QUARTA
F. DA 27ª SEMANA DO TEMPO COMUM.
“ENSINA-NOS
A REZAR” (Lc 11,1-4)
Já no Evangelho de
ontem, Jesus tinha falado da oração verdadeira na passagem de Marta e Maria (Lc
10,38-42) e hoje continua apresentando aquela que é a “sua oração”. O
testemunho orante de Cristo impressionou os discípulos que lhe pedem: “Ensina-nos a rezar” (v. 1). Creio que,
nós, discípulos de hoje, honestamente, temos que fazer o mesmo pedido. Somos
mendicantes do espírito e necessitamos da
oração como o ar que respiramos ou a comida que comemos. Somos e seremos
sempre, eternos aprendizes na arte da oração. Mas como fazer uma oração de
qualidade?
Eis que então, Jesus,
no Evangelho, ensina uma oração profunda, verdadeira, comprometedora. Ele vai
ao essencial, desce no coração da oração: O
PAI. Pai, e não um Deus qualquer,
longínquo, absoluto imperador das galáxias, mas um Deus perto, tão perto que
está dentro de nós, que tem tudo a ver com nossa vida, nossa história e a vida
de todos e do mundo. Jesus até usa a
expressão aramaica “Abbá” que quer
dizer “paizinho”, palavra quase irreverente para os hebreus, de fato, no AT só
14 vezes Deus é chamado de Pai. A primeira parte da oração mostra um Pai que é Santo e que, portanto, seu nome
(não o nosso!) deve ser santificado (v. 2), e cujo Reino (mais uma vez não o nosso!) deve vir certamente e
triunfar. Deus é Pai e Mãe amoroso, misericordioso (Salmo 85); sua bondade nos
surpreende todos os dias. Abra os olhos do coração e perceberá sua presença em sua vida a começar de
pequenas coisas que manifestam o seu amor.
Na
segunda parte do Pai Nosso muda o cenário: tudo é voltado para o “nós”! a)“O nosso pão de cada dia” (v. 3): lembra
o Êxodo quando o povo recebia o maná diariamente (Ex 16,35) e agora Jesus nos convida a um novo Êxodo de partilha e
lembra claro, a Eucaristia. b) “Perdoai
nosso pecados” (v.4): cada 50 anos
no ano jubilar havia o perdão de toda a dívida e agora Jesus instaura o ano da
graça jubilar, (Lv 25,8-55; Lc 4,19) mas agora Ele troca as dívidas pelos
nossos pecados. c) “Não nos deixeis cair em tentação” (v. 4): como no mesmo Êxodo
quando o povo queria voltar atrás (Ex 16,3; 17,3; Dt 9,6-12). O Pai é de todos,
para todos, com todos, em todos, e revela que quer um mundo de irmãos, de
justiça, de partilha, e de misericórdia. A misericórdia é o SONHO DO PAI”. Com
certeza, você já se surpreendeu alguma vez com a misericórdia de Deus em sua
vida!
Mas,
convenhamos, não é sempre fácil aceitar um Deus assim! Na primeira leitura, (Jn
4,1-11), por exemplo, o profeta Jonas prefere morrer (e pede isto ao Senhor)
por não aceitar a sua misericórdia até para com os inimigos e pagãos (Jn
4,1-3)! Hoje é bem possível que os Jonas pós-modernos que estão dentro de nós não
aceitem um Deus amor, não aceitem a partilha, a solidariedade, a fraternidade
que o Pai Nosso exige, por viverem no mundo do descartável (como nosso papa
Francisco repete muitas vezes) ou do narcisismo exasperado. Orar o Pai Nosso é
exigente e não aceita paliativos de comunidade, de família, de VR, de paróquia,
sociedade, mas requer comunidades verdadeiras e renovadas no amor.
Cantinho de S. José.
Nesta
quarta f dia dedicado a S. José, podemos perceber muito bem, nas entrelinhas,
que Jesus que viveu uma vida apostólica orante intensa e uma oração apostólica
profunda, com certeza, aprendeu isto na casa de Nazaré nos seus trinta anos de
“escondimento”. Maria e José foram seus mestres de oração. O Pai José era a
sombra e apontou para o PAI! E tudo indica que as aulas foram para lá de boas!
José mestre de vida interior e de oração nos ensine a fazer da vida uma oração.
Para
nos questionar e ligar com a nossa vida
É oração fraterna, aberta, missionária, ou
egoísta e voltada para meu umbigo?
É oração que muda minha vida ou a deixa
acomodada?
É oração e vida ou vida sem oração e oração
sem vida?
Padre Mário Guinzoni
OSJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário