quarta-feira, 9 de outubro de 2013

QUARTA F. DA 27ª SEMANA DO TEMPO COMUM.
“ENSINA-NOS A REZAR” (Lc 11,1-4)
Já no Evangelho de ontem, Jesus tinha falado da oração verdadeira na passagem de Marta e Maria (Lc 10,38-42) e hoje continua apresentando aquela que é a “sua oração”. O testemunho orante de Cristo impressionou os discípulos que lhe pedem: “Ensina-nos a rezar” (v. 1). Creio que, nós, discípulos de hoje, honestamente, temos que fazer o mesmo pedido. Somos mendicantes do espírito  e necessitamos da oração como o ar que respiramos ou a comida que comemos. Somos e seremos sempre, eternos aprendizes na arte da oração. Mas como fazer uma oração de qualidade?
Eis que então, Jesus, no Evangelho, ensina uma oração profunda, verdadeira, comprometedora. Ele vai ao essencial, desce no coração da oração: O PAI. Pai, e não um Deus qualquer, longínquo, absoluto imperador das galáxias, mas um Deus perto, tão perto que está dentro de nós, que tem tudo a ver com nossa vida, nossa história e a vida de todos e do mundo.  Jesus até usa a expressão aramaica “Abbá” que quer dizer “paizinho”, palavra quase irreverente para os hebreus, de fato, no AT só 14 vezes Deus é chamado de Pai. A primeira parte da oração mostra um Pai que é Santo e que, portanto, seu nome (não o nosso!) deve ser santificado (v. 2), e cujo Reino (mais uma vez não o nosso!) deve vir certamente e triunfar. Deus é Pai e Mãe amoroso, misericordioso (Salmo 85); sua bondade nos surpreende todos os dias. Abra os olhos do coração e perceberá  sua presença em sua vida a começar de pequenas coisas que manifestam o seu amor.
Na segunda parte do Pai Nosso muda o cenário: tudo é voltado para o “nós”! a)“O nosso pão de cada dia” (v. 3): lembra o Êxodo quando o povo recebia o maná diariamente (Ex 16,35) e agora Jesus  nos convida a um novo Êxodo de partilha e lembra claro, a Eucaristia. b) “Perdoai nosso pecados”  (v.4): cada 50 anos no ano jubilar havia o perdão de toda a dívida e agora Jesus instaura o ano da graça jubilar, (Lv 25,8-55; Lc 4,19) mas agora Ele troca as dívidas pelos nossos pecados.  c) “Não nos deixeis cair em tentação” (v. 4): como no mesmo Êxodo quando o povo queria voltar atrás (Ex 16,3; 17,3; Dt 9,6-12). O Pai é de todos, para todos, com todos, em todos, e revela que quer um mundo de irmãos, de justiça, de partilha, e de misericórdia. A misericórdia é o SONHO DO PAI”. Com certeza, você já se surpreendeu alguma vez com a misericórdia de Deus em sua vida!
Mas, convenhamos, não é sempre fácil aceitar um Deus assim! Na primeira leitura, (Jn 4,1-11), por exemplo, o profeta Jonas prefere morrer (e pede isto ao Senhor) por não aceitar a sua misericórdia até para com os inimigos e pagãos (Jn 4,1-3)! Hoje é bem possível que os Jonas pós-modernos que estão dentro de nós não aceitem um Deus amor, não aceitem a partilha, a solidariedade, a fraternidade que o Pai Nosso exige, por viverem no mundo do descartável (como nosso papa Francisco repete muitas vezes) ou do narcisismo exasperado. Orar o Pai Nosso é exigente e não aceita paliativos de comunidade, de família, de VR, de paróquia, sociedade, mas requer comunidades verdadeiras e renovadas no amor. 

Cantinho de S. José.
Nesta quarta f dia dedicado a S. José, podemos perceber muito bem, nas entrelinhas, que Jesus que viveu uma vida apostólica orante intensa e uma oração apostólica profunda, com certeza, aprendeu isto na casa de Nazaré nos seus trinta anos de “escondimento”. Maria e José foram seus mestres de oração. O Pai José era a sombra e apontou para o PAI! E tudo indica que as aulas foram para lá de boas! José mestre de vida interior e de oração nos ensine a fazer da vida uma oração.
Para nos questionar e ligar com a nossa vida
Como vivo minha oração: é busca de Deus ou mera ‘reza’?
É oração fraterna, aberta, missionária, ou egoísta e voltada para meu umbigo?
É oração que muda minha vida ou a deixa acomodada?
É oração e vida ou vida sem oração e oração sem vida?



Padre Mário Guinzoni OSJ

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