QUARTA F. TERCEIRA SEMANA DE ADVENTO- A
Evangelho: Mt 1,18-24
O que diz o texto
Este
evangelho - que encontraremos também domingo próximo no quarto domingo de
Advento - é conhecido como a anunciação de José. Mateus escreve mais para o
mundo judaico acostumado às profecias do AT e é por isso que realça a figura de
José de Nazaré; o texto, porém, fala claramente também de Maria. A anunciação
de José é mais em consonância com as anunciações do AT que aconteciam ás vezes
em sonho, como no caso de José do Egito (Gn 37-50). Mas, é sempre Deus que
chama e se manifesta. O texto é uma catequese para mostrar a divindade de
Jesus, o Salvador (v.21), o Emanuel (v.23), - conforme as profecias- que nasce de Maria pelo ES e com o sim de
José.
Neste texto “Josefino” nós encontramos os quatro
títulos bíblicos de José:
a)“Filho de Davi” (v.20) indispensável para
dar a Jesus a descendência davídica e ser reconhecido como Messias. b)“José seu marido” (v.19- 20. 24): José é
claramente e repetidamente, também em Lucas, chamado esposo de Maria e Maria
esposa de José. c)Pai de Jesus: é o contexto todo que se move nesta direção,
pois, se Jesus nasce da esposa Maria, José, evidentemente, se torna pai dele.
Jesus nasceu ‘no’ casamento, ainda que não ‘do’ casamento. d)“Era justo” (v.19). Não é possível aqui
aprofundar o alcance deste título, apena dizer que ser justo na visão do AT não
era ser homem de lei, mas, homem de Deus, santo. A tudo isso,
acrescentamos o significado do nome José que é todo ele um programa de vida: em
hebraico, José, quer dizer filho que cresce rebento novo que cresce. Alguém
então aberto a Deus e às suas surpresas e não fechado no seu mundo egoísta. O
texto pode ser visto como uma maquete do discipulado de Jesus em Mateus. O que
se lê, sobretudo, nos capítulos 5-7 encontra em José a plena realização.
Seguir Jesus na imitação de S. José.
Como José sermos justos.
José foi justo
não porque foi “bonzinho” com Maria não denunciando-a, mas, porque percebeu que
a gravidez de Maria era algo de Deus: foi justo para com Deus, percebeu seus
sinais: aceitou a sua vontade! É este um convite claro a fazer uma escolha de Deus na nossa vida, a
“centralizar” a nossa vida em Cristo, para fazer tão somente a sua vontade. Não
tem santidade sem aceitação da vontade de Deus.
Como José acreditar e discernir.
Em nossas
vidas pessoais, comunitárias, e não somente nos grandes momentos de decisão,
precisamos muitas vezes discernir. Discernir: é distinguir, separar, julgar
entre certo e errado, usando os critérios da fé, da oração, da escuta, dos
sinais de Deus, da história, da orientação espiritual.
Como José sermos dóceis e obedientes.
O que faria
José neste trabalho a ser feito, neste irmão que devemos amar, neste problema
que temos que enfrentar nesta situação que devemos resolver, neste imprevisto
que devemos acolher, nesta decisão a tomar... Claro, que tudo isto exige um
treinamento, uma flexibilidade e generosidade que somente podem crescer também
em nós na fé e na oração.
Como José sermos corajosos.
Deus pode
pedir também para nós momentos heroicos em nossa vida, pela fé e pela causa do
Reino e devemos estar sempre prontos: grandes decisões, imprevistos, surpresas.
Mas é na fidelidade diária, a vida toda, que medimos nossa coragem. Nas grandes
coisas é mais fácil, às vezes, aparecer se mostrar, mas nas pequenas, ao
contrário, precisa a coragem da fidelidade, mesmo perante a incerteza, solidão
e erros. Os medos da vida podem ser superados, como para José com o amor a
Jesus.
Em resumo,
podemos afirmar que José nos interpela hoje com seus gestos proféticos: o silêncio
fecundo e precioso, que se abre a Deus sem por condições; a busca e o
discernimento sem ansiedade da vontade de Deus; a fidelidade e a justiça em
aceitar missões até exigentes, saber caminhar na escuridão na presença de Deus;
a coragem de dizer sim na liberdade e maturidade enfrentando tudo, colocando-se
em sintonia com a Palavra de Deus, para amar Jesus e Maria.
“O homem é o sobrenome de Deus: de fato, o Senhor
pega o nome de cada um de nós – quer sejamos santos quer pecadores – para fazer
dele o próprio sobrenome. Porque ao encarnar-se o Senhor fez história com a
humanidade: a sua alegria foi partilhar a sua vida conosco, e isto comove:
tanto amor, tanta ternura!”.
(Papa Francisco 17 \12\2013)
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