quarta-feira, 20 de novembro de 2013

QUARTA F. DA 33ª SEMANA DO TEMPO COMUM.

O texto Lc 19,11-28

A parábola do Evangelho de hoje era para corrigir o pensamento que na chegada de Jesus a Jerusalém o Reino de Deus aconteceria logo e seria iminente. Jesus fundiu, na verdade, duas parábolas distintas: aquelas das moedas de prata e do pretendente ao trono. Esta última seria tirada de um fato muito concreto, conhecido, do tempo em que Jesus era criança. Arquelau (23 a. C-18 d. C) filho de Herodes o Grande (73 a. C.1 a.C. ), depois da morte do pai foi para um “país distante”(v.12), ou seja em Roma para receber a investidura real pelo senado romano. Os Judeus enviaram também uma delegação para pedir que não fosse ele o escolhido para ser rei por ser muito cruel. O resultado foi que Arquelau voltou só com o título de etnarca e governou apenas sobre uma parte da Palestina, mas, se vingou de seus inimigos com um banho de sangue. Acabou sendo deposto pelos romanos pela sua crueldade dez anos mais tarde, pois, nem os romanos o aguentavam!


A parábola do rei que viajou para um lugar distante e deu as cem moedas de prata aos 10 servos tem um paralelismo com a parábola dos talentos (cf. Mt 25,14-30). Mas  de qual pessoa nobre está falando Jesus? Este rei que na sua volta mesmo rejeitado pelos seus concidadãos foi nomeado rei e pediu conta do dinheiro é claramente ele mesmo, Jesus. Está falando, de sua morte e ressurreição de sua realeza conquistada na cruz e rejeitada pelo povo. Jesus quer dizer claramente que o Reino de Jesus será inaugurado, mas, antes, haveria a revolta contra ele com a sua Paixão e cruz. O v. 27 fala da matança dos inimigos e de forma figurada  lembra o que mais tarde  se seguirá: a destruição de Jerusalém pelo imperador  Tito em 70 d. C.

O que o texto diz para nós

Hoje somos convidados a construir este Reino com os dons (moedas) que Deus nos deu. Poderíamos sonhar com uma Igreja um mundo em que cada um (a) faz frutificar os dons que recebeu para construir justiça, fraternidade, em outras palavras a globalização do amor. Deus para isto dá um tempo que é a nossa história, dentro da qual temos que viver. Este é tempo em que se decide o nosso futuro. O além se decide no “agora”, o futuro no presente. Do jeito que usamos e trabalhamos os dons, os talentos ou moedas que nos deu seremos reconhecidos por Ele: Ele respondeu: 'Eu vos digo: a todo aquele que já possui, será dado mais ainda; mas àquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem” (v.26). Não se trata de atitude mercantilista, mas de gratuidade seja do rei como dos empregados.
Granjeamos de Deus a confiança e por isso temos que lucrar em obras boas sem preguiça e com responsabilidade. Deus recompensará gratuitamente o que nos deu gratuitamente! O Reino de Deus é feito de amor e gratuidade e não no lema “quem tem mais chora menos!”

O cantinho de José

José viveu no tempo de Arquelau, o “homem nobre” (v.12) da parábola de Jesus. De fato, na volta do Egito, relata Mateus, “quando ficou sabendo que Arquelau reinava na Judéia, em lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Avisado em sonho, partiu para a região da Galileia, e foi morar numa cidade chamada Nazaré” (Mt 2,.22-23). Um misto de abandono em Deus e de responsabilidade e prudência. Este é o nosso José!
Ele recebeu de Deus muitas moedas de prata, mas, duas de forma especial: JESUS E MARIA! Estas para dizer a verdade eram de ouro!        E soube trabalhar estas moedas, no amor, no cuidado, no desvelo pela integridade, no trabalho numa vida de silêncio, amor e dedicação. Recebeu o “governo” (v.17) da cidade- da Sagrada Família, poderá alguém  duvidar que não foi recompensado por Deus?


Padre Mário Guinzoni OSJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário