vos para entrar pela porta estreita” (Lc 13,22-30)

Será que o Ibope já existia no tempo de Jesus? A pergunta deste “alguém” (v.23) anônimo parece andar nesta direção. Desde sempre a humanidade esteve mais ligada ao exterior, ao rótulo, sem ir ao essencial: quantos, onde, como, quando... Jesus várias vezes foi abordado nesta direção. O Mestre, que está a caminho de Jerusalém, não responde com números, com a preocupação do exterior, mas, com a “qualidade” com o essencial da salvação. Pare Ele o mais importante era entrar pela porta estreita” (v. 24), ou seja, viver o discipulado no caminho da cruz. De fato, no evangelho segundo João, Jesus se apresenta como a porta das ovelhas: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo” (Jo 10,9). É por Jesus que se alcança a salvação. A humanidade inteira é destinatária da salvação de Deus em Jesus Cristo: “Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão parte à mesa do Reino de Deus” (v. 29).
Como viver este ideal de Cristo? Seguir Jesus Cristo implica também a cruz. Os bispos, na V Conferência disseram: “Hoje se considera escolher entre caminhos que conduzem à vida ou caminhos que conduzem à morte (cf. Dt 30.15). Caminhos de morte são os que levam a dilapidar os bens que recebemos de Deus através daqueles que nos precederam na fé. São caminhos que traçam uma cultura sem Deus e sem seus mandamentos ou inclusive contra Deus, animada pelos ídolos do poder, da riqueza e do prazer efêmero, a qual termina sendo uma cultura contra o ser humano e contra o bem dos povos latino-americanos. Os caminhos de vida verdadeira e plena para todos, caminhos de vida eterna, são aqueles abertos pela fé que conduzem à plenitude de vida que Cristo nos trouxe: com esta vida divina, também se desenvolve em plenitude a existência humana, em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural. Essa é a vida que Deus nos participa por seu amor gratuito, porque “é o amor que dá a vida”. Estes caminhos frutificam nos dons de verdade e de amor que nos foram dados em Cristo, na comunhão dos discípulos e missionários do Senhor” (DAp 13).
Aprofundando mais, podemos perceber que antes de tudo é importante frisar bem aquele fazei todo o esforço possível(v.24): evitar a todo custo o perfeccionismo e lembrar que somos limitados e Deus contenta-se com nosso esforço e com a nossa luta. Depois, devo perguntar-me concretamente: quais são estas portas estreitas que de verdade me fazem entrar na “casa-coração” de Jesus? Precisaremos sempre discernir, mas, normalmente são as mais difíceis. Pode ser uma cruz repentina, uma incompreensão, um problema econômico e familiar, uma doença, um imprevisto... São tantas as chances de entrar por esta porta cada dia! Temos que fazer toda a nossa parte para resolver e superar estas dificuldades, mas, quando não é possível, não resta que aceitar por amor, esta porta como  chance de salvação na fé. Pois, não vai valer um dia ter comido e bebido “diante” (v.26) de Jesus, mas sim, ter aceitado sua vontade com amor. E é bom saber que isto não será prerrogativa apenas nossa, pois, ”virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus” (v.29).
 Na primeira leitura de hoje (Rm 8,26-30) Paulo faz duas afirmações muito lindas: “o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis” (v. 26) e, Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus“ (v.28).  Estas certezas vêm a completar nossa reflexão, pois, mesmo com as cruzes da vida, com as portas estreitas difíceis de atravessar sabemos que estas nos fazem crescer na vida cristã e na santidade e que podemos contar com a assistência do Divino Espírito Santo. Então amigos\as coragem!

Cantinho de S. José
S. José passou, junto com Maria, por uma porta estreita e esta passagem durou toda sua vida. Seus projetos “comuns” a todo homem deste mundo se cruzaram com o Projeto de Deus sobre ele e teve que assumir uma paternidade e uma esponsalidade deveras especiais, para amar e defender Jesus. Viveu a sua “kénosis” pessoal, mas, sem aceitar as coisas com fatalidade ou com mero obedientismo, pois, tudo nele era fruto de discernimento, de coragem e de acolhida interior de Deus. A sua porta estreita o levou a viajar, a fugir, a enfrentar os poderosos, a buscar segurança para sua família, a viver no anonimato numa fé e que podemos chamar quase “impossível” humanamente, pois, o que ele via era um menino, um jovem comum diante de si, e nada mais! Com certeza a sua missão foi vivida com todo “o esforço possível”, deu tudo de si com as graças que recebeu de Deus. Soube perceber a presença de Deus em sua vida. Foi um “último” na sua pequenez humana, mas, se tornou, junto com Maria, “primeiro” no amor e na santidade. (Cfr. v. 30).


Padre Mário Guinzoni OSJ 

Nenhum comentário:

Postar um comentário