QUARTA
F. DA 28ª SEMANA DO TEMPO COMUM- C
“A
JUSTIÇA E O AMOR A DEUS” (Lc 11,42-46)
O texto de hoje se enquadra na perícope
maior de Lc 11,37-54, que é dividida em três dias. O texto de hoje corresponde
ao segundo dia. A perícope toda começa com o “entrar” (Lc 4,37) de Jesus na casa do fariseu e o “sair” dela (Lc 11,53). Entrar e sair são
verbos missionários de caminhada. Jesus convida os fariseus a abandonar uma
ideia limitada de salvação. Na cabeça dos fariseus e dos mestres da lei, de
fato, tinha uma ideia fixa: a salvação vinha pela lei, pelo cumprimento exato
de todas as disposições como aquelas referentes ao dízimo até da “da hortelã, da arruda e todas as ervas”
(v.42). Cumpriu a lei cumpriu tudo!
Só que Jesus não pensava assim! A salvação
missionária, para Ele, era obra da gratuidade de Deus, da sua misericórdia, da
aceitação da sua vontade, do coração cheio de fé: numa palavra, a “justiça
e o amor a Deus” (v.42). Não
rejeitava a lei em si, “deveríeis
praticar, isso, sem deixar de lado aquilo” (v.42), mas, olhava mais para o
essencial, o coração das pessoas, para o centro de tudo.
Jesus também percebe e constata que quem
vive a lei só exteriormente, acaba para incorrer em dois outros erros. O
primeiro é aquele de querer aparecer e se tornar pavão: “gostais do lugar de honra nas sinagogas e de serdes cumprimentados em
praça pública” (v, 43), e o segundo, aquele de colocar ”sobre os homens cargas insuportáveis” (v.46), salvo eles nem tocar
nelas.
Os fariseus e mestres da lei não acabaram
ainda! Estão bem vivos... e quem sabe no meu e seu coração! Intransigência nos
relacionamentos humanos, falta de misericórdia, não perdoar, querer aparecer e
trabalhar pelo nosso reino e não pelo REINO! Um fariseu pode abrigar-se numa
catequista, nos pais, nos padres e bispos, num consagrado (a) que prima para
viver a lei, mas, não se esforça para viver a LEI DO AMOR, para fazer a vontade
de Deus, para viver o amor ágape que é a santidade.
Um convite para ir ao essencial, aquele de
hoje, para uma conversão profunda e radical. Os santos conseguiram viver assim!
Hoje, também, a liturgia celebra a memória
de uma rainha e mãe de família e de uma consagrada: Santa Edwiges e santa
Margarida Maria Alacoque. Duas mulheres bem diferentes não só na época, mas,
sobretudo, no estilo e no jeito de viver a fé. Todavia, ambas imbuídas de muita
fé, coragem e amor. Edwiges passou por inúmeras tribulações familiares e
Margarida viveu a Cruz de Jesus na vida consagrada para depois se tornar a
“Apostola” do Sagrado Coração de Jesus. A dor se transformou em amor.
E é o amor, o sim à vontade do Pai, que
estava no centro do coração de Jesus. Sem o amor, seremos sempre, também nós, pouco
mais, pouco menos, fariseus! E aí Jesus poderá dizer também para nós: “Ai de vós fariseus” (v. 42).
CANTINHO
DE S. JOSÉ
José é o homem “justo” (Mt 1,19)
por excelência e é também o homem que vive o “amor a Deus” (Lc 11,42)
com total disponibilidade e atitude de serviço. Homem da lei, mas, aberto à lei
do amor que a encarnação de Jesus abriu para o mundo. Uma citação da RC de João
Paulo II, citando S. Tomás de Aquino, o atesta claramente: “A aparente tensão
entre a vida ativa e a vida contemplativa tem em José uma superação ideal,
possível para quem possui a perfeição da caridade. Atendo-nos à conhecida
distinção entre o amor da verdade e as exigências do amor, podemos dizer que
José fez a experiência quer do amor da
verdade, ou seja, do puro amor de contemplação da Verdade divina que
irradiava da humanidade de Cristo, quer das exigências do amor, ou seja, do amor igualmente puro do serviço,
requerido pela proteção e pelo desenvolvimento dessa mesma humanidade” (RC 27).
Aprendamos de S. José a viver o amor que é o verdadeiro caminho para Deus.
PERGUNTAS
A nossa fé é exterior ou
olha para o essencial que é o amor?
Padre Mário
Guinzoni OSJ
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