SAV - Oblatos de São José

Quarta f. da 31ª semana do tempo comum C

Amor e desapego

A primeira leitura de hoje (Rm 13,8-10) deixa o nosso coração em festa: “quem ama o próximo cumpriu a lei” (v.8) e “o amor é o perfeito cumprimento da lei” (v. 10). Paulo que antes da conversão era fariseu (At 23,6; 26,5) ao escrever estas frases mostra como Cristo tinha se tornado para ele a verdadeira LEI e o que contava agora para ele  era viver NO AMOR. De fato, continua o texto (v.9), os dez mandamentos e até os 613 mandamentos (que de acordo com o judaísmo constavam na Torá ou Lei de Moisés), se resumem numa palavra simples, eficaz, mas, muito comprometedora: O AMOR.

Tudo simples não é? É o que parece, mas, não é bem assim, quando nos deparamos com o Evangelho (Lc 14 25-33). Jesus fala para as multidões que o seguiam a caminho de Jerusalém: “se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe [...] não pode ser meu discípulo.” (v.26). Com certeza Jesus não queria iludir ninguém para um seguimento fácil e triunfalista e acrescenta: ”quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (v.27). e para ajudar a discernir, propõe dois exemplos: aquele do sujeito que quer construir uma torre e deve avaliar se tem fundos para tanto (v.28-29) e aquele do rei que para enfrentar o inimigo na guerra deve fazer as contas se possui armas e soldados suficientes. Claro que a nossa construção é outra, e nossa guerra também, e por isso, Jesus nos convida no v. 33 a “renunciar a tudo o que tem”. O segredo então é o DESAPEGO dos amores possessivos e até do amor egoístico  à nossa vida (v.26), e amar em primeiro lugar a Ele!

Onde encontrar uma coragem tamanha para enfrentar esta luta? Em Jesus:  Ele também teve que se desapegar dos amores humanos, deixar sua mãe, para anunciar a Boa Nova, lutar contra os inimigos do Reino, lutar contra sua humanidade!  Sozinhos, não vamos conseguir, mas, com sua graça, com seu Espírito, chegaremos lá onde Ele quer. E isto não somente uma vez, em alguns momentos, mas, durante toda a vida e com toda nossa “vida”.

Cantinho de S. José

José é chamado de Justo em Mateus 1,19, ou seja, homem cumpridor da Torá e da vontade de Deus, em cada circunstância da vida, numa adesão plena ao Projeto do Senhor. Vive uma vida centrada no serviço a Cristo e a Maria.  Deus pode de verdade contar com José mesmo se  sua vida, como a deles estiver em risco.

Podemos afirmar que José nos ensina, nos interpela com seus gestos proféticos:

Ø  o silêncio fecundo e precioso, que se abre a Deus sem por condições;

Ø  a busca e o discernimento sem ansiedade da vontade de Deus;

Ø  a coragem em aceitar missões até exigentes;

Ø  saber caminhar na escuridão na presença de Deus;

Ø  a liberdade de dizer sim na maturidade enfrentando tudo, colocando-se em sintonia com o projeto de Deus.

Para viver assim ele crê e discerne (cf Mt 1,20), se desapega de todos seu projetos humanos, e mergulha com seu sim silencioso, mas, eficaz, nos interesses de Jesus (Cf. Fl 2,21).É o que também afirma S. José Marello, fundador da Congregação dos Oblatos de S. José: “Cada um tome as próprias inspirações do seu modelo S. José, que foi o primeiro na terra a cuidar dos interesses de Jesus”.(L. 83).

E quem duvida que uma vida assim não foi um “perfeito cumprimento da lei”?  (Cf. Rm 13,10).

Padre Mário Guinzoni OSJ